Consórcio Catedral passa a operar o terminal pelos próximos 20 anos; primeiros anos do novo modelo de gestão prevê a manutenção dos serviços essenciais, como a implantação de infraestrutura dos estacionamentos e do sistema operacional do complexo
A Rodoviária do Plano Piloto iniciou uma nova fase com a entrada em operação da concessão à iniciativa privada. A Catedral, empresa vencedora do processo licitatório conduzido pelo Governo do Distrito Federal (GDF), assumiu a gestão do complexo no último domingo (1º). Considerado o principal ponto de integração do transporte público da capital, a Rodoviária vai receber R$ 120 milhões de investimentos na recuperação, modernização e conservação de suas estruturas.
A concessão foi formalizada com base na Lei Distrital nº 7.358/2023, após passar pelo crivo da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), do Tribunal de Contas do DF (TCDF), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (Conplan).
A partir de agora, o Consórcio Catedral passa a ser responsável pela administração, manutenção, segurança e limpeza de todo o complexo, além da execução de obras de modernização e acessibilidade. Entre as primeiras ações da empresa, estão a reativação das 12 escadas rolantes e elevadores, que agora contam com manutenção permanente e equipe técnica de plantão para garantir o funcionamento contínuo dos aparelhos.
“O primeiro avanço foi colocar os equipamentos à disposição da sociedade. Hoje, temos uma equipe 24 horas para atuar caso apresente alguma falha”, destacou o secretário de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal, Zeno Gonçalves. Segundo ele, o modelo de concessão assegura investimentos privados e arrecadação para os cofres do DF.
“O investimento de R$ 120 milhões pode chegar a R$ 150 milhões. Eles vão fazer toda a reforma estrutural da rodoviária e isso desonera o governo, porque a gente deixa de fazer a aplicação desse dinheiro e ainda recebe 12,33% de toda receita auferida pelo consórcio. Cabe a nós, da Semob, cobrar, fiscalizar e obter ainda o resultado dessa outorga que virá para a receita do DF”, acrescentou Zeno Gonçalves.
Além da manutenção nos equipamentos, o contrato estabelece a obrigatoriedade de investimentos em diversas frentes, como a construção de uma nova plataforma de BRT; a modernização completa da infraestrutura; a requalificação de edificações; a implantação de sistemas operacionais; e o reforço na segurança e na manutenção.
“O total de investimentos é de R$ 120 milhões, mas esse valor deve se atualizar e chegar a até R$ 150 milhões. Algumas obrigações são de curto prazo, até três anos, e outras até seis anos. E nós, do governo, iremos fiscalizar a execução de cada etapa. Para isso, teremos também uma certificadora independente acompanhando a concessão”, acrescentou Zeno.
Já os ambulantes que vendem itens no interior da Rodoviária foram deslocados temporariamente para o estacionamento ao lado do Conjunto Nacional. Um grupo de trabalho do GDF avalia novas áreas definitivas para a instalação desses trabalhadores.
A concessão não resultará em aumento de tarifas para o cidadão. O valor da passagem no transporte público não sofrerá alteração em decorrência do novo modelo de gestão.
Mudanças visíveis
Para quem passa diariamente pela rodoviária, as mudanças já começam a ser sentidas. O estudante Miguel Guimarães, de 20 anos, elogiou o funcionamento dos elevadores e escadas rolantes. “Era algo que estava carente aqui, principalmente para pessoas com dificuldade de mobilidade. Agora vemos um cuidado maior”, relatou. Ele também observou uma melhora na limpeza e segurança: “Agora está mais silenciosa e agradável de transitar.”
A opinião também foi semelhante à de Fábio Guilherme Alves de Souza, 21 anos. Para o estudante, a nova modalidade de gestão chegou em um bom momento. “A infraestrutura da rodoviária estava defasada, e esse investimento, seja público ou privado, é necessário. Já presenciei situações em que pessoas com deficiência não conseguiram usar o espaço adequadamente. A concessão vem para somar”, avaliou.
Cronograma
De acordo com o cronograma do projeto, além da manutenção dos serviços essenciais, nos primeiros dois anos deverão ser investidos R$ 7 milhões na implantação de infraestrutura dos estacionamentos e do sistema operacional da rodoviária. Enquanto isso, o prédio estará passando por reforma, com investimentos de R$ 57,7 milhões e a previsão é terminar essa fase em três anos. Já a recuperação geral da estrutura e modernização do complexo deverá estar pronta em quatro anos, com mais R$ 54,9 milhões em investimentos.
O complexo concedido inclui os estacionamentos superiores e inferiores próximos ao Conjunto Nacional e ao Conic, no Setor de Diversões, que serão modernizados e passarão a ser rotativos. As três áreas somam 2.902 vagas, sendo 1.179 vagas no SDN, 1.015 vagas no SDS e 708 vagas na plataforma superior. A concessionária poderá explorar diretamente ou terceirizar a gestão dos espaços.
Agência Brasília