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O processo contra Bolsonaro é um ato de repressão política em estado bruto

Os que mandam no Brasil de hoje não querem que ele dispute nenhuma eleição, porque têm medo de que possa ganhar

(J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 25 de junho de 2023)

O que adianta fazer eleições, e ainda por cima gastar R$ 10 bilhões por ano com a chamada “Justiça Eleitoral”, mesmo nos anos em que não há eleição nenhuma, se quem conta não é o eleitor, mas, sim, uma congregação de funcionários a serviço do governo, que nunca recebeu um voto na vida — mas resolve tudo o que realmente tem importância prática? Esse grupo, o TSE, decide quem pode ou não pode ser candidato. Decide o que os candidatos podem ou não podem falar na campanha eleitoral. Decide, se assim quiser, cassar o mandato de quem foi eleito — mesmo deputados federais já diplomados e no exercício do mandato há quatro meses. Escolhe quem fica no lugar; da última vez, tiraram o mandato de um deputado que teve 350 mil voto e botaram em sua cadeira um que teve 12 mil. Pode, até mesmo, suprimir os direitos políticos de alguém que já terminou o mandato e não está disputando nada, mesmo porque não há eleição alguma em disputa, e proibir os eleitores de votarem nele quando houver a próxima.

O processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não é um processo, nem tem alguma coisa a ver com a lei, ou com a noção de que todo cidadão é inocente até o acusador provar a sua culpa. É um ato de repressão política em estado bruto — a atitude que se espera, na verdade, de um regime a caminho de se tornar totalitário. O que conta, no caso do ex-presidente, não é a razão. É a força. Os que mandam no Brasil de hoje não querem que ele dispute nenhuma eleição, porque têm medo de que possa ganhar — é isso, e só isso. É uma violência que não existe em nenhuma democracia decente. Bolsonaro pode ter sido um mau presidente; pode ter sido o pior presidente que o Brasil já teve. Mas isso não lhe tira os direitos que a Constituição garante para qualquer cidadão deste país — a começar pelo direito de ter as suas próprias opiniões políticas. Ele não fez nada contra a lei. O seu crime é ser de direita, pois o entendimento do alto Poder Judiciário, no Brasil de hoje, é que ser de direita é ilegal.

Bolsonaro perdeu a eleição e deixou o cargo na hora prevista, sem interferir em absolutamente nada no processo eleitoral — que “golpe” é esse em que o “golpista”, em vez de ficar, vai embora? Ele disse a um grupo de embaixadores que desconfiava da integridade do sistema eleitoral. E onde está escrito que é ilegal duvidar das urnas eletrônicas — ou estudar a Constituição para ver se ela pode ser aplicada, como está nos “documentos do golpe”? Centenas de figuras públicas, e milhões de brasileiros, também duvidam das urnas — que crime seria esse? Bolsonaro não está sendo culpado pelo que fez. Sua culpa é ser quem é.

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