Restrição a atendimento de PMs em hospital da corporação vai parar no TCDF

Divulgação PMDF

O deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB) pede que a Corte de Contas fiscalize o que tem sido feito com o dinheiro da Polícia Militar

Por Manoela Alcântara – Metropoles

Após diversas denúncias sobre problemas no atendimento do Centro Médico da Polícia Militar (foto em destaque) e de dificuldades enfrentadas por parte dos 69 mil associados da PMDF que tentam marcar consultas e exames médicos, um requerimento de investigação foi encaminhado ao Tribunal de Contas do DF (TCDF).

Nesta terça-feira (9/2), o deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB) encaminhou à Corte de Contas uma solicitação de auditoria e inspeção no âmbito da Polícia Militar do Distrito Federal. O parlamentar pede que sejam feitas “diligências, perícias, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial”.

Em plenário, o parlamentar criticou o atendimento em saúde prestado pela corporação a seus servidores, aos militares da reserva e aos familiares associados. “É preciso reestabelecer a ordem. Está ocorrendo uma anarquia na Polícia Militar do DF. Os militares precisam ter atendimento digno e saber para onde estão indo os milhões destinados à saúde da categoria”, afirmou.

De acordo com o documento protocolado no TCDF, a auditoria visa apurar fatos que vêm ocorrendo no âmbito da Polícia Militar e que tem afetado severamente a saúde dos policiais militares.

“A corporação vem perseguindo os policiais militares que têm algum tipo de restrição médica, os impedindo de participar de cursos de carreira, consequentemente, travando suas promoções, além de os colocar compulsoriamente de férias”, diz o parlamentar no pedido de investigação.

Ainda conforme o pedido, “a Polícia Militar tem aniquilado o direito à assistência médica dos militares, ao restringir o acesso a consultas médicas e procedimentos laboratoriais a somente 20 policiais por dia, sendo que o sistema de saúde atende a mais de 69 mil vidas”.

Veja o requerimento enviado ao TCDF:

Denúncia

Metrópoles denunciou, em primeira mão, no dia 3 de fevereiro que os policiais militares brasilienses têm encontrado dificuldades para marcar consultas no Centro Médico da Polícia Militar do Distrito Federal, no Setor Policial Sul, e em hospitais conveniados. Os relatos à reportagem do Metrópoles são de que eles não conseguem agendar atendimentos – sejam on-line ou presencial.

“A saúde da PM acabou, meu amigo”, teria dito um dos responsáveis pelo atendimento à corporação a um colega de farda, que tentava marcar check-up com exames cardíacos.

Os problemas se intensificaram no início deste mês, quando um cartaz limitando atendimentos no Centro Médico da PM foi colado na parede do hospital. “Só serão atendidos 20 pacientes por dia”, enfatiza o informe.

De acordo com o “Cronograma de Atendimento de Autorização de Procedimento de Clínica e Laboratórios”, somente esse número de pessoas poderia fazer procedimentos eletivos, como os de prevenção e cuidados com a saúde, diariamente entre 1º e 5 de fevereiro. Isso, apenas no horário da tarde, a partir das 14h, pois não há médicos para o período da manhã.

Veja o informe:

Imagem cedida ao Metrópoles

“Chegou ao desumano”

O cartaz causou revolta na categoria. A PMDF tem 69 mil associados, entre policiais militares na ativa, da reserva e familiares.

Assim, os 20 PMs e familiares que podem ser atendidos por dia pelo serviço médico correspondem a 0,02% do total de conveniados. Um número considerado desumano pelo presidente da Associação Caserna, Carlos Victor Fernandes Vitório, conhecido como Vitório. A entidade representa cerca de 200 policiais militares.

“Há algum tempo, existe uma limitação quantitativa e qualitativa no atendimento médico dos policias militares por parte da PMDF. Agora chegou ao desumano, pois foi restrito a 20 atendimentos por dia. Ou seja, nem em um ano, atendendo ininterruptamente, haveria a possibilidade de cuidar de todos os mais de 9 mil integrantes na ativa da PMDF. Imagina, então, seus familiares”, protestou Vitório.

Ele ressaltou que todos os militares pagam pelo serviço médico. “Isso tudo custa vidas, gera tristezas com as perdas e as descobertas tardias [de enfermidades] reflete domesticamente, mais ainda à sociedade, a qual depende da plena capacidade dos heróis de farda no combate à criminalidade”, afirmou.

Pandemia de Covid-19

Por meio de nota, a Polícia Militar confirmou a restrição de atendimentos. “O aviso refere-se à concessão de guias para o atendimento eletivo na rede credenciada, que possa vir a se tornar uma urgência, uma vez que o atendimento emergencial encontra-se normal, sendo realizado em 6 hospitais especializados e 1 um hospital geral”, diz o documento enviado à reportagem.

Segundo a corporação, a restrição ao atendimento ambulatorial eletivo ocorre em função da pandemia da Covid-19, “conforme orientação do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde e do Conselho Federal de Medicina“. A PMDF informou ainda que não existe restrição nos casos oncológicos, de hemodiálise, cardiológicos, psiquiátricos, de home care e de saúde mental.

Fonte: Metropoles.com

Artigo anteriorPMDF retira porte de arma de policial gay na véspera de casamento do militar
Próximo artigoTenente-coronel da PM sofre ataque racista durante palestra virtual da USP