Por Luís Ernesto Lacombe – Via Gazeta do Povo
A tragédia está armada. O colapso foi anunciado pelo próprio ministro da Fazenda, quando ele lançou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias e admitiu a possibilidade de colapso nas contas públicas já em 2027. No primeiro ano do próximo mandato presidencial, pode já não haver dinheiro para gastos básicos, com saúde e educação, por exemplo… Esse quadro gravíssimo foi confirmado quando Fernando Haddad decretou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras. Assim que o Congresso reclamou da medida, o ministro confessou que o governo estava ameaçado… Sem mais esse aumento da carga tributária, as contas não fechariam. Com o decreto finalmente derrubado pelos parlamentares, o governo que gasta muito e gasta mal está nas cordas, levando um país inteiro ao nocaute.
Lula pode ver enterrado de vez seu sonho de concorrer à reeleição. Seu objetivo de empobrecer a população continua sendo atingido, mas vai lhe faltar, já a partir de agora, a capacidade de distribuir migalhas aos eleitores. Não que ele acredite mesmo nesse Estado pai de todos, que todos salva e todos protege. No fundo, ele sabe que isso não existe. Sua única preocupação é ter de interromper programas assistencialistas, apostas do atual governo para a campanha eleitoral de 2026. Ele nunca pensou no Brasil de verdade. É mais um egoísta e oportunista, é mais um político disposto a aniquilar as melhores chances do país porque só o que tem em mente são seus interesses pessoais, sua sede de poder, sua ideologia nefasta sempre empenhada na destruição de tudo.
Os egoístas e oportunistas podem até ter trejeitos diferentes, mas o que sempre importa para eles é usar a estrutura estatal para se manter no poder
Hugo Motta e Davi Alcolumbre também não são santos. E as árvores genealógicas dos dois estão repletas de gente como eles. Unidos, derrubaram mais um aumento de impostos, mas nunca estiveram comprometidos com o corte de gastos, com a eficiência governamental. Não à toa, aprovaram o esdrúxulo projeto que aumenta o número de deputados federais de 513 para 531 a partir da próxima legislatura. Juram que isso não vai gerar aumento de gastos, ainda que ninguém possa explicar como essa mágica seria possível. A principal preocupação de Motta e Alcolumbre é participar de uma audiência com o ministro do STF Flávio Dino e conseguir mais um troco do orçamento secreto.
O Centrão, sempre metido no governo, votou em massa contra o aumento do IOF. É mais um que age não pelo bem do Brasil, mas de olho espichado para as próximas eleições. Lula, parece, já não lhe serve mais. Estando hoje na base governista, as benesses que consegue agora não devem garantir os ganhos de amanhã. Se esses representantes empenhados no fisiologismo e na velha política estão posicionados entre Lula e Bolsonaro, ninguém pode duvidar de que não há um “caminho do meio”, uma “terceira via”… Os egoístas e oportunistas podem até ter trejeitos diferentes, mas o que sempre importa para eles é usar a estrutura estatal para se manter no poder. Mais Estado, mais descaminho.
Faltou falar do STF, que pode ser acionado pelo parceiro Lula para garantir mais um achaque contra os pagadores de impostos. Faltou falar da imprensa, aqui representada por Míriam Leitão, que escreveu coluna eximindo o governo do PT de qualquer tipo de culpa pelo descalabro latente. Ela acusou apenas o Congresso pelo aumento dos gastos públicos… E acha mesmo que o Supremo deve considerar o Projeto de Decreto Legislativo que derrubou o aumento do IOF inconstitucional, “porque só caberia um PDL se o governo tivesse extrapolado suas competências, mas a alíquota de IOF é decisão do Executivo”. Então, por que a imprensa, de um modo geral, aceitou que ministros do Supremo suspendessem as resoluções do então presidente Bolsonaro para zerar os impostos sobre revólveres e pistolas, reduzir alíquotas do IPI, dos combustíveis? Funcionam assim os egoístas: para eles e os seus, tudo. O Brasil de verdade, os seus problemas de verdade não têm a menor importância.