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“Parasita”: servidores denunciam assédio de indicado do PT no Iphan

Servidores relatam assédio no Iphan Goiás após apontarem irregularidades em transporte. Superintendente teria chamado técnica de “parasita”

 O clima nas últimas semanas dentro da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Goiás, é de guerra. Indicado pelo governo federal para chefiar a unidade, o ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson (PT(foto em destaque) foi acusado de assédio moral contra servidores, que protocolaram denúncias em diferentes órgãos.

Servidores denunciam que o superintendente instalou um clima de caça às bruxas, desconfiando de qualquer projeto antigo do instituto, como se fosse algo ligado ao bolsonarismo. Isso estaria atrasando a aprovação de análises da área técnica, o que coloca em risco a execução do orçamento.

Também há relatos de agressões verbais. Em uma reunião, ele teria chegado a chamar uma técnica de “parasita”.

Em contrapartida, Pedro Wilson tem movimentado seus apoiadores históricos para rebater as críticas e denúncias de técnicos do instituto, que, para o gestor, são frutos de uma perseguição contra ele. Além de ex-prefeito, ele é ex-deputado federal por Goiás e um dos fundadores do PT no estado.

Iphan é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), e é responsável por preservar e divulgar o patrimônio nacional. O órgão cuida, por exemplo, da restauração de edifícios históricos e da melhoria de festividades tradicionais.

Denúncia

Pedro Wilson assumiu o Iphan em maio, por indicação do próprio PT, e não do presidente nacional do instituto, Leandro Grass. Servidores relatam que, logo nos primeiros meses de gestão, começou a ocorrer o atraso de processos que chegavam à mesa da diretoria.

A relação com os servidores teria piorado no mês de agosto, quando pessoas da área de transporte teriam sido dispensadas logo depois de uma denúncia de uso de veículo oficial sem informação de destino.

Parte dos servidores chamou Pedro Wilson para uma reunião com o objetivo de questionar essas dispensas. Foi quando a situação teria declinado de vez, com agressões verbais por parte do superintendente do Iphan.

Segundo a denúncia realizada no Ministério Público Federal (MPF), Pedro Wilson teria dito que se sentiu traído com acusações sobre irregularidades no transporte e que teria amigos na Polícia Federal para investigar a origem da denúncia. Em determinado momento, teria chamado uma servidora de “parasita”.

Depois dessa situação, denúncias contra o superintendente foram protocoladas na ouvidoria do Iphan, no MPF e no Ministério Público do Trabalho (MPT). Também houve a solicitação do afastamento do gestor. Servidores falam de uma rotina tensa no instituto, inclusive com casos de problemas de saúde por causa da frustração com o ambiente de trabalho.

“Privilégios bolsonaristas”

Para uma coluna do jornal goiano O Popular, que citou as denúncias de assédio, a assessoria de Pedro Wilson declarou que as acusações eram por causa de uma servidora “acomodada com os privilégios da gestão bolsonarista”.

A declaração gerou uma reação de entidades de servidores públicos. A Associação dos Servidores do Ministério da Cultura (AsMinC) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) escreveram uma nota em defesa dos servidores do Iphan de Goiás.

“Causaram-nos indignação, portanto, os comentários desrespeitosos do atual gestor do Iphan-GO Sr. Pedro Wilson, contra as trabalhadoras do Iphan. As servidoras e os servidores que se dedicam às tarefas do Estado brasileiro exigem respeito e decoro de todo e qualquer ocupante de cargo público, seja qual for o governo”, escreveram em trecho da nota.

O MPF informou que após a denúncia, solicitou informações ao Iphan, mas não houve resposta. Por isso, está reiterando a solicitação.

Resposta

No final de outubro, Pedro Wilson recebeu várias personalidades importantes da política e do mundo acadêmico de Goiás para prestar apoio a ele, no prédio do Iphan.

O encontro resultou na gravação de um vídeo de quase 20 minutos com elogios ao superintendente, rememorando sua história na administração pública, mas sem rebater os pontos denunciados pelos servidores, que foram tratados como “lawfare”, uma manipulação das leis para atacar um inimigo.

A reportagem do Metrópoles entrou em contato com a assessoria de Pedro Wilson, mas não obteve uma resposta até a publicação desta matéria.

Em nota, o Iphan nacional informou que ainda não há um processo finalizado sobre o caso de Goiás, que é feito pela corregedoria do instituto. “O posicionamento do Iphan nesses casos é formalizado nos processos em si, quando da sua finalização”, diz trecho da nota.

Com informações Metropoles.com

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