O ministério de Anielle cometeu mais um absurdo pedindo que ciganos, quilombolas e terreiros sejam priorizados nas ações de ajuda no RS
O Ministério da Igualdade Racial, comandado por Anielle Franco (foto), solicitou ao Ministério do Desenvolvimento Social que as famílias ciganas, quilombolas e de terreiros sejam priorizadas na distribuição de alimentos durante as ações emergenciais no estado do Rio Grande do Sul, afetado por fortes chuvas.
Paula Balduíno, diretora responsável pelas políticas de quilombolas e ciganos no ministério, disse à Folha de S. Paulo que desde o último final de semana, a pasta vem empreendendo esforços para identificar as famílias impactadas. Porém, ela ressalta a dificuldade desse trabalho de levantamento de informações, uma vez que algumas cidades ficaram sem energia, tornando algumas lideranças incomunicáveis.
E os que perderam familiares?
Paula reportou ao jornal paulistano que o ministério tem recebido vídeos e áudios de ciganos relatando os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo ela, é angustiante ouvir relatos como o de um senhor que perdeu o guarda-roupa da sua netinha.
Não podemos esquecer que 203,8 mil pessoas estão fora de suas casas, a maioria delas perdeu tudo. Pior que isso são as famílias de pelo menos 90 mortos e também as famílias das 132 pessoas desaparecidas, tudo o que está acontecendo no Rio Grande do Sul é angustiante para todos, não só quilombolas e ciganos estão precisando de ajuda.
O Ministério da “Desigualdade” Racial
Paula afirmou que outras necessidades estão sendo mapeadas, incluindo a possibilidade de resgate de alguma família. A diretora também chama a atenção para as dificuldades logísticas em alcançar essas famílias.
“A princípio, teremos que elaborar uma estratégia para transportar esses alimentos de helicóptero para muitas dessas famílias. Portanto, uma parte da nossa equipe está totalmente dedicada a realizar esse levantamento e trabalhar em conjunto com os demais órgãos na construção dessa logística“, destaca Paula.
As palavras de Paula fazem sentido, mas se forem direcionadas a todos os gaúchos que foram atingidos pela tragédia e que neste momento estão desabrigados, ilhados, sem alimento e nem onde dormir.
Mais uma vez o Ministério da Igualdade Racial demonstrou acreditar que as raças não sejam realmente iguais.
O Antagonista entrou em contato com o Ministério da Igualdade Racial para saber qual o motivo do pedido de prioridade para os ciganos, quilombolas e terreiros, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
Preconceito no ministério de Anielle
Em setembro do ano passado, o Ministério da Igualdade Racial anunciou a exoneração de Marcelle Decothé, chefe da Assessoria Especial da pasta comandada por Anielle Franco.
Assim como Anielle, Decothé —também flamenguista— viajou a São Paulo em avião da FAB e assistiu no Morumbi à final da Copa do Brasil, em que o Flamengo foi derrotado pelo São Paulo. A ministra alegou ter viajado para o lançamento de uma ação contra o racismo e se disse vítima de “violência de raça”.
Nas suas redes sociais, a assessora de Anielle foi preconceituosa com a torcida do São Paulo, que chamou de “torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade…”, e com os paulistas (“pior tudo de pauliste”), sempre usando a chamada linguagem neutra. As postagens provocaram uma enxurrada de críticas, vindas inclusive de apoiadores de Lula.
Na nota, o Ministério da Igualdade Racial escreveu que “reafirma seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado”.
“De acordo com esses princípios, e para evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional, informamos que Marcelle Decothé da Silva foi exonerada do cargo de Chefe da Assessoria Especial deste Ministério na data de hoje”, prossegue o comunicado.
Anielle Franco contra o “racismo ambiental” no Rio
Em janeiro, Anielle comentou sobre os impactos das fortes chuvas no Rio de Janeiro e afirmou que “as iminentes tragédias” nos municípios fluminenses são fruto do que ela chamou de “racismo ambiental”.
“Estou acompanhando os efeitos da chuva de ontem nos municípios do Rio e o estado de alerta com as iminentes tragédias, fruto também dos efeitos do racismo ambiental e climático”, escreveu no X, antigo Twitter.
“Algumas prefeituras do estado já estão mobilizadas”, acrescentou.
Anielle Franco não detalhou as relações do que ela chamou de “racismo ambiental” ou “racismo climático” com as chuvas no Rio de Janeiro.
Não foi a primeira vez que a ministra da Igualdade Racial provocou reações nas redes sociais por identificar conotação racista em assuntos aleatórios. Em novembro de 2023, por exemplo, ela promoveu uma mobilização contra a expressão “buraco negro”. De acordo com ela, o termo é racista.
Durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC, a ministra falava da importância de professores e políticos antirracistas e citou expressões que disse serem ofensivas a pessoas negras.
“Isso vai desde você fazer uma fala que agrida e que, às vezes, você nem percebe. Hoje existem muitas palavras que a gente tem tentado muito, sempre que a gente pode, comunicar de maneira bem tranquila: essa palavra é racista”, disse na ocasião.
“Por exemplo, denegrir é uma palavra que o movimento negro e as pessoas que têm letramento racial não usam, de forma nenhuma. Ou, por exemplo, saímos desse buraco negro, a gente escuta muito isso.”
A expressão buraco negro, no entanto, é um termo científico usado para definir a região do espaço em que o campo gravitacional não possui partículas ou radiação eletromagnética. Em outras palavras, não tem luz e, portanto, é escuro.
O Antagonista