OPINIÃO – ELEIÇÕES 2022: Tudo definido e nada definido na caserna “PMDF”

Em 2018 as articulações até que foram tentadas pelo ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF)

Por Poliglota…

Parafraseando meu grande amigo e jornalista Delmo Menezes, e utilizando de boa parte de seu texto, com a devida autorização, está aberta a temporada dos “bois de piranha” para as eleições de 2022 dentro da PMDF. Cedo? Nada…não existe mais tempo entre uma eleição e outra.

Como no DF não temos eleições municipais, as articulações em busca de projeções no cenário político do DF, seja distrital ou federal, já estão correndo de vento em polpa.

Nas corporações militares, e não é regra, os nomes surgem do vento. Com exceção de alguns nomes já carimbados, outra safra começa a despontar de todos os lados, porém, com poucas chances de vitórias. Nomes? Deixa quieto…a grande maioria conhece.

A expressão “Boi de Piranha” designa uma situação em que um bem menor e de pouco valor é sacrificado para que em troca outros bens mais valiosos não sofram dano. Na expressão original, o boiadeiro deveria escolher um animal velho ou doente e colocá-lo na água, enquanto as piranhas devoram o boi escolhido, os demais passam pelo rio e seguem a caminhada sem dificuldade.

Trazendo esta expressão para o mundo político, começam a surgir de todos os lados os “bois de piranha”, que na realidade não tem condições de se elegerem, porém lançam seus nomes, discretamente ou a pedido de um grupo político, com o propósito de se cacifarem para o pleito.

Na realidade, o que realmente estes “bois de piranha” querem é mostrar alguma força política, mesmo que estas não existam, para tentar de alguma forma se unir a um candidato com chances reais.

Na PMDF, assim como na maioria das instituições policiais militares do país, surgem alguns candidatos que possuem até um bom currículo, porém sem nenhuma capilaridade de votos para concorrer a uma disputa acirrada como serão as próximas eleições de 2022, principalmente pelas mudanças na Lei eleitoral. As vezes são patrocinados por políticos experientes que, na tentativa de terem seus nomes cacifados e na mídia, não perdem a oportunidade de estar em todos os meios onde possam angariar um votinho a mais e a PM é um celeiro de votos mal distribuídos.

Alguns nomes que estão sendo disponibilizados podem até estimular o público interno, mas outros não passarão de mais uns divisores de votos que vão acabar prejudicando aqueles que efetivamente tem alguma chance, por menor que seja. O fato de, em alguns casos, terem exercido algum cargo político ou por ser presidente de alguma associação ou segmento, não os habilita a terem a confiança da tropa.

Crise atual

Em maio passado uma enquete interna mostrou a força de um mandato distrital. A pergunta era: “Dentre os Policiais Militares que foram candidatos para DEPUTADO DISTRITAL em 2018 em quem você votaria?”.

Disparadamente o atual deputado da classe, João Hermeto (MDB), apareceu na ponta com 47% dos votos, seguido pelo sargento Jabá (33%), ST Geraldo (8%) e o Sgt Eliomar Rodrigues (5%).

Atualmente as circunstâncias mudaram. Em pesquisas nas redes sociais nota-se claramente o descontentamento da classe com o vencedor pelo fato das promoções da categoria não terem sido efetivadas em agosto e dezembro como era o sonho de muitos.

Uma nova pesquisa ainda não foi disponibilizada na categoria, mas diante de fatos que surgiram ao longo desses últimos 7 meses o imbróglio sobre quem representará uma classe tão poderosa em votos deve se estender até a última hora.

Na entrevista concedida ao Blog do Candango, Hermeto disse: ”Vencer essa enquete é fruto do trabalho do nosso mandato. Todos os dias recebo demandas individuais e coletivas dos policiais militares, e com muita conversa o que é meu diferencial no meu mandato, tento resolvê-las o mais rápido possível. Claro, que nem sempre é possível e lamento muito, como por exemplo, a não redução de interstícios, redução salarial e a incidência do Imposto de Renda do Serviço Voluntário, onde outras categorias são contempladas e os policiais militares e os bombeiros não”.

Relembre a pesquisa:

Desde a criação da Câmara Legislativa em 1991, a PMDF já teve nos quadros do Legislativo quatro representantes. Fernando Naves, Marco Lima, João de Deus e o Ex-Cabo Patrício, sendo atualmente representada pelo subtenente da reserva João Hermeto (MDB), eleito em 2018 com 11.552 votos.

DEPUTADO DISTRITAL HERMETO

O deputado distrital Hermeto é oriundo da Corporação e já foi Administrador Regional da Candangolândia por oito (8) anos. Em sua página pessoal na Internet se denomina uma pessoa despojada, simples, acessível e proativa. O cearense Hermeto é o primeiro policial militar a sair da tropa direto para ocupar uma das 24 cadeiras na Câmara Legislativa.

No computo geral, Hermeto venceu a disputa com 47% (1.834 VOTOS) da preferência, enquanto o segundo colocado, o ex-candidato Lusimar Arruda (conhecido como Jabá) ficou com 33% (1.280 VOTOS). A vantagem de Hermeto se traduz claramente na força que tem um mandato parlamentar. Nas eleições de 2018 Jabá obteve 6.218 votos, e afirmou que, ”pontuar entre os mais votados é resultado do reconhecimento da tropa e de pessoas que acreditam que ele também possa representá-los na CLDF“. Frisou que “o meu diferencial está no histórico de lutas, amor que tenho pelo próximo e o sonho de um dia ser Governador da Capital Federal. A enquete realizada norteia de alguma forma o eleitor e principalmente o candidato, mesmo eu não tendo um mandato, estou sendo bem lembrado”.

SGT LUSIMAR ARRURA (JABÁ)

Atualmente Jabá luta na justiça para se manter nos quadros da corporação, pois numa recente decisão de um Colegiado foi declarado incompatível a permanecer das fileiras da corporação. Mesmo assim figura como um dos nomes fortes para em 2022 tentar aumentar a bancada de militares na CLDF.

A conclusão que se chega é que chegou o momento de passarmos a política a limpo e exercemos nossa cidadania, escolhendo melhor nossos futuros representantes, para não sermos surpreendidos mais uma vez, com candidatos que possam tomar de assalto nossa cidade, com um discurso bem elaborado com ajuda de marqueteiros, porém vazio de propostas factíveis, dentro de nossa realidade. Nas casernas, por mais que haja resistências diante de muitas decepções, o lema ainda soa em maior tom: “PM vota em PM”.

Que venha 2022…

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