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DF registra maior taxa de transmissão em 2021

Últimos boletins epidemiológicos apontam que índice pulou de 0,89, na quinta (25), para 1,08, na sexta (26). Número se mantém e emite sinal de alerta

O Governo do Distrito Federal segue monitorando o cenário da covid-19 em todo o território distrital para a tomada de medidas preventivas, como a restrição da circulação de pessoas nas ruas com o fechamento de parte do comércio local. As decisões se baseiam, principalmente, após análise técnica dos boletins epidemiológicos. Eles são produzidos a partir do cruzamento de dados da rede pública e privada de saúde. Na semana passada, um sinal de alerta foi dado: em 24 horas, foram registrados 1.068 novos casos. O que elevou o índice de transmissibilidade de 0,89, na quinta-feira (25); para 1,08, na sexta (26).

A sinalização fez o governo emitir novos decretos alterando a rotina nas 33 regiões administrativas. Medida, que espera-se refletir nos números de casos registrados da doença, nos 15 próximos dias.

“Independentemente do valor, é a variação e o aumento da taxa de transmissão do vírus que reflete nos leitos de UTI. Hoje, 70% das regiões administrativas já têm taxas de transmissão acima de 1 e as outras estão bem próximas disso. Apesar das restrições, as medidas ainda devem demorar uns 15 dias para surtirem efeito”Cássio Peterka, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde

Segundo o Boletim Técnico nº365, a reprodução da epidemia pode ser medida pelo índice de transmissibilidade (Rt), cujo valor deve ser inferior a 1. “Se R(t) for menor que 1, a epidemia tende a acabar, para R(t) maior que 1, a epidemia avança”, explica o texto emitido, às 17h desta terça-feira (2). O número desde sexta-feira passada (26) se mantém estável em 1,08. Diferente dos altos índices de março do ano passado, quando chegamos a registrar 3,10 e medidas mais severas foram tomadas.

A taxa alta de ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), que na semana passada chegou a 98%, também preocupa o GDF. Entre sexta-feira (26) e segunda-feira (1º/3), foram mobilizados 66 leitos de UTI e o índice também caiu para 90%. De acordo com o diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Cássio Peterka, a taxa de transmissão da covid-19 está aumentando nos últimos dias. “Independentemente do valor, é a variação e o aumento da taxa de transmissão do vírus que reflete nos leitos de UTI. Hoje, 70% das regiões administrativas já têm taxas de transmissão acima de 1 e as outras estão bem próximas disso. Apesar das restrições, as medidas ainda devem demorar uns 15 dias para surtirem efeito”, explica.

Peterka destaca que o reflexo das pessoas terem relaxado com relação às recomendações de não aglomerar, usar máscaras e álcool em gel e respeitar o distanciamento social reflete claramente na situação atual. Ele esclarece ainda que não é uma nova variante, que aumenta os casos, mas sim, o aumento de casos que podem resultar no surgimento de uma nova variante.

“As pessoas precisam entender que não podem abandonar as medidas de prevenção, pois elas são as mesmas desde o início da pandemia. É extremamente importante evitar aglomerações e manter os cuidados com a higiene, pois a imunidade pela vacina ainda deve demorar”, frisa.

Medidas necessárias

Diante dos indicadores, taxa de transmissão do vírus, número de ocupação de leitos e as aglomerações flagradas nos últimos dias, o Distrito Federal decidiu adotar medidas que são extremas, mas, no entanto, essenciais no atual cenário, conforme explica Joana D’Arc Gonçalves, infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A médica alerta que, até o momento, não se tem um tratamento eficaz contra a covid-19, e o que se tem é um conjunto de ações que ajudam a minimizar os danos associados ao vírus. As restrições determinadas pelo governo são para conter a circulação do vírus.

“É uma ação tomada em diferentes países quando se tem um risco e ritmo elevado de contágio, um potencial de propagação aumentado, que é o que estamos vivendo no Brasil e no DF. As restrições mais rígidas são medidas eficazes para diminuir de forma abrupta o número de infectados e o número de transmissores e, com isso, temos um respiro com relação aos serviços de saúde”, destaca.

