Informações obtidas junto a aliados próximos do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) revelam um clima de frustração e desapontamento profundo no entorno do presidente do Senado. Segundo interlocutores, Pacheco sente que cometeu um erro político grave ao ter dedicado capital pessoal e institucional para ajudar Lula e o Supremo Tribunal Federal no período mais tenso da crise política recente — e agora percebe que não há reciprocidade.
A gota d’água, segundo pessoas próximas ao mineiro, foi o comunicado feito pelo próprio presidente Lula, informando que seu preferido para a vaga aberta no STF não era Pacheco, mas Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União.
A indicação ainda não foi formalizada, mas dentro do governo é considerada decidida.
Para aliados, o impacto foi devastador: Pacheco acreditava estar entre os nomes naturais para a Corte, depois de ter segurado inúmeras pressões políticas contra ministros e blindado o Judiciário durante o governo Bolsonaro.
1. A sensação de derrota irreversível
No entorno do senador, a avaliação é de que Pacheco vive hoje um momento semelhante ao de Rodrigo Maia — que, após se tornar um símbolo de enfrentamento ao bolsonarismo, acabou isolado politicamente e deixou a linha de frente da política nacional.
Aliados afirmam que Pacheco:
• abriu mão de construir uma identidade política própria,
• enfrentou a direita com firmeza no auge da crise institucional,
• e acreditou que esse comportamento o tornaria um nome natural para o STF.
A negativa antecipada de Lula teria sido “um baque sem volta”.
2. Preterido por Jorge Messias: o ponto mais sensível
A escolha de Lula por Messias, mesmo antes da formalização, foi recebida com perplexidade pelo grupo de Pacheco.
Segundo interlocutores, o senador considera “incompreensível” ser preterido por alguém que — em sua avaliação — teve papel modesto na trajetória que reconduziu Lula ao poder, e que não possui a densidade política, o histórico institucional e o trânsito que ele próprio acumulou à frente do Senado.
Um aliado resume o sentimento interno:
“Para Pacheco, nada justifica Lula preferir Messias a ele.”
3. Queixa dupla: Lula e o STF
As reclamações não se restringem ao Planalto. Fontes próximas afirmam que tanto Rodrigo Pacheco quanto Davi Alcolumbre avaliam que:
• O STF não atuou com firmeza junto a Lula para apoiar o nome de Pacheco.
• A Corte, fortalecida e protegida durante seus mandatos à frente do Senado, mostrou pouco empenho em ajudá-lo na disputa pela vaga.
Nos bastidores, a irritação é grande:
“O STF foi empoderado por ele — e agora não move uma palha.”
4. O cálculo político que virou contra ele
Nos últimos anos, Pacheco adotou uma postura de contenção das crises, travando pedidos de impeachment de ministros estimulados por aliados de Bolsonaro e blindando a Corte em momentos decisivos.
Acreditava que esse movimento lhe abriria portas futuras — sobretudo no STF.
Agora, aliados admitem que Pacheco percebe que:
• o apoio ao Judiciário lhe rendeu desgaste com a direita,
• não lhe trouxe reconhecimento da esquerda,
• e ainda pode reduzir seu futuro político.
Em resumo: ele se afastou da direita sem se aproximar de fato da esquerda.
5. A palavra que domina o grupo: arrependimento
No entorno do senador, o sentimento é quase unânime: arrependimento.
Arrependimento por ter ido tão longe na defesa institucional do Judiciário.
Arrependimento por ter acreditado que Lula o valorizaria na disputa pela vaga.
Arrependimento por ter travado embates duros com o bolsonarismo mirando uma recompensa que não veio.
Um dos aliados mais próximos sintetizou o clima:
“Ele deu tudo. E ficou sem nada.”
O desgaste ainda está amadurecendo, mas a percepção interna é clara:
Para Rodrigo Pacheco, a recusa antecipada de Lula não foi apenas uma derrota.
Foi a constatação amarga de que toda a sua estratégia política pode ter sido construída sobre uma expectativa que nunca existiu.
Diário do Brasil Notícias




