Pesquisa Genial/Quaest com agentes do mercado financeiro aponta reprovação de 90% após anúncio atrapalhado do pacote de corte de gastos
Subiu de 64% para 90% a reprovação do governo Lula entre agentes do mercado financeiro desde março, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4. Esse é o mesmo índice de janeiro de 2023, quando começou o governo.
Segundo os números do instituto, Lula chegou a convencer 20% do mercado em julho de 2023, em seu melhor desempenho na pesquisa, mas o número não passa de 3% agora, próximo do zero do início do seu mandato.
A avaliação regular, que chegou a 41% em setembro de 2023, agora está em 7%.
Credibilidade
“A pesquisa reflete a reação do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado por Haddad na semana passada. Na avaliação dos agentes do mercado, o arcabouço fiscal tem pouca (42%) ou nenhuma credibilidade (58%)”, analisou Felipe Nunes, diretor da Quaest.
O dólar bateu recorde de alta no fechamento por quatro dias seguidos e ultrapassou o valor de 6 reais pela primeira vez na história após Haddad anunciar e detalhar os planos do governo. A moeda americana fechou em queda na terça-feira, 3, mas ainda acima de 6 reais.
Para 37%, deles o arcabouço fiscal aprovado pelo governo Lula só é sustentável até 2025. Outros 34% imaginam que as regras só funcionem até 2026. “Dai em diante, a expectativa da maioria é que o arcabouço não consiga mais se manter”, disse Nunes em comentário publicado no X.
Resultado: a política econômica está na direção errada para 96% dos entrevistados — eram 71% em março. Além disso, 88% deles acham que a economia vai piorar nos próximos 12 meses, e, para 71%, o governo não está preocupado com o equilíbrio fiscal.
Os agentes do mercado também sentem que caiu a capacidade do governo para aprovar sua agenda no Congresso Nacional, cujo desempenho também passou a ser visto como muito ruim: 41% avaliam como negativa a atuação dos parlamentares; em novembro de 2023, 45% achavam positiva, e apenas 17%, negativa.
“Uma boa hipótese para essa piora na avaliação do Congresso é que o mercado acredita que a isenção do IR deve ser aprovada, mas a tributação de grandes fortunas e os dividendos não. Ou seja, o Congresso não parece mais ser visto pelo mercado como o ator fiscalista do país”, analisou Nunes.
A pesquisa também confirmou o aumento da expectativa sobre a próxima elevação da taxa básica de juros. Para 66% do mercado, o aumento será de 0,75 pontos percentuais na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em dezembro.
“Projetando no tempo, 78% dos agentes do mercado acreditam que ao final deste ciclo a taxa de juros vai estar acima de 13,25, sendo que a expectativa para 34% deles é que a taxa esteja acima dos 14 pontos”, disse Nunes.
Com informações O Antagonista