Segundo Joana D’Arc, quanto mais infectados, mais pessoas com a doença podem ficar em estado grave. Enquanto os leitos de UTI estiverem ocupados, o risco de ter mais óbitos é sempre alto. A infectologista informa que, infelizmente, essa medida drástica é necessária por um período para reorganização do sistema de saúde, realocação dos pacientes graves e reestruturação temporária, pois é fundamental diminuir o número de casos expostos neste momento para evitar um colapso do sistema de saúde.

Vacinação

O papel da vacina no organismo é estimular a produção de anticorpos que são capazes de frear a infecção ou prevenir formas graves da doença. O imunizante também pode ajudar a evitar hospitalizações sem a pessoa passar pela história natural da doença, ou seja, todo o processo de infecção da covid-19.

“A gente precisa que as pessoas façam o distanciamento social, usem álcool em gel e máscara. Iremos vencer a doença, mas precisamos vacinar de 70% a 80% da população para promover esse equilíbrio e isso, infelizmente, ainda está distante. Então, este é o momento da consciência individual”Paulo Feitosa, chefe da unidade de Pneumologia do Hran

“A vacina também é essencial para frear a transmissão da doença, pois através da vacina vamos interromper o ciclo de transmissão e o ritmo de contágio será cada vez menor. Quanto mais pessoas vacinarem, menor a circulação viral. Para ter a imunidade de rebanho é necessário ter 80% da população vacinada. Ainda há um longo caminho a percorrer para termos essa imunidade de rebanho”, informa Joana D’Arc.

O chefe da Unidade de Pneumologia do Hran, Paulo Feitosa alerta que a covid-19 além de causar sequelas respiratórias, também atrapalha no controle das doenças respiratórias. Segundo ele, esse é um momento muito delicado em que há um aumento grande da doença e a sociedade precisa de muita consciência.

“A gente precisa que as pessoas façam o distanciamento social, usem álcool em gel e máscara. Iremos vencer a doença, mas precisamos vacinar de 70% a 80% da população para promover esse equilíbrio e isso, infelizmente, ainda está distante. Então, este é o momento da consciência individual”, alerta.

As medidas restritivas são necessárias por um período para reorganização do sistema de saúde, realocação dos pacientes graves e reestruturação temporária, evitando um colapso | Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Mobilização de leitos de UTI

A Secretaria de Saúde ampliou a oferta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) na última semana. O secretário adjunto de Assistência, Petrus Sanchez, destaca que o objetivo é ofertar o maior número de leitos possíveis para pacientes com covid-19. “Todos os 60 leitos do Hospital de Campanha de Ceilândia serão transformados em leitos de UTI. Além disso, ampliaremos os leitos de enfermaria do Hran para melhor atender os pacientes com Covid”, adianta Sanchez.

Fiscalização

As ações da Vigilância Sanitária, em parceria com outros órgãos como o DF Legal, tem papel fundamental na fiscalização do cumprimento das medidas impostas no Decreto Nº 41.849. Desde o início da pandemia, a Divisão de Vigilância Sanitária realiza diversas fiscalizações individuais e em conjunto com outros órgãos fiscalizadores.

Segundo levantamento divulgado pelo DF Legal, até o dia 21 de fevereiro, a força-tarefa já fiscalizou 544.420 estabelecimentos; 24.994 foram fechados compulsoriamente; 1.962 interditados; e 663 multados por desobediência às medidas preventivas.

“Desde outubro do ano passado muitas casas noturnas estão cheias. Muitas delas foram interditadas. Chegamos a desinterditar na promessa de que iriam cumprir as medidas de enfrentamento e o resultado foi aglomeração novamente. Infelizmente, desse jeito não dá”, afirma o diretor substituto da Vigilância Sanitária, André Godoy.

Segundo ele, a ajuda de outros órgãos fiscalizadores tem sido essencial. No entanto, o principal fiscal é o cidadão consciente. “Não se trata de não pegar: trata-se de respeito aos mais vulneráveis, de respeito aos trabalhadores dos serviços de saúde”.

*Com informações da Secretaria de Saúde/Agência Brasília

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