Brasília atingiu, nessa sexta-feira (2/7), a marca de 1.005.782 pessoas que receberam, ao menos, uma aplicação dos imunizantes contra a covid-19. Com a chegada de 32.760 doses, a campanha é ampliada. Neste sábado (3/7), começa o agendamento para quem tem a partir de 44 anos
Após cinco meses do início da vacinação contra a covid-19, o Distrito Federal atingiu, nessa sexta-feira (2/7), a marca de um milhão de pessoas imunizadas com, pelo menos, a primeira dose (D1). No total, 1.005.782 D1 foram aplicadas, marca que representa 33,47% da população total da capital federal — estimada em 3 milhões pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o Executivo local, há a expectativa de se avançar mais rapidamente nos próximos meses.
Nessa sexta-feira, um voo com 32.760 doses de vacinas da Pfizer chegou a Brasília para a primeira aplicação. Com isso, ampliação da campanha para o público de 44 anos na capital foi anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). O agendamento para esse grupo começa neste sábado (3/7), a partir das 9h.
Para a secretária-adjunta de Assistência à Saúde, Raquel Bevilaqua, a marca de um milhão é significativa, e os resultados são perceptíveis. “Atingimos muitos idosos e quase todo mundo dos primeiros grupos prioritários. Assim, vimos que, nos últimos meses, o perfil dos pacientes mudou. Os idosos, por exemplo, saíram das UTIs (unidades de terapia intensiva), graças, também, à imunização. Ou seja, vemos que tem um impacto bem positivo”, destaca.
Em retrospectiva, Raquel Bevilaqua considera que o DF aprimorou a forma de atendimento ao longo da campanha. “Sempre agimos de maneira muito planejada, mas tivemos alguns obstáculos. A ideia do agendamento, por exemplo, foi uma medida acertada para acabar com as filas de usuários, que chegaram a ser registradas no primeiro momento da vacinação”, diz. Para os próximos meses, ela adianta que o governo está otimista. “Temos a previsão de receber cerca de 250 mil doses para D2 em julho e, com certeza, nesse lote, virá doses para D1. Assim, esperamos avançar rapidamente nas faixas etárias”, completa.
De acordo com o último balanço da secretaria, das pessoas vacinadas com a D1, 344.171 receberam a D2 e 15.881, a Janssen, imunizante de dose única. Nessa sexta-feira, houve 14.349 atendimentos, sendo 13.942 para a primeira aplicação, 2.960 para o reforço e 117 de dose única.
Grupos
De acordo com o balanço do GDF, um dos grupos que mais vacinou com a D1 foi o de pessoas entre 46 e 59 anos, com 222.564 atendimentos. Antes, aparecem os idosos, com 60 anos ou mais, que somam 348.047. Abaixo dos dois, comorbidades — categoria com 193.086 aplicações. Em seguida, aparecem os trabalhadores da saúde, em que 158.617 receberam a primeira dose.
A oficial de Justiça Cirley Neiva, 53 anos, conseguiu se vacinar pela idade no DF. Ela recebeu a primeira dose da AstraZeneca em junho e conta que se sentiu aliviada. “Estava muito ansiosa, porque trabalho na rua e tinha muito medo de pegar a doença. A única salvação, no momento, é a vacina. Tanto para nos protegermos quanto para protegermos os demais, pois podemos ser vetores do vírus”, considera. Moradora do Lago Norte, ela afirma que tem amigos próximos que não veem a hora de serem contemplados pela campanha. “Estão só esperando chegar a vez deles”, completa.
O atual público-alvo, por idade, da campanha é composto por pessoas a partir de 46 anos. Na última quinta-feira, a Secretaria de Saúde disponibilizou 46,5 mil vagas para esse grupo agendar o atendimento. Basta acessar o site: vacina.saude.df.gov.br e escolher a data, o local e a hora da vacinação.
Apesar da marca de um milhão de vacinados com a D1, a infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Ana Helena Germoglio alerta para a importância da segunda dose a fim de completar a imunização. “A vacina é a única prevenção que temos. A intenção deve ser conseguir vacinar o maior número de pessoas em um curto espaço de tempo”, frisa. Para ela, não é o momento de relaxar ou pensar que a pandemia está sob controle.
A especialista destaca que a vacina é uma das frentes de prevenção, mas que, enquanto o novo coronavírus estiver em circulação, é preciso seguir as medidas sanitárias como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social. “Só podemos considerar as pessoas realmente imunizadas após a segunda dose e, mesmo quem tem as duas doses ou já teve covid, precisa continuar se cuidando e, principalmente, mantendo o distanciamento”, ressalta.
Validade vencida
Nessa sexta-feira, o jornal Folha de São Paulo divulgou dados do Ministério da Saúde que mostram que houve a aplicação de 26 mil doses da vacina AstraZeneca fora da validade no Brasil. Dessas, 77 foram administradas no DF, sendo 16 na UBS 3 do Gama; 13 na UBS 1 da Asa Sul; 12 na UBS 2 da Asa Norte; sete na UBS 7 do Gama; quatro na UBS 1 do Gama, na UBS 2 do Riacho Fundo 2 e na UBS 2 do Cruzeiro; três na UBS 5 do Gama e na UBS 2 de Sobradinho; duas na UBS 1 de Santa Maria; na UBS 5 de Ceilândia e na UBS 1 de Sobradinho; e uma dose nas seguintes unidades: Hospital Universitário de Brasília, UBS 1 de Taguatinga; UBS 7 de Ceilândia; UBS 1 de Brazlândia e na Policlínica do Lago Sul.
Procurada, a Secretaria de Saúde afirmou que nenhuma dose foi aplicada fora do prazo de validade na capital federal e informou que os dados podem ser um erro de quem atualiza o sistema. “Ocorre que nem sempre a vacina aplicada é registrada no sistema do Ministério da Saúde na mesma data em que foi administrada no paciente. Caso o digitador não altere essa data de aplicação na hora de fazer o registro no sistema, corre-se o risco de a vacina ser registrada como uma aplicação fora do prazo de validade”, defendeu, por meio de nota. A pasta garantiu que se atenta aos prazos de vencimento dos imunizantes.
Proteção contra cepas
A pandemia segue ativa, e é preciso ter cuidados, principalmente com o surgimento de novas cepas. De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado nessa sexta-feira pela Secretaria de Saúde, o DF registrou 620 novos casos e 12 mortes devido à covid-19, nas últimas 24 horas. No total, são 431.771 infecções confirmadas e 9.276 óbitos. A média móvel de casos está em 732, índice 18% menor do que o registrado há duas semanas. A mediana de mortes é de 14,8, o que representa uma queda de 18,8% em comparação à registrada 14 dias atrás. A taxa de transmissão do vírus segue em 0,90 — em que 100 infectados passam a doença para 90 pessoas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há quatro variantes preocupantes em circulação no mundo. Dessas, três circulam no DF: a Alfa (B 1.1.7), britânica; a Beta (B 1.351), africana; e a Gama (P1), brasileira. A única da lista que não teve nenhuma infecção confirmada na capital é a Delta. Até o momento, pesquisas de diversas partes do mundo indicam que as vacinas desenvolvidas funcionam contra as novas cepas.
Estudo da Public Health England, agência de saúde do Reino Unido, com mais de 14 mil casos, mostrou que a Pfizer e a AstraZeneca protegem contra a Delta e a Alfa. Outra avaliação feita pela Universidade de Oxford confirmou que a Pfizer e a AstraZeneca são eficazes contra a Delta. A mesma universidade afirmou, também, que a vacina de Oxford funciona contra a cepa africana. Além disso, a produtora da Janssen anúnciou, na última quinta-feira, que a vacina é eficaz contra a Delta.
Em relação aos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) voltadas para o tratamento da covid-19, a rede pública de saúde atuava, nessa sexta-feira, com 77,95% de ocupação. Dos 423 disponíveis, 43 estavam livres, 152 ocupados e 228 bloqueados aguardando liberação. Na rede privada, a ocupação era de 78,34%, sendo que, das 280 unidades, 170 estavam com pacientes, 49 vagas e 61 aguardando liberação. Na fila de espera, havia 13 pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus. (SS)
Fonte: CB