Imunizante da AstraZeneca volta a ser empregado após agência europeia garantir que é seguro. Autoridade francesa recomenda apenas para maiores de 55 anos. Suécia, Noruega e Dinamarca aguardam mais análises
Alemanha, França, Itália e vários outros países da União Europeia (UE) anunciaram nesta quinta-feira (18/03) que vão retomar o uso da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford depois que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou o imunizante “seguro e eficiente”.
A Alemanha vai retomar a administração do inoculante nesta sexta-feira, de acordo com o ministro da Saúde, Jens Spahn. A vacina, entretanto, será aplicada juntamente com novos conselhos sobre potenciais efeitos colaterais.
“O objetivo comum do governo federal e de todos os 16 estados é que as vacinações com a AstraZeneca comecem amanhã”, disse Spahn nesta quinta. A Alemanha havia suspendido a vacina por precaução, e Spahn prometera tomar uma decisão sobre a vacina após a orientação da EMA.
“A análise da EMA confirmou a ação que tomamos”, continuou Spahn. “Foi correto suspender as vacinações por precaução até que o acúmulo de casos com esse tipo muito raro de trombose pudesse ser analisado.”
O anúncio da EMA ocorreu após uma ampla análise sobre a possibilidade do surgimento de coágulos sanguíneos em vacinados. A diretora-executiva da agência, Emer Cooke, disse que o comitê que examinou o medicamento chegou a uma “conclusão científica clara”.
“Esta é uma vacina segura e eficiente. É benéfica em proteger pessoas da covid-19 e dos riscos associados de morte e hospitalização, e supera os possíveis riscos.”
Nos últimos dias, autoridades em diversos países relataram o surgimento de coágulos em pessoas vacinadas com o imunizante, o que levou vários governos europeus a suspender a aplicação da vacina. A medida gerou críticas de especialistas e resultou em atrasos nas campanhas de imunização no continente, que já enfrentavam dificuldades.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, agendou para ser vacinado com o imunizante da AstraZeneca nesta sexta-feira numa ação para tentar aumentar a confiança da população na vacina. “A vacina da AstraZeneca contra covid-19 é eficaz, conforme destacado pelo regulador europeu. Ela só tem efeitos colaterais relativamente raros”, disse Castex.
Nesta sexta, a autoridade sanitária da França deu luz verde para a retomada “sem demora” da vacinação com o imunizante da AstraZeneca, mas recomendou aplicá-la apenas em pessoas com 55 anos ou mais. A autoridade apontou como razão para a recomendação relatos de coágulos sanguíneos em pessoas mais jovens após a vacinação.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, também disse que as vacinações da AstraZeneca serão retomadas nesta sexta-feira, acrescentando que “a prioridade do governo é realizar o maior número possível de vacinações no menor tempo possível”.
A Espanha reintroduzirá a vacinação com o inoculante da AstraZeneca na quarta-feira, mas excluirá alguns grupos demográficos para minimizar os riscos à saúde.
A Lituânia também retoma o uso da AstraZeneca nesta sexta-feira, de acordo com o ministro da Saúde, Arunas Dulkys. Para dissipar resistências entre a população, ele será vacinado em público com o inoculante, juntamente com o presidente, primeiro-ministro e presidente do Parlamento da Lituânia na segunda-feira.
Bulgária, Chipre, Letônia, Holanda, Portugal e Eslovênia também vão retomar o uso da vacina.
Noruega, Suécia e Dinamarca aguardam
Já Noruega e Suécia decidiram manter a suspensão da vacina da AstraZeneca até seus órgãos nacionais de saúde pública avaliarem a situação.
“A vacinação com a AstraZeneca permanecerá suspensa até que tenhamos uma visão completa da situação”, disse a diretora do Instituto Norueguês de Saúde Pública, Camilla Stoltenberg. Ela afirmou ser “prematuro” chegar a uma conclusão final sobre a vacina. A Suécia disse que “precisa de alguns dias” antes de tomar uma decisão sobre o imunizante.
A Dinamarca manterá a suspensão da vacina da AstraZeneca e decidirá sobre seu uso futuro na próxima semana, após mais investigações, disse nesta sexta-feira o chefe da agência de saúde do país.
md/lf (DW, DPA, AFP)