Governador Ibaneis é favorito; adversários tentam articular composições, mas esbarram nos palanques nacionais
**Por Ricardo Callado
A disputa pelo Governo do Distrito Federal em 2022 deve ter o governador Ibaneis Rocha (MDB) como protagonista. Até o momento nenhum candidato adversário se apresentou com potencial para fazer frente na disputa ao Palácio do Buriti
Muitos dos postulantes esbarram na formação dos palanques eleitorais para Presidência da República. E essa é uma das vantagens que deixa Ibaneis mais folgado na disputa.
O governador já sinalizou que não pretende romper com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). E poderá ter o seu apoio nas Eleições 2022. Partido de Ibaneis, o MDB está focado em reforçar sua bancada no Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado), o que deverá abrir caminho para os governadores formarem suas alianças regionais.
Em outra ala, o senador Izalci Lucas (PSDB), a deputada Paula Belmonte (Cidadania) e seu marido, advogado Luiz Felipe Belmonte, que articula a formação do partido Aliança do Brasil no DF, tentam conseguir o apoio do presidente para formação de uma chapa.
O primeiro problema seria saber quem seria o candidato. Izalci teria dificuldades de emplacar no palanque de Bolsonaro, mesmo sendo vice-líder do governo no Senado. O PSDB, seu partido, deverá ter candidato próprio ao Palácio do Planalto, ou até apoiar o ex-presidente Lula em 2022, como deseja o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tucano de alta plumagem. FHC vem reiterando nas últimas semanas a intenção de apoiar Lula. Ou Izalci sai do PSSDB para apoiar Bolsonaro, ou pode cair no colo do ex-presidente Lula.
Mas Lula, que foi condenado e preso por corrupção, e solto com uma ajudinha dos amigos do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda pode ser impedido pela própria corte, que Lula nos próximos dias se ele será elegível ou não em 2022. Como a influência do petista é grande no Supremo, e muitos ministros demonstram simpatia pelo ex-presidiário, o risco de Lula viabilizar sua candidatura é grande.
O casal Belmonte vive o dilema de conseguir viabilizar o Aliança pelo Brasil, legenda que poderia abrigar Bolsonaro. Se obtiver sucesso, a formação de um palanque ficaria mais fácil. Fala-se em uma chapa com Izalci na cabeça e Paula na vice. Luiz Felipe ganharia duas vezes, com a mulher no Buriti e já que é o primeiro suplente de Izalci no Senado, poderia ganhar 4 anos de mandato. Mas o projeto do casal é mais ambicioso e pode deixar Izalci pelo caminho. Um dos Belmonte poderia ser o cabeça de chapa ao Buriti.
Na esquerda, se não conseguir o apoio do PSDB, Lula não deverá ter um palanque forte na capital do país. O partido sofre um desgaste muito grande e na disputa do governo em 2018 o candidato petista Júlio Miragaya ficou na nona colocação ao receber apenas 4% dos votos. O partido não tem nenhum nome forte. Assim também outras legendas de esquerda, como a Rede, o PSol e o Novo.
Do outro lado, o atual senador Reguffe (Podemos) articula sua candidatura ao Palácio do Buriti. O parlamentar se reaproximou do ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg (PSB), que pretende disputar a cadeira do Senado na capital. A aliança deve garantir palanque presidencial para Ciro Gomes na capital.
Ciro é próximo de Rollemberg, que é quem manda no PSB na capital federal. Rollemberg saiu muito desgastado das últimas eleições e teve um mandato controverso. A disputa pelo Senado seria muito difícil para ele. Melhor se saísse a deputado distrital, para possivelmente conseguir um mandato político. Já Reguffe precisa aparecer mais. Nos últimos anos, ficou sumido da política brasiliense. E, talvez por isso, teria dificuldade de formar uma chapa. Sobraria a ele, além de Rollemberg, Rede, PSol e Novo.
Como se vê, os adversários de Ibaneis vão precisar articular bastante para chegar competitivos em 2022, que já é logo ali. É uma corrida contra o tempo.
**Ricardo Callado é jornalista e analista político