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Tensão com PMs cria “cenário para estado de sítio”, alerta pesquisador

Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima diz que deputados bolsonaristas insuflam fissura democrática

morte de um soldado em surto da PM baiana por colegas que passaram horas tentando desarmá-lo no Farol da Barra, em Salvador, no domingo (28/3) joga o país num “cenário delicadíssimo”, que já está sendo usado por políticos e influenciadores bolsonaristas para semear o caos. O alerta é de um dos maiores especialistas no tema, o pesquisador Renato Sérgio de Lima, que preside o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e dá aulas na FGV em São Paulo.

O soldado Wesley Soares, lotado na 72º Companhia Independente de Polícia Militar de Itacaré, no sul da Bahia, chegou armado de fuzil e com o rosto pintado para um ato político num dos principais pontos turísticos da capital baiana na tarde de domingo. Ele foi alvejado depois de horas de negociação, quando atirou com o fuzil contra os colegas.

“É muito grave a tentativa de transformar um episódio dos mais complexos na atividade policial, o atendimento de ocorrência envolvendo pessoa armada em surto psicótico, em rinha de briga eleitoral”, afirma Lima ao Metrópoles.

“Eu tenho alertado para os riscos que o bolsonarismo nas PM traz para o país faz mais de um ano. E o episódio desta madrugada mostra que os controles são precários e qualquer erro de cálculo pode jogar o país no caos, o cenário perfeito sugerido pelo presidente para a decretação de estado de sítio”, complementa o pesquisador, que acusa alguns dos mais destacados políticos bolsonaristas de ajudar a semear o pior cenário.

“A meu ver, os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e Carla Zambelli [todos do PSL] estão tentando aumentar as fissuras que os dois anos de gestão Bolsonaro já provocaram no jogo democrático, e uma hora a represa rompe”, afirma Renato Sérgio de Lima.

Ainda segundo o pesquisador, os influenciadores bolsonaristas se aproveitam politicamente de uma tensão que existe nas polícias.

“[O governo da] Bahia entrou com uma ação para que o STF declare inconstitucional da lei que acabou com as prisões disciplinares sob a alegação do militarismo. Os policiais militares são maltratados pelo governo de Rui Costa [PT] faz anos. A Bahia é o cenário perfeito para os bolsonaristas partirem para cima”, avalia ele.

Os parlamentares citados e outros influenciadores bolsonaristas estão agindo para ligar a ocorrência na Bahia a reclamações sobre os prefeitos e governadores que têm decretado medidas mais profundas para evitar aglomerações e o avanço do coronavírus.

No domingo, após a ocorrência, um grupo de PMs protestou em frente ao hospital para onde o soldado foi levado para passar por cirurgia – ele não resistiu. Nesta segunda (29/3) policiais militares realizam outro ato, agora no Farol da Barra.

*Matéria completa – Metropoles.com

VÍDEO: PM “SURTA”, ATIRA PARA O ALTO E É BALEADO POR COLEGAS NA BAHIA

Com farda e o rosto pintado de verde e amarelo, o homem grita palavras de ordem entre os disparos. Segundo governo, estava em “surto”

Arquivo Pessoal

Um policial militar invadiu o gramado em frente ao Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador, na Bahia, e disparou pelo menos uma dezena de tiros para o alto, na tarde deste domingo (28/3). Com o rosto pintado de verde e amarelo, enquanto efetuava os disparos, ele gritava palavras de ordem.

O agente, chamado Wesley, pertence à 72º Companhia Independente de Polícia Militar de Itacaré, no sul do estado. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o soldado apresentou “um surto psicótico”.

O homem estava armado com um fuzil e uma pistola, e provocou pânico entre os moradores da região.

O policial foi baleado por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Ele foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado ao Hospital Geral do Estado. O estado de saúde dele não foi divulgado.

Assista ao vídeo:

Metropoles.com

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