José Dirceu quer voltar ao parlamento

José Dirceu, ex-ministro de Lula, expressou sua intenção de possivelmente concorrer a deputado federal nas eleições de 2026. Mesmo tendo sido condenado no passado devido ao escândalo do mensalão e associado à operação Lava Jato, Dirceu enfatiza que a decisão de se candidatar será tomada em conjunto com o Partido dos Trabalhadores no segundo semestre do próximo ano.

Dirceu considera que seu retorno à Câmara dos Deputados seria uma questão de justiça, destacando que foi cassado sem provas concretas, elaboradas para excluí-lo da vida política e institucional do país. Ele menciona que a revisão de suas reportagens pelo Supremo Tribunal Federal em 2016, no caso do mensalão, seria um motivo para ser “anistiado” pelo parlamento.

Embora tenha inelegibilidade devido à Lei da Ficha Limpa, Dirceu está buscando anular suas condenações na Lava Jato por meio de uma petição apresentada ao STF no início do ano. Enquanto aguarda o estágio desse processo legal, Dirceu está gradualmente retomando suas atividades políticas, como sua participação em um evento no Senado em abril.

Em um evento recente, Dirceu também criticou o fundamentalismo religioso na política, alertando sobre o perigo de usar uma religião para ganhos políticos e de poder. Ele defendeu a luta contra essa prática e, durante o debate, afirmou que Lula tem buscado um governo de “centro-direita”, uma posição que tem gerado controvérsias dentro do Partido dos Trabalhadores.

Dirceu, que já teve condenações passadas, busca anular as condenações na Lava Jato a fim de eventualmente poder concorrer.

Relembre as condenações

No dia 1º de dezembro de 2005, José Dirceu teve o mandato cassado após ser apontado como o responsável por liderar o esquema de pagamento de propinas a parlamentares, o mensalão. O dinheiro ilegal era pago para que os congressistas apoiassem projetos do primeiro mandato do presidente Lula.

Em 2012, o STF condenou Dirceu a dez anos e dez meses de reclusão por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo mensalão. A manifestação do Ministério Público Federal (MPF) que originou a sentença considerou que o ex-deputado era o “chefe da quadrilha” responsável pelo esquema de compra de apoio político.

O nome de Dirceu também esteve envolvido nas investigações sobre desvios de recursos públicos de estatais. Em agosto de 2015, ele foi preso preventivamente pela Operação Lava Jato. No ano seguinte, o ex-juiz Sergio Moro condenou o ex-ministro a 23 anos e três meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O ex-deputado foi solto em novembro de 2019, após decisão da 1ª Vara de Execuções Penais de Curitiba. Outra decisão favorável a Dirceu ocorreu em fevereiro do ano passado, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu a pena de Dirceu no petrolão para quatro anos e sete meses em regime aberto.

Em 2016, Dirceu foi beneficiado por decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, que anulou a condenação do petista pelo escândalo do mensalão. Ele tenta agora anular as condenações na Lava Jato para ter o caminho livre a uma eventual candidatura nas eleições de 2026.

Com informações do ESTADAO