O maior desafio do Brasil como nação é conseguir superar sua histórica incapacidade de ter crescimento econômico sustentável, a taxas anuais superiores ao aumento da população, como meio para eliminar a miséria, reduzir a pobreza, melhorar o padrão de renda por habitante e se aproximar do clube dos países desenvolvidos. O maior sofrimento do povo brasileiro está refletido na manutenção de 40% de sua população nas classes de miseráveis e pobres, os quais vivem sob regime de carências sociais altamente graves. Apesar de ter um território imenso e ser beneficiado com abundância de recursos naturais, o tão sonhado projeto de nação desenvolvida não tem se realizado, e tudo indica que essa situação de atraso não será superada nos próximos anos.
Entre as condições para viabilizar o crescimento econômico e a melhoria da renda por habitante é necessário elevar a atração de investimento estrangeiro direto (em forma de equipamentos e novas empresas), aumentar a absorção de tecnologia estrangeira a ser incorporada aos processos produtivos internos, atualizar o marco regulatório sobre investimentos estrangeiros diretos no Brasil, modernizar a lei de patentes e direitos autorais, atualizar a legislação sobre remessa de lucros ao exterior e concluir a reforma tributária no capítulo sobre as alíquotas de impostos e contribuições.
O Brasil hoje é um país em que, no capítulo das relações internacionais, predominam negociadores de mentira, personagens de um teatro de horrores que jogou o país no rumo errado
Além dessas condições, o Brasil precisa definir claramente o que vai fazer com o atual posicionamento político e ideológico em relação ao resto do mundo, especialmente o afastamento do mundo ocidental, a hostilidade aos Estados Unidos, a oposição ao Estado de Israel, o alinhamento com ditaduras, o apoio a grupos terroristas e a pregação insistente do governo Lula aos países do Brics no sentido de abandonar o dólar como moeda padrão do comércio internacional. Esse conjunto de posições adotadas pelo governo e vocalizadas o tempo todo pelo presidente Lula significa uma inflexão radical do Brasil em relação ao alinhamento histórico do país ao mundo ocidental livre.
É importante mencionar que as tecnologias modernas e as inovações mais relevantes para fazer a economia crescer estão majoritariamente nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos do mundo capitalista. Se o governo resolver tratar a política externa com pragmatismo e pensando no desenvolvimento nacional, há alguns pontos que devem fazer parte obrigatória da política externa, tais como a aproximação com as nações desenvolvidas em acordos de comércio e de investimentos; o não alinhamento a ditaduras e governos que desrespeitam a democracia e os direitos humanos; a sinalização internacional de que o Brasil deseja participar dos acordos de comércio, de fluxo de capitais e transferência de tecnologia com as nações do primeiro mundo; a adesão às leis e tratados internacionais sobre direitos autorais e de patentes etc.
Ocorre que, para o país ter sucesso em sua política externa e conseguir vantagens para o desenvolvimento nacional, um dos elementos essenciais é ter um presidente da República e um ministro das Relações Exteriores comprometidos com as políticas do mundo livre e democrático, que sejam altamente competentes como negociadores e gozem de credibilidade perante os líderes mundiais. Referindo-se às novas tarifas impostas pelo governo Trump sobre produtos importados do Brasil, Lula provocou sucessivamente, dizendo que Trump não negociara nem 10% do que ele, Lula, havia negociado em sua vida. Além de ser uma bravata rasteira, trata-se de uma provocação, pois, a julgar pelo que o petista vem fazendo em matéria de negociação, o que ele mais tem conseguido é fechar portas e atrair contrariedade.
Em meio à enorme confusão que se tornou a política externa brasileira, há a agravante de que o ministro das Relações Exteriores é desprestigiado pelo governo e se transformou em uma figura ofuscada pelo assessor de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, um esquerdista superado e grosseiro em relação aos Estados Unidos e países aliados ao mundo livre, dedicado a cultivar relações com ditaduras como Venezuela e Irã. No meio dessa confusão de papéis e após o governo dos Estados Unidos ter anunciado que elevaria as tarifas sobre importações oriundas do Brasil, o presidente Lula gastou todo o tempo até a entrada em vigor das novas tarifas criticando e provocando o presidente Trump, quando deveria ter usado cada dia para estabelecer relações e fazer negociações, coisa que até a China fez, chegando a um acordo.
O Brasil hoje é um país em que, no capítulo das relações internacionais, predominam negociadores de mentira – a começar pelo presidente da República, com suas falas e piadas patéticas –, que passarão para a história como personagens de um teatro de horrores que jogou o país no rumo errado e prejudicou o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Quanto ao chanceler brasileiro, Mauro Vieira, o papel ao qual ele está se submetendo é, além de humilhação pessoal, uma vergonha para o país e para a história do próprio Ministério das Relações Exteriores. Nesse cenário, quem perde é o Brasil, que está no caminho de jogar fora a terceira década deste século e se manter no atraso.
Gazeta do Povo