Embora tenha doado uma quantia milionária ao Partido dos Trabalhadores (PT) no ano das eleições de 2022, o presidente do conselho do conglomerado Cosan, Rubens Ometto, criticou severamente a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Fórum Anual do Grupo Esfera, neste fim de semana. Na ocasião, Ometto disse que o governo desrespeita o espírito das leis aprovadas pelo Congresso e adotar estratégias que aumentam agressivamente a arrecadação de impostos “pelas bordas” para ampliar os gastos públicos.
Ometto condenou o sistema de controle de gastos conhecido como arcabouço fiscal, afirmando que ele incentiva o governo a “taxar tudo”. Segundo ele, essa postura gera uma reação negativa em cadeia na sociedade, prejudicando o país e criando um mau exemplo vindo das autoridades.
No evento, Ometto também citou mudanças recentes nas regras que afetam as empresas.
– Eles estão mudando as normas e as regulamentações para arrecadar mais. Uma lei é publicada de um jeito e depois soltam normas para te morder e para te autuar. Isso aconteceu com as mudanças das regras do Carf, com a mudança do crédito presumido do IPI, com a mudança dos créditos do PIS/Cofins e com a desoneração da folha. Eles estão preocupados em morder e estão fazendo isso. E quando você faz isso você desrespeita a lei e cria um péssimo exemplo – citou.
O empresário ressaltou a ineficácia de aumentar impostos, afirmando que o dinheiro seria melhor utilizado nas mãos da iniciativa privada, que gera emprego e produz com eficiência. Ele defendeu programas sociais como o Bolsa Família, mas criticou o governo por querer administrar um Estado que só cresce.
– Temos de bater nessa tecla: o dinheiro na mão da iniciativa privada rende muito mais para o país do que na mão do governo. Quando eles fazem esse aumento de arrecadação eles estão tirando o dinheiro de quem trabalha com eficiência, de quem gera emprego, de quem produz, e passando para o Poder Executivo, que não tem essa habilidade – salientou.
Ometto também abordou a questão dos juros altos no Brasil, apontando a insegurança jurídica como um fator significativo para os elevados custos de financiamento. Segundo ele, se o governo organizasse a questão fiscal, os juros cairiam e o país voltaria a crescer, como ocorreu no primeiro mandato de Lula.
A medida provisória 1.227, recentemente aprovada, foi um dos pontos críticos mencionados por Ometto. Conhecida como MP da compensação, ela deve gerar uma arrecadação extra de R$ 29,2 bilhões por ano, mas especialistas já identificaram trechos inconstitucionais no texto. Ometto expressou preocupação com a influência do Executivo sobre o Judiciário, o que, segundo ele, leva a uma interferência prejudicial entre os Três Poderes da República.