A morte de um policial militar que fazia um Curso de Aperfeiçoamento de Praças (CAP) na Polícia Militar do DF abriu um precedente para a discussão dentro da categoria sobre até que ponto esses cursos que permitem promoções devem ser presenciais ou não
Alunos que frequentam o mesmo curso que frequentava o terceiro-sargento Renato dos Santos, morto hoje (20) em decorrência da suspeita de ter contraído o COVID-19, denunciam que muitos estão concluindo o curso com sintomas da doença.
Segundo informações colhidas pelo blog entre alguns dos cursandos, muitos adquiriram a doença, porém, com receios de serem desligados do curso ficaram calados. Ainda segundo os denunciantes, que pediram para não serem identificados, só em um dos pelotões seis policiais testaram positivo para o COVID-19, entre eles o sargento Renato, falecido hoje.
Para se ter uma ideia, um pelotão que contava com cerca de 26 policiais, desses 24 relataram estar com os sintomas da doença. Mas devido ao receio de perderem a oportunidade de concluírem o curso e serem promovidos, apenas 6 apresentaram atestados médicos.
Num depoimento ao Portal Metrópoles, um cursando afirmou: “Infelizmente, o dito ‘resgate das tradições militares’ custou a vida do nosso amigo Renato Santos. Aos matriculados no CAP II, corram atrás para que seja somente virtual. Nossas famílias e nós mesmos corremos muitos riscos”, lamentou o aluno.
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Outros cursos temem infecção
Está previsto novos cursos a serem realizados e com uma possível “segunