Senador Giordano pegou mais de R$ 5 mil em reembolsos após 13 dias em Ubatuba. Político rebate que tem mandato econômico
Um famoso bar pé na areia, localizado na praia da Almada, em Ubatuba (SP), tem entre os pratos da casa um camarão na moranga cuja farta porção para quatro pessoas custa R$ 468. O valor está em uma das notas fiscais apresentadas para reembolso pelo senador Alexandre Giordano (MDB), em uma série de despesas feitas na virada de 2024 para 2025, entre os dias 27 de dezembro e 9 de janeiro. A conta total da viagem de 13 dias do parlamentar saiu por R$ 5,1 mil.
No dia 3 de janeiro, às 16h02, o tal bar à beira-mar serviu não só uma, mas duas porções do prato, além de lula à dorê, batatas fritas, água e refrigerante, totalizando R$ 1.189. Poucas horas depois, por volta das 19h, outro restaurante vendeu 11 esfirras, sete quibes, cinco sucos naturais, uma cerveja e uma caipirinha de cachaça — fechando a conta em R$ 369 — para Giordano.
A sequência de refeições pagas com verba pública durante período de recesso parlamentar incluiu outros pratos sofisticados, como o cambucu de estrelas (R$ 313), acompanhado de palmito assado (R$ 70), além de sushis e peixes, como o abadejo.
Entre as despesas, houve também gastos com gasolina e até supermercado. No dia 28 de dezembro, uma nota fiscal registrou a compra de pão de forma, pão francês e iogurte, totalizando R$ 103. Já os abastecimentos somaram R$ 1,7 mil, distribuídos em cinco notas.
Por regra, bebidas alcoólicas não podem ser custeadas com dinheiro público. O restante, no entanto, foi incluído na prestação de contas do senador ao Senado.
Questionado, Giordano não explicou que tipo de atividade parlamentar realizou na virada do ano em Ubatuba.
Senador diz que tem mandato econômico
Giordano afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “sua atividade se destaca como uma das mais econômicas do Senado Federal”.
“Ao longo do seu mandato, o senador Giordano figura como o senador paulista que menos utilizou cota de recursos parlamentares nos últimos anos. Logo, reiteramos que todas a prestação de contas apresentadas estão perfeitamente de acordo com as normas impostas pelo Senado Federal”, afirmou.
Giordano assumiu o mandato no Senado por São Paulo em 31 de março de 2021. Empresário da zona norte da capital, ele era suplente do senador Major Olimpo (PSL), morto naquele ano em decorrência da Covid-19.
Gastos acima da média com combustível e alimentação
Embora Giordano não esteja na lista dos mandatos mais caros do Senado, as despesas dele com alimentação e combustível estão acima da média da Casa. No ano passado, o parlamentar gastou R$ 299 mil, sendo que 75% foi com esse tipo de gasto. A média entre os colegas é de 24%.
Em 2024, o Metrópoles mostrou que em 12 meses ele havia gasto R$ 145,4 mil da cota parlamentar para abastecer quase 25 mil litros de combustível em postos de gasolina de São Paulo, volume suficiente para dar cinco voltas na Terra ou cruzar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, 45 vezes.
As contas apontam que os valores foram gastos em 21 postos de gasolina diferentes. A maior parte, R$ 69 mil, foi no Auto Posto Mirante, na zona norte de São Paulo, base eleitoral de Giordano. Já R$ 66 mil foram pagos ao Auto Posto Irmãos Miguel, estabelecimento da cidade de Morungaba, distante cerca de 480 quilômetros da capital.
Com informações Metropoles.com