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PM assassinado e silêncio ensurdecedor: A Hipocrisia dos que dizem falar em nome da Igualdade

A morte do tenente Jonathan Francisco, no último dia 15, durante um confronto com criminosos na comunidade Beira Rio, no Recreio dos Bandeirantes, expôs mais uma vez uma contradição que se repete no debate público brasileiro: o silêncio seletivo daqueles que se apresentam como defensores dos direitos humanos e da população negra. Nem o Ministério da Igualdade Racial, nem o Ministério dos Direitos Humanos, tampouco figuras historicamente associadas à pauta racial — como Benedita da Silva e Anielle Franco — emitiram qualquer nota de pesar, solidariedade à família ou reconhecimento do sacrifício de um homem negro morto em serviço.

É o tipo de omissão que fala mais alto do que qualquer discurso. Quando o caso envolve um policial, e especialmente um policial negro, muitos dos movimentos que se proclamam porta-vozes da luta contra o racismo simplesmente se calam. Para esses grupos, parece que a cor da farda apaga a cor da pele, e que a vítima deixa de ser um cidadão negro para se tornar apenas um “agente do Estado”, indigno de luto ou defesa. A seletividade é tão gritante quanto reveladora.

Não se trata de exigir alinhamento político — trata-se de coerência moral. Se a vida negra importa, ela deveria importar sempre, e não apenas quando o enredo serve a uma narrativa pré-estabelecida. Jonathan Francisco não era apenas um tenente da PM: era pai, filho, trabalhador, parte de uma comunidade que também sente medo, violência e abandono. Sua morte não mereceu sequer uma frase das instituições que, em tese, existem justamente para proteger vidas como a dele.

O silêncio das autoridades e dos movimentos que se apressam a condenar ações policiais, mas ignoram quando um policial negro é morto por criminosos, revela uma hipocrisia que corrói o próprio discurso dos direitos humanos. É como se houvesse vidas negras de primeira categoria — úteis para a militância — e vidas negras de segunda categoria — descartáveis, porque fardadas.

A verdadeira luta por igualdade e dignidade não pode admitir esse tipo de seletividade moral. Quando a defesa da vida depende de conveniência ideológica, ela deixa de ser defesa e se torna propaganda. E, nesse caso, o silêncio não é apenas omissão: é cumplicidade com a desumanização de quem também merece ser lembrado, homenageado e respeitado.

**Por Poliglota, jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília

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