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Partidos do DF adiam definições sobre nomes que vão concorrer ao Buriti

Com possibilidade de votação da PEC que trata da reforma eleitoral no Congresso Nacional, as cinco siglas com mais filiados pretendem escolher posteriormente nomes que concorrerão ao governo local. Por enquanto, legendas discutem alianças

A quatro meses do fim do ano e, consequentemente, para início do ano eleitoral, os partidos políticos ensaiam movimentações a fim de definir possíveis candidatos ao Palácio do Buriti e às cadeiras do Distrito Federal nos poderes Legislativo local e nacional. Além do atual governador Ibaneis Rocha (MDB), outros nomes se preparam para a disputa em 2022. O Correio apurou como anda o planejamento das cinco maiores siglas no Distrito Federal: o Partido dos Trabalhadores (PT), o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o Progressistas (PP) e o Democratas (DEM). Na avaliação de especialistas, assuntos como saúde e emprego devem pautar as campanhas e as intenções de voto para o próximo ano.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, em julho, o DF tinha 2,1 milhões de eleitores. Desses, 208.301 estão filiados a alguma sigla. O partido com mais filiações na capital federal é o PT, com 30.875 pessoas (leia Ranking). O vice-presidente do diretório distrital petista, Roberto Berzoini, afirma que a legenda planeja articulações, mas os próximos passos só serão cravados em outubro. “Estamos alinhando ideias com outros partidos, buscando alianças e analisando possíveis nomes. Porém, temos de definir tudo com o diretório nacional, porque nosso foco é a Presidência da República”, declara. Para o Palácio do Buriti, o nome do ex-deputado Geraldo Magela está entre as opções.

O MDB, partido de Ibaneis, dá como certa a candidatura à reeleição. A vice-presidente da sigla no DF, Ericka Filippelli, afirma que o segundo nome na chapa do atual governador não está fechado, nem os de candidatos ao Legislativo. “É uma orientação interna, para que, agora, o foco seja nas questões do governo e, em um segundo momento, voltamos para as definições eleitorais. Mas, com certeza, todos do partido querem a reeleição de Ibaneis”, ressalta Ericka. O próprio governador, segundo ela, determinará quando a sigla deverá pensar em nomes para acompanhar o emedebista no próximo pleito.

Reuniões

Além do PT e do MDB, em outros partidos, alguns nomes são dados como certos na disputa pela cadeira Palácio do Buriti, no próximo ano. Entre eles, estão o senador José Antônio Reguffe (Podemos) e o presidente do PSDB-DF, o também senador Izalci Lucas. A sigla tucana é a terceira com mais filiados na capital federal. O representante da legenda comenta que há nomes na mesa, mas o partido aguarda para saber como ficará o regulamento eleitoral do próximo ano (leia Para saber mais). “Não podemos entrar no jogo sem saber as regras. Por isso, esperamos uma definição do Congresso Nacional sobre a reforma eleitoral para, depois, tomarmos decisões”, completa Izalci.

Presidente do DEM-DF, o ex-deputado Alberto Fraga pontua que o partido busca formar alianças. Além de Reguffe, o democrata menciona Eliana Pedrosa (Pros) e Adalberto Monteiro (Patriota) como possibilidades de apoio. “Se a legenda não surgir com um nome próprio para disputar o Buriti, vai apoiar um desses outros partidos. Isso deve ser decidido no próximo mês ou, no máximo, em novembro. Estamos conversando”, resume. Para Fraga, nas eleições de 2022, as parcerias serão determinantes. “Precisamos de uma opção forte, apoiada pelos demais, para que não haja divisão entre a direita conservadora e outro partido acabe elegendo um candidato”, frisa.

Nesta semana, o PP-DF se reunirá para começar a traçar estratégias. O vice-presidente do diretório local, Valdelino Barcelos, disse que não tem nomes definidos para disputa, por enquanto: “Falei com a presidente do partido, a deputada (federal) Celina Leão, e vamos fazer uma reunião, para ver quem fica na sigla, quem sai e, depois, pensar em nomes. Não há nada certo ainda”. Ele acrescenta que integrantes da legenda adiaram os encontros para debater as próximas eleições devido à pandemia. “Toda essa situação por que o Brasil e o DF estão passando nos fizeram focar em outras coisas. Vamos começar a falar da política futura agora”, diz.

Pautas

Para o cientista político e advogado Nauê de Azevedo, saúde e emprego devem ficar como principais temas dos discursos de candidatos. Os dois assuntos, provavelmente, vão pautar campanhas e intenções de voto em 2022. “Saúde, por causa da pandemia e porque é sempre um tema que chama a atenção na capital federal. E a questão do emprego é importante porque o DF depende muito de concursos públicos. Com a redução e o cancelamento deles, muitas pessoas ficaram sem ter para onde ir”, opina.

Nauê acrescenta que as decisões pelos nomes das siglas vão depender do andamento da reforma eleitoral, mas ressalta a necessidade de prestar atenção às articulações desde já. “Eu ficaria de olho em partidos da esquerda. Percebemos movimentações e filiações que podem ser de potenciais candidatos contra o atual governo”, analisa. Em relação às mídias sociais, o cientista político considera que elas serão decisivas em 2022, assim como em 2018: “Nas últimas eleições elas foram mal-usadas. Para o ano que vem, vejo muitos políticos aprendendo a usufruir das redes de maneira limpa. Com certeza, elas vão pautar a escolha dos eleitores”.

Palavra de especialista

Aspectos de peso

Nas próximas eleições, haverá uma disparidade muito grande da inflação em relação a 2018. Será a primeira vez que teremos um processo inflacionário tão alto desde o pleito de 1998. Ou seja, a questão econômica deve ser a principal variável no próximo ano, e isso inclui, também, o âmbito local. Os eleitores vão cobrar soluções para o preço do botijão de gás, da gasolina, do arroz. Outra questão que será importante é a da polarização de ideias. Temas e aspectos ligados à vivência das pessoas farão com que elas se identifiquem e apoiem candidatos. São valores que vão desde costumes ao enfrentamento à pandemia — apesar de essa ser uma questão que não deve pesar tanto no próximo ano, pois, com o avanço da vacinação e o possível controle da crise sanitária, o tema não deverá estar mais tão na pauta dos discursos políticos. Uma questão interessante é que, com a reeleição no Brasil, temos um recall de candidatos. Isso significa que o principal nome é sempre o que concorre à recondução. O mundo inteiro tem essa característica atualmente. No DF, não é diferente.
Rafael Favetti, advogado e cientista político

Reforma eleitoral

A Câmara dos Deputados aprovou, nos dois turnos necessários, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 125/2011, que trata da reforma eleitoral. O texto prevê a volta das coligações partidárias nas eleições para deputados e vereadores, a partir de 2022. A matéria determina, ainda, a perda do mandato dos parlamentares que se desfiliarem das legendas, exceto quando o partido concordar, em hipóteses de justa causa ou outras situações específicas. O texto será enviado ao Senado. Para que a medida entre em vigor a tempo das próximas eleições, a PEC terá de se tornar emenda constitucional antes de outubro próximo.

Ranking

Confira os 15 partidos com mais filiados no Distrito Federal

Sigla Inscritos

PT30.875

MDB25.903

PSDB19.590

PP18.526

DEM16.635

PSC 12.503

PDT12.198

PL11.017

PTB7.121

SOLIDARIEDADE6.320

PSB6.165

PSOL5.259

REPUBLICANOS5.052

CIDADANIA4.957

PODEMOS4.170

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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