Para Guilherme Derrite, intenção do governo do Estado tem conotação política em ano eleitoral
A Polícia Militar de São Paulo decidiu enquadrar os policiais militares que usam redes sociais para manifestações político-partidárias, monetizar contas particulares e explorar imagens de símbolos, fardas e armas da polícia como forma de autopromoção. Diretriz assinada pelo comandante-geral, coronel Fernando Alencar Medeiros, proíbe o uso desse tipo de imagem e estabelece punições em caso de descumprimento. Para falar sobre o tema, o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) concedeu entrevista ao vivo ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, neste sábado, 8. Para ele a proibição do governo do Estado de os policiais utilizarem as redes sociais com farda, divulgando o trabalho deles e associando a opiniões políticas tem conotação política neste ano de 2022, para evitar declarações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A gente tem que separar qual é o policial, o bombeiro, que, de fato, usa isso para autopromoção ou, mais do que isso, que recebe remuneração por isso. Aí eu acho que é discutível o assunto. O policial militar fardado, representando o Estado, utilizar o vídeo para monetizar e receber recurso pra isso, isso eu acho plenamente viável se discutirem ou até se restringir ou impor regras, com relação a isso. Agora, no ano eleitoral de 2022, e todos sabem que os a categoria dos policiais militares demonstram um apoio maciço ao presidente da República, e o atual governador de São Paulo, que pretende disputar as eleições contra o atual presidente, isso tá na cara que tem uma conotação política de frear aqueles policiais em declarar o apoio”, opinou Derrite.
O deputado acrescentou ainda que a proibição impende o crescimento político da categoria, na busca por mais representação no Congresso Nacional. “Tem policiais que tem milhões de seguidores, aliás, a minha inserção na vida política só aconteceu por força das redes sociais, onde eu tenho quase três milhões de seguidores. Eu jamais conseguiria ser eleito deputado na primeira eleição que eu participei se não fosse a força das redes sociais. Agora isso também tem um prejuízo muito grande para a categoria, na medida em que restringe a representatividade. Se nós estamos aumentando a representatividade dos militares na política, uma diretriz como essa vai acabar freando que novos novos policiais militares que tenham pretensões políticas possam disputar as eleições com chances reais de vencer. Não tenho dúvida nenhuma que o motivo principal é a questão política, que novos policiais militares alcem aí a vida política e com com chance êxito e, além disso, que possam apoiar o presidente da República em detrimento do atual governador, que infelizmente prometeu e prometeu em época de campanha e não cumpriu absolutamente nada com a categoria e com a população, em termos de segurança pública, e, sabendo disso, vem com essa essa diretriz absurda para restringir a participação dos policiais nas redes sociais”, afirmou.
Derrite argumento que a diretriz fere o direito constitucional da liberdade de expressão. “Ela é abusiva e inconstitucional. Para apontar eventuais faltas disciplinares já existe uma lei complementar, que é o regulamento disciplinar, agora chamado de código de ética dentro das policias militares. O que essa diretriz traz, na verdade, é de fato a censura. Censura sendo instalada, um ato ditatorial. Os policiais em sua a maioria usam as redes sociais para enaltecer o nome da instituição. Em pouquíssimos casos, infelizmente, alguns policiais acabam fazendo de maneira equivocada ou errada. E, para isso, existem as punições disciplinares, que devem ser tratadas caso a caso, isoladamente”, disse.
JPan