É oficial: a República dos Condenados está de volta — de terno passado a ferro e prontuário polido pela mágica da impunidade. A velha guarda da corrupção brasiliense, agora rebatizada de “descondenada”, prepara o retorno triunfal às urnas de 2026, como se o povo do Distrito Federal tivesse esquecido quem saqueou o que era dele.
Liderando o bloco da vergonha, aparecem Gim Argello e José Roberto Arruda — dois velhos conhecidos da Papuda que agora ensaiam posar de estadistas. O primeiro, o “Gato de Botas” da política candanga, foi condenado por embolsar mais de R$ 7 milhões em propinas na Lava Jato. Tinha até apelido carinhoso entre empreiteiros: “Alcoólico”, uma ironia de mau gosto que o perseguirá para sempre. Cumpriu apenas três aninhos de pena e, como todo bom político do Brasil da anulação fácil, teve o processo apagado como se fosse erro de digitação.
Já Arruda, o astro do Mensalão do DEM — ou, se preferirem, o rei do “Caixa de Pandora” —, foi filmado recebendo sacolas de dinheiro vivo. Cassado, preso e desmoralizado, volta agora à cena como se fosse exemplo de boa gestão. Um milagre digno de novela mexicana: do camburão ao palanque, em apenas alguns capítulos.
E tem mais nessa reencarnação política do inferno. O ex-governador Agnelo Queiroz, condenado pelo escândalo bilionário do Mané Garrincha, quer vaga na Câmara dos Deputados. O mesmo estádio que virou símbolo do desperdício e do superfaturamento — o “templo do futebol” que custou preço de catedral de ouro.
Fechando o time dos arrependidos de ocasião, surge Júnior Brunelli, o célebre pastor da “Oração da Propina”, que agradecia o dinheiro sujo recebido de Arruda como se fosse bênção divina. Pois é, o milagre da multiplicação das notas também tem discípulo no DF.
Agora, todos eles tentam vender a imagem de que “erraram, mas aprenderam”. Balela. O que aprenderam mesmo foi que a memória do eleitor anda curta e que o sistema jurídico brasileiro é um verdadeiro spa para corruptos.
A verdade é que esse grupo não volta para servir ao povo — volta para se servir dele. Querem ressuscitar os tempos de mala preta, acordos de bastidor e corrupção institucionalizada. Brasília, que já foi palco da esperança, corre o risco de virar novamente a capital da impunidade.
Mas 2026 vem aí. E será a hora da resposta. O povo do DF precisa mostrar que não é massa de manobra, nem freguês de político de tornozeleira.
Chega de descondenados disfarçados de salvadores. Brasília não é colônia penal, e o eleitor não é cúmplice de ladrão engravatado.
O futuro do DF não pode ser escrito por quem já o saqueou.
Por Jorge Poliglota Editor-chefe do Portal Opinião Brasília





