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Hospital de campanha integrará grupo de pesquisa internacional

Unidade do Mané Garrincha compõe seleto grupo de seis centros médicos brasileiros que participarão de estudos clínicos multicêntricos

Contratado pela Secretaria de Saúde, o Hospital de Campanha do Mané Garrincha é palco para uma série de pesquisas para avaliar possíveis medicamentos que sejam mais eficazes no combate ao coronavírus. Ao todo, a unidade participará de dez estudos clínicos multicêntricos internacionais para o tratamento da Covid-19, incluindo testagem de vacinas. A pesquisa já está em andamento, pois já recebeu aprovação dos conselhos de ética em pesquisa.

Mais de 1,5 mil altas hospitalares já foram alcançadas na unidade

Para este primeiro projeto foram selecionados seis hospitais no Brasil. Ao todo serão oito países participantes – Brasil, EUA, Bélgica, Egito, Ucrânia, Moldova, Romênia e África do Sul. A oportunidade de integrar o seleto grupo pode ser traduzida em números: como a Agência Brasília mostrou em 7 de setembro, há cerca de dez dias a unidade do Mané Garrincha já havia conquistado a marca de mais de 1,5 mil altas hospitalares.

“Iniciamos tudo pelo Hospital Regional de Taguatinga há cerca de dois meses, selecionando pacientes com infecção por Covid-19 de leve a moderada. Quando vimos que os pacientes eram direcionados para outros hospitais – e isso dificultava o seu seguimento pelo estudo – fomos em busca de parceria com o hospital de campanha para conseguirmos mais pacientes, e que estes não fossem transferidos para outro hospital”, explica a infectologista e pesquisadora principal, Heloisa Ravagnani.

“Somente centros médicos respeitados e de excelência técnica são qualificados para atuar em estudos clínicos. Estamos honrados e felizes com a parceria técnico-científica, que só foi possível devido à excelência do hospital”, Anna Ribeiro, diretora-executiva da Chronos Pesquisa Clínica

Os estudos clínicos são a chave para o desenvolvimento de novos métodos para tratar a Covid-19 e, assim, mitigar o impacto da pandemia. Por meio de estudos clínicos, pesquisadores podem determinar se novos tratamentos são seguros, eficazes e efetivos.

“No primeiro estudo ativo no Hospital Mané Garrincha atuaremos como coordenador nacional. Somente centros médicos respeitados e de excelência técnica são qualificados para atuar em estudos clínicos. Estamos honrados e felizes com a parceria técnico-científica, que só foi possível devido à excelência física, processual e estrutural do hospital. E da adesão da Secretaria de Saúde, que não mediu esforços em nos apoiar de forma rápida e desburocratizada, fazendo com que o paciente seja tratado como prioridade”, informa a diretora-executiva da Chronos Pesquisa Clínica, Anna Ribeiro – empresa que faz, no Brasil, uma espécie de intercâmbio entre as indústrias farmacêuticas e os hospitais.

Heloisa Ravagnani: “Quando vimos que pacientes eram direcionados para outros hospitais, fomos em busca de parceria com o hospital de campanha para conseguirmos mais pacientes” | Foto: Agência Saúde

As pesquisas seguem tempos diferentes entre elas. Em geral, para os estudos sobre Covid-19, a duração delas gira em torno de dois meses, incluindo neste período o seguimento dos pacientes. Após a alta, o acompanhamento é domiciliar.

Após as aprovações éticas nacionais e internacionais o paciente será convidado a participar do estudo. Em seguida será aplicado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com todas as informações sobre sua participação.

Após a confirmação, o voluntário passará por exames de monitoramento, procedimentos, coleta de sangue, entrevistas, avaliação médica e de enfermagem. Depois receberá o medicamento em testes e seguirá monitorado de acordo com o projeto ao qual ele foi alocado. Todos os exames e avaliações serão 100% gratuitos.

Segurança

Pesquisas envolvendo seres humanos devem ser submetidas à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e conduzidas de acordo com as Boas Práticas Clínicas (BPC). Tais precauções asseguram a proteção de direitos, integridade e confidencialidade dos participantes da pesquisa, bem como a credibilidade e a precisão de dados e resultados relatados.

O participante é sempre uma prioridade. Ele é protegido e resguardado pelo processo de consentimento livre e esclarecido, um documento que esclarece ao paciente sobre todo o processo da pesquisa. Somente após ler e consentir sua participação o paciente será considerado um participante do estudo.

Quase 2 mil pacientes de Covi-19 já receberam alta do hospital | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

No transcorrer do estudo há um monitoramento dos dados clínicos e de segurança por meio de unidades do Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança Internacionais, CEP, Conep e Anvisa. Além disso os profissionais de saúde envolvidos na pesquisa clínica estarão disponíveis integralmente ao paciente, que terá um acesso direto ao médico 24 horas por dia.

Custos da pesquisa

Os custos relacionados ao tratamento em um ensaio clínico são cobertos pelo patrocinador do estudo (indústria farmacêutica), por exemplo: medicamento em estudo; exames de laboratório realizados exclusivamente para fins de investigação; radiografias e outros exames de imagem aplicáveis; e consultas médicas extras, que não seriam feitas no tratamento padrão. Tais visitas extras podem adicionar custos de transporte e alimentação a ser cobertos pelo patrocinador.

Seleção

O Hospital de Campanha do Mané Garrincha passou por uma série de avaliações prévias que o qualificaram para ser um hospital apto a atuar entre os mais renomados centros de pesquisa do mundo. Dentre estes diferenciais destaca-se o engajamento da direção do hospital; equipamentos adequados para condução do estudo; corpo clínico de altíssima qualidade; e processos técnicos e administrativos bem definidos. Além do mais importante: é um centro de referência para o tratamento exclusivo de pacientes acometidos pela Covid-19.

A parceria entre a Secretaria de Saúde, o Hospital de Campanha do Mané Garrincha e a Chronos Pesquisa Clínica tornou possível a participação de Brasília como importante centro no cenário nacional e internacional para tratamento do coronavírus.

“Só seria possível conduzir este volume de projetos aliando a vontade política da Secretaria de Saúde em beneficiar a população do DF, a excelente estrutura do Hospital de Campanha do Mané Garrincha e a experiência da Chronos Pesquisa Clínica na captação e na condução de estudos clínicos”, conclui Anna.

* Com informações da Secretaria de Saúde

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