Dois perigosos criminosos, revelaram em seus históricos de prisões, que foram beneficiados por audiências de custódia. Wanderson, preso neste sábado, e Lázaro, morto pela polícia em junho desse ano
A prisão de Wanderson Protácio considerado como o “novo Lázaro”, ocorrida ontem (04), após ter sido convencido por um casal de fazendeiros de Gameleira (Goiás), a se entregar à polícia, voltou a reacender o debate sobre a frouxidão do sistema judicial brasileiro; das fragilidades do sistema prisional e das audiências de custódia.
A única forma encontrada pela polícia de Goiás, que fez Lázaro Barbosa, o assassino em série, parar, após 20 dias de fuga, com mais de 300 policiais em seu encalço, foi o desfecho de sua morte, com mais de 40 tiros, segundo constatação anunciada pelo próprio Instituto Médico Legal (IML).
A história e morte de Lázaro, ocorrida em junho desse ano, que ganhou repercussão no Brasil e no mundo, bem como a prisão de Wanderson Protácio, ocorrida neste sábado, revela a face do frágil sistema da justiça criminal brasileira, encarregada de aplicar a lei, a ordem e proteger os direitos civis dos cidadãos, em especial o direito à segurança.
A história e morte de Lázaro
A folha de crimes praticados por Lázaro Barbosa, iniciada em 2007, teve como primeira mancha a prática de um duplo homicídio em Barra dos Mendes, na Bahia.
Lázaro foi preso em fragrante, segundo a Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais, mas fugiu após 10 dias de prisão.
Chegada a Brasília
Ao chegar em Brasília, em 2009, o bandido foi preso no presídio da Papuda, pela prática de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo.
Já naquela época, um laudo psicológico feito na penitenciaria do DF, o descreveu como “psicopata imprevisível” e de comportamento agressivo.
Em liberdade
Mesmo assim, a justiça criminal converteu a prisão do então assassino em série, para regime semiaberto em 2014. Ou seja: deu um salvo-conduto para a fuga.
Somente em 2018, Lázaro voltou a ser preso em Águas Lindas de Goiás, em cumprimento de três mandados de prisão por homicídio qualificado, porte ilegal de arma de fogo, roubo e estupro.
No entanto, não durou nem 30 dias para que ele fugisse da frágil cadeia de Águas Lindas.
Em 2020, ele invadiu uma chácara em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e golpeou um idoso com um machado.
Foi indiciado pelos crimes de roubo mediante restrição da liberdade das vítimas e emprego de arma branca e por tentativa de latrocínio, mas liberado pela audiência de custódia.
Estupro
Nas ruas Lázaro invadiu em abril desse ano, uma casa no Sol Nascente (DF), quando trancou pai e filho no quarto e levou a mulher para um matagal e a estuprou.
No mês seguinte, Lazaro fez uma família refém na mesma região, ameaçando os moradores com faca e arma de fogo.
Nesse crime, ele mandou as pessoas ficarem nuas e, das 19h até meia-noite, prendeu os homens no quarto e as mulheres tiveram que cozinhar e servir um jantar para ele.
Assassinatos
No início de junho desse ano, Lázaro invadiu uma chácara no Incra 9, em Ceilândia (DF), onde matou a tiros e a facadas um casal e dois filhos.
Roubou uma chácara em Ceilândia após o assassinato da família e fugiu para Cocalzinho.
Daí por diante se embrenhou no mato e fez com que o sistema de segurança pública do Estado de Goiás organizasse a maior força-tarefa de sua história para prender um criminoso.
As operações, que envolveram mais de 300 homens das forças de Segurança, incluindo Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal custou aos cofres do Estado mais de R$ 10 milhões. O desfecho foi a morte do bandido.
A história de Wanderson Protácio
O caseiro Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, pode chegar em uma folha criminal bem mais robusta do que a de Lazáro, caso seja beneficiado pela frouxidão do Poder Judiciário.
Ele se entregou à polícia no sábado, após sete dias de buscas pelas forças policiais na região do município de Gameleira de Goiás.
Réu confesso
Wanderson confessou crimes nos estados de Goiás, Minas Gerais e Maranhão, conforme informações prestadas pelo secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda.
No domingo (28), ele assassinou a facadas a companheira Raniere Aranha Figueiró, 19. Ela estava grávida de quatro meses.
Assassinou uma criança
Wanderson também matou com a mesma faca a garotinha de dois anos, Geysa Aranha Rocha de Souza e matou com um tiro na cabeça o fazendeiro Roberto Clemente de Matos de 73 anos.
Na lista de crimes cometidos por Wanderson, estão: feminicídio, tentativa de feminicídio, homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte), aborto e furto. Ele confessou tudo com frieza e tranquilidade.
Lista de crimes
São mais de dez crimes na folha corrida, o que faz ser um bandido não menos perigoso que o próprio Lázaro a quem foi comparado como o “novo”.
Um criminoso do porte de Wanderson, jamais poderia ser colocado em liberdade pela justiça, após ter aplicado vários golpes de faca em uma jovem de 18 anos em Goianápolis em 2018.
Em Minas Gerais, ele, acompanhado de dois adolescentes, mataram a facadas um taxista para roubar. Foi preso e em seguida ganhou a liberdade.
Polícia prende, justiça solta
As audiências de custódia consistem na apresentação do preso em flagrante diante do juiz para que ele decida a manutenção ou não da prisão.
O método foi implementado em 2015 por ação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
No entanto, em levantamento realizados, presos perigosos como Wanderson e como ocorreu com Lázaro Barbosa, tem sido beneficiados com a liberdade mesmo tendo praticados crimes violentos.
Fonte: Por Toni Duarte – RADARDF
