Distrito Federal registra o menor número de homicídios em 23 anos

Redução está longe do ideal - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

Nos primeiros cinco meses do ano, o DF registrou 121 crimes com morte. Na comparação com o mesmo período de 2021, que apresentou 149 casos, a redução é de 18,8%. Feminicídios, com seis ocorrências, tiveram queda de 50%

O Distrito Federal registrou, nos primeiros cinco meses deste ano, a menor quantidade de crimes violentos em 23 anos. De janeiro a maio, a capital do país testemunhou 121 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) — que incluem homicídios, feminicídioslatrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O número é o mais baixo desde 2000, quando houve 268 ocorrências desses tipos criminais. Na comparação com os primeiros cinco meses de 2021 (149), a redução é de 18,8%. Quanto aos homicídios, os dados de janeiro a maio de 2022 também foram os menores da série histórica — 111. Os dados, obtidos com exclusividade pelo Correio, são da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF).

A diminuição também foi percebida em relação à violência contra a mulher. No período, o DF amargou seis feminicídios, queda de 50% em relação ao mesmo intervalo de 2021 (12). O dado deste ano é o menor desde 2017, quando cinco mulheres perderam a vida em função do gênero (leia mais na página 14). Foram registrados, ainda, oito casos de latrocínio nos cinco primeiros meses de 2022 — um a menos do que no mesmo período do ano passado. Houve, também, reduções nas tentativas de homicídio, de 250 para 219 ocorrências (-12,4%); de latrocínio, de 88 para 41 (-53,4%); e de feminicídio, de 30 para 26 casos (-13,3%).

Aperfeiçoamento

Leonardo Sant’Anna, especialista em segurança pública, explica que a sensação de segurança da população não se reduz apenas pelo fato da diminuição. Segundo ele, as pessoas precisam perceber a diminuição das taxas da criminalidade na comunidade onde vive. Ao analisar a polêmica que envolve a instalação de câmeras em policiais, Sant’Anna observa que, apenas o fato de colocar o equipamento, não é capaz de reduzir os crimes. “O impacto disso (uso de câmeras) está no registro da agressividade no momento de descontrole, principalmente de quem vai ser abordado. E também para coletar a informação sobre como aquela ação da polícia ocorreu”, frisou.

A violência ainda persiste. O vigilante Paulo Sérgio da Silva, 49 anos, relembra, ainda apreensivo, do tiro que quase tirou a vida da filha mais velha, de 14 anos. A adolescente foi baleada dentro de casa em uma tentativa de assalto, no Riacho Fundo 2, em 18 de janeiro deste ano. A menina ficou internada por 31 dias em dois hospitais: no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e no de Base. Até hoje, ela tenta superar o trauma.

O crime ocorreu em plena luz do dia, por volta das 14h, e foi registrado por imagens do circuito interno de segurança. Como de costume, Paulo estacionou o carro do lado de fora e, à tarde, saiu para guardar o veículo na garagem, quando notou a presença de três homens suspeitos. Ainda quando estava do lado de fora da residência, o vigilante acabou surpreendido pelo trio.

Com a movimentação na área externa da casa, a filha de Paulo se assustou e, ao olhar pela janela da sala, viu o pai com a arma apontada para a cabeça no quintal. Assustada, a menina saiu na tentativa de salvar a vida de Paulo, quando levou um tiro no tórax. “Ela ficou um mês internada e, graças a Deus, não precisou passar por cirurgia”, conta.

Apesar de todo o susto e ainda receio de andar pelas ruas, Paulo procura registrar momentos especiais ao lado da filha, mas questiona a falta de segurança da cidade onde mora. “Ainda continuamos no Riacho Fundo 2. O certo seria ter mudado, mas as coisas não são tão simples. Seguimos vencendo um dia de cada vez, pois ainda é muito difícil circular ali com tranquilidade”, desabafa.

CB

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