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A lição do advogado do Google ao STF sobre censura e democracia

Sustentação oral de Eduardo de Mendonça viraliza nas redes sociais, enquanto Moraes e Toffoli buscam formas de puni-las

Cresce na internet a repercussão do vídeo com a sustentação oral feita na quarta-feira, 27, pelo advogado Eduardo de Mendonça, que representa o Google no Supremo Tribunal Federal, em julgamento de duas ações que tratam da responsabilidade civil das plataformas por conteúdos de terceiros e da possibilidade de remoção de conteúdos ofensivos ou que incitem ódio a partir de notificação extrajudicial, ou seja, sem determinação judicial.

Enquanto Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, os ministros responsáveis pela censura à Crusoé em 2019, continuam em busca de maior poder para editar o debate público conforme suas convivências, Eduardo de Mendonça deu a eles uma lição democrática basilar.

“A censura sempre começa com bons propósitos. Não só a censura. O cerceamento à liberdade de expressão sempre começa com bons propósitos, mas ele, invariavelmente, degenera. Porque a censura é intrinsecamente aristocrática. Ela parte da premissa de que as pessoas não são capazes de olhar por si, e que precisam de alguém que diga a elas, ou esconda delas, aquilo que elas não são capazes assimilar.

Segundo Moraes, “o dia 8 de janeiro [de 2023] demonstrou a total falência do sistema de autorregulação de todas as redes, de todas as big techs”.

Todos se recordam aqui, a festa da Selma. Selma, mulher de um dos generais investigados. Depois, no dia, a Praça dos Três Poderes invadida, o Supremo sendo destruído, o Palácio do Planalto, as pessoas fazendo vídeo, postando nas redes sociais, chamando gente para destruir, e as redes sociais não retiraram nada. Por quê? Like em cima de like, sistema de negócio, monetização”, justificou o ministro.

O empenho nunca será suficiente, enquanto as redes não se limitarem à cobertura chapa-branca de emissoras de TV e rádio que recebem fortunas em verbas de publicidade federal e/ou que são comandadas por empresários amigos dos ministros, como aquela onde Gilmar Mendes comenta até o pacote fiscal do governo Lula.

Segundo Toffoli, “as redes sociais se alimentam, sim, de inverdades, de estímulo ao ódio, de estímulo a todo o tipo de situação ilícita, porque, infelizmente, a maioria das pessoas torcem nos filmes pelo bandido, e não pelo mocinho”.

Ainda que fosse verdade essa “pesquisa” do “DataToffoli”, é melhor torcer pelo bandido em filmes que aliviar a barra de criminosos, inclusive confessos, na vida real, como vem fazendo o “amigo do amigo do meu pai” no STF.

Como Toffoli chamou de “mentiras” as verdades de Crusoé a seu respeito, bem como pediu investigação sobre “a calúnia, a difamação, a injúria” e os “ataques” supostamente cometidos por um procurador que apenas descreveu na raiz a articulação de ministros do STF para melar a Lava Jato, sua autoridade moral para definir “inverdades” é nula, que dirá o “ódio”.

“Aquilo que dá like nas redes sociais não é a verdade, não são as boas ações, não são as redes de ajuda. Infelizmente, o que dá like, impulsionamento e mais marketing e publicidade e mais ganho, e, ao fim e ao cabo, é business, é de dinheiro que se trata. Não há interesses outros que não o lucro”, acrescentou Toffoli, resgatando a velha retórica anticapitalista do PT.

Enquanto esposas de ministros do STF se tornam advogadas de empresários aliviados de multas bilionárias por eles próprios, as mentes iluminadas da Corte querem impor à sociedade brasileira o que elas consideram “boas ações”, notadamente alheias a interesses mesquinhos.

O advogado do Google tem razão. Isso é o resgate do autoritarismo e da intolerância que existem desde antes da internet, jamais a democracia que o Supremo jura defender.

O Antagonista

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