Depois de Hugo Motta dar “piti” e dizer que o projeto de anistia não está acima de outros projetos mais importantes, a oposição resolveu chiar e dar seu grito de autonomia. Se vai ser ouvida é outra história
Hoje (24), a oposição de araque, mandou um recado endereçado a Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, de que pretende endurecer o jogo caso o Projeto de Anistia, que já tem assinaturas necessárias para ser colocado em Regime de Urgência, não seja pautado.
As táticas a serem utilizadas serão as de obstrução para travar as votações em plenário até que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro seja colocada em debate.
O recado partiu do deputado Zucco (PL-RS), líder oposicionista do governo atual, que falou em alto e bom tom: “Vamos sair da obstrução somente quando tivermos a data marcada para a anistia”, afirmou.
Mas na verdade ninguém acredita nessa força da oposição perante o governo Lula. Mesmo que a obstrução impeça o andamento de projetos de interesse de Lula, a direita está enfraquecida, com discursos fracos e práticas absolutamente zero. Falam demais e não produzem nada.
No entanto, o deputado fez uma ressalva. A obstrução não será aplicada aos temas em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que tratam da possível cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) e da suspensão do processo judicial contra Alexandre Ramagem (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Há uma decisão da bancada do PL em relação à cassação do deputado Glauber. Sou líder de uma bancada, e ela é favorável à cassação. Portanto, se hoje houver a queima do pedido de vista na CCJ, daremos quórum e não vamos obstruir, caso o recurso do deputado Glauber vá a julgamento na próxima terça-feira. Política é via de mão dupla, e estamos articulando tudo o que for possível. Não haverá obstrução do PL hoje na CCJ”, explicou Sóstenes.
Motta, presidente da Câmara, declarou que, por ora, o projeto de urgência para análise da anistia não será levado ao plenário. A posição de Motta foi divulgada previamente pela CNN. “Líderes que representam mais de 400 parlamentares decidiram que o tema não deve entrar na pauta da próxima semana”, afirmou após encontro com outros líderes.
Verdade ou não, Motta já demonstrou de que lado está e, ao que parece, jamais vai colocar em pauta algo contra esse governo de Lula. Como que um projeto que envolve centenas de vidas que estão com privação de liberdade não pode ser prioridade justamente na “Casa do Povo”?
Motta até tentou amenizar dizendo que o projeto pode voltar a ser tratado mais adiante, mas se depender de sua vontade, não agora: “Isso não significa que deixaremos de dialogar”, disse o presidente da Câmara.
E agora José? Parece “conversa pra boi dormir”…
**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília
