- PUBLICIDADE -

O silêncio cúmplice da imprensa diante das denúncias contra o “gabinete paralelo” no STF por Tagliaferro

As denúncias feitas por Eduardo Tagliaferro sobre a existência de um suposto gabinete paralelo instalado por Alexandre de Moraes dentro do Supremo Tribunal Federal deveriam, em qualquer democracia minimamente saudável, ocupar as manchetes, gerar editoriais indignados e acionar uma onda de questionamentos sobre os rumos da República. Estamos falando de acusações gravíssimas: a possibilidade de que decisões estratégicas estariam sendo conduzidas à margem da legalidade, em estruturas informais, sem transparência e fora do alcance dos mecanismos institucionais de controle.

No entanto, diante de um episódio dessa magnitude, a imprensa convencional optou pelo silêncio. Um silêncio que não é acidental, mas eloquente. Os grandes veículos, que se autoproclamam guardiões da democracia e defensores da liberdade de expressão, agem como se nada tivesse acontecido. A denúncia simplesmente desaparece da cobertura jornalística, como se pudesse ser dissolvida no esquecimento pela omissão deliberada.

Essa postura revela mais que desatenção: revela alinhamento. Ao escolher calar, parte da mídia abdica de sua função essencial — fiscalizar o poder, questionar os poderosos e informar o público. O silêncio, nesse caso, não é apenas ausência de jornalismo; é presença de conveniência política.

O contraste é chocante. Para alguns atores políticos, basta um rumor ou uma suspeita não confirmada para gerar capas de revista, editoriais inflamados e horas de programação televisiva. Mas quando o foco recai sobre ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Alexandre de Moraes, a blindagem midiática se ergue de maneira quase automática. O jornalismo crítico dá lugar ao jornalismo seletivo, e a sociedade perde o direito à informação plena sobre fatos de interesse nacional.

A democracia não se sustenta apenas em instituições formais, mas também em uma imprensa livre, vigilante e disposta a questionar todos os centros de poder, sem exceções. O silêncio diante das denúncias de Tagliaferro não é apenas uma falha editorial: é um sintoma de captura narrativa, em que parte da mídia prefere preservar a conveniência de suas alianças em detrimento da transparência.

Ao final, quem paga o preço é o cidadão comum, condenado a permanecer mal informado sobre os bastidores do poder e exposto a uma versão filtrada da realidade.

Se a imprensa renuncia ao seu papel de questionar, o debate público empobrece e a própria democracia se enfraquece.

**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília

- PUBLICIDADE -
- PUBLICIDADE -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- PUBLICIDADE -