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Setembro Amarelo: campanha contra suicídio alerta para importância da ação de amigos e familiares

Tema deste ano é ‘Criando esperança por meio da ação’. Psiquiatra ouvido pelo G1 explica que primeiro passo é saber onde buscar ajuda; Centro de Valorização da Vida, pelo telefone 188, e CAPs são canais disponíveis.

“Criando esperança por meio da ação” é o tema do Setembro Amarelo deste ano – mês dedicado à valorização da vida e de prevenção ao suicídio. A campanha alerta que agir de maneira correta nas situações em que pessoas demonstrem interesse no autoextermínio pode salvá-las.

O G1 conversou com um psiquiatra e com uma voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV) e separou tópicos sobre as medidas que podem ser tomadas para ajudar pessoas que estão em risco.

Para o médico Anibal Okamoto, do Instituto Meraki de Saúde Mental de Brasília, procurar ajuda pelo meio adequado também é uma forma de conscientizar a população (leia entrevista mais abaixo).

“No caso de uma crise, por exemplo, as pessoas devem saber quem podem acionar, seja um pronto-socorro ou o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, explica.

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é celebrado em 10 de setembro. No Brasil, o “Setembro Amarelo” é promovido pelo CVV, da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina.

Segundo a porta-voz da entidade, Leila Herédia, “todos podem contribuir para ajudar um amigo, colega de trabalho, professor ou familiar”.

“Existe a possibilidade de acolher quem está precisando”, afirma.

Para a voluntária do CVV, o tema da campanha deste ano é importante para alertar sobre a importância de ajudar o próximo. “Às vezes, a pessoa se encontra em situação de tamanha vulnerabilidade, que ela não consegue tomar ação”, disse.

“Nossa proposta é de respeito e de acolhimento. É necessário entender que, o que a pessoa está querendo matar, é a dor dela, que é insuportável”, comentou.

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Leila defende que o problema é de saúde pública e que informações sobre o tema devem ser compartilhadas de forma responsável. Este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a campanha do Setembro Amarelo provida pelo CVV será virtual.

Médico psiquiatra do DF, Anibal Okamoto — Foto: Arquivo pessoal

Leia a entrevista

G1 – Como agir em casos de pessoas que demonstram intenção de cometer suicídio?

Psiquiatra Anibal Okamoto – A maior parte das pessoas que verbalizam intenção de tirar a própria vida, de fato, tem chance alta de fazer isso. Às vezes, temos a impressão de que quem fala, não faz, mas não é bem assim. Pessoas que tentam ou cometem suicídio podem ter alguma doença preexistente, como a depressão.

Quando ela verbaliza isso, o ideal é sugerir a procura de um psicológico para fazer uma avaliação. De fato, assim é possível notar se tem algum problema e indicar o tratamento adequado, diminuindo a mortalidade.

“Porém, há a questão do estigma relacionado ao tratamento psiquiátrico. O primeiro passo, caso a pessoa seja resistente, é falar sobre o assunto, no sentido de conscientização. É um trabalho de formiguinha, mas um tratamento adequado é muito importante.”

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G1 – É possível identificar sinais?

Anibal Okamoto – Para ter uma tentativa [de suicídio], na maior parte dos casos, há alguma doença antes, como depressão, ansiedade, alcoolismo ou dependência química. Geralmente, isso é a base e se torna um agravante.

Há alguns sinais de risco, como verbalizar a intenção de tirar a própria vida ou histórico de tentativas. Além disso, há outros, como cartas de despedida e mudanças de humor.

Por exemplo, se a pessoa estava muito ansiosa ou apreensiva e, depois, ficar muito tranquila, pode indicar que ela já decidiu que vai tentar contra a própria vida. O ideal é observar, notar se a pessoa está se isolando e muito triste, além de conversar a respeito.

G1 – Há medidas de prevenção ao suicídio?

Anibal Okamoto – Quando a gente fala de prevenção, isso pode ser em vários níveis. Por exemplo, em um debate nacional, é necessário regular a venda de venenos e armas. A ideia é afastar meios letais das pessoas e falar sobre questões como o adoecimento mental. São ações que podem ajudar.

“A gente tem que lembrar que pessoas que tentam suicídio já estão adoecidas e não estão recebendo tratamento e diagnóstico. Por isso, é necessário o reconhecimento das doenças. Além disso, em casos de tentativa, também é necessário que existam medidas de reabilitação, para que não seja repetida.”

Agora, em níveis menores, uma maneira de ajudar, hoje, é monitorar as redes sociais. Avaliar palavras que as pessoas usam e ficar atento.

“Se vir alguém falando muito sobre morte, de tirar a própria vida ou auto lesão, já é um sinal de alerta. Isso também é prevenção.”

Imagem de mulher sentada à janela — Foto: Divulgação / Pixabay

G1 – Qual tipo de abordagem se deve ter com esse tema?

Anibal Okamoto – Esse é um ponto fundamental. Esse tema [suicídio] tem que ser tratado com muito cuidado, evitando falar de casos e métodos específicos e, às vezes, até locais. O enfoque importante é no sentido do problema, da prevenção, das causas, das possíveis formas de conseguir ajuda e apoio.

É importante cuidar da forma que se fala sobre suicídio. O que acontece é que se a gente divulga um caso, de como foi e com fotos, aumenta a chance das pessoas fazerem uma coisa assim. É como se fosse um manual.

G1 – Há algum público com maiores índices de suicídio?

Anibal Okamoto – Em relação ao gênero, há estatísticas que mostram que os homens são o maior número de vítimas. Por exemplo, lembro que, em 2013, de 11 mil casos, 9 mil eram do público masculino.

As mulheres, no entanto, são as que mais tentam, porém, com meios menos letais. Em relação à idade, ocorre muito entre adolescentes entre 15 e 19 anos, além de jovens adultos.

“A população idosa está entre os casos mais consumados. Eles fazem menos tentativas, porém, planejam bem mais e conseguem concretizar.”

Os motivos que levam determinado grupo a tentar e conseguir mais, ainda está em aberto. Podem estar relacionadas a questões culturais. Por exemplo, homens são mais resistentes a tratamentos de saúde e lidam com o problema do machismo. Porém, podem haver influências biológicas, mas tudo ainda é estudado.

Casos no DF

De janeiro a agosto deste ano, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que 39 casos de suicídios foram registrados na capital. Segundo a pasta, “a maioria dos óbitos foi registrada em ambiente domiciliar”.

Ao todo, mais de 8% das vítimas são homens. A maioria dos casos, segundo a pasta, são de pessoas entre 20 e 34 anos.

No ano passado, a pasta computou 130 óbitos. A secretaria disse que houve redução de registros em março, durante o início da pandemia de Covid-19 em Brasília. Porém, o número voltou a subir.

“Em setembro houve aumento da demanda e notou-se agravamento dos casos com aumento significativo nas demandas relacionadas a depressão, ansiedade e tentativas de suicídio”, informou a Secretaria de Saúde.

Precisa de ajuda?

O ideal é sempre procurar ajuda de um profissional habilitado. O Ministério da Saúde divulga os seguintes canais:

CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).

UPA 24h, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais

Centro de Valorização da Vida – telefone 188 (ligação gratuita). O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip, 24 horas por dia, todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre a ligação gratuita.

Fonte: G1-DF

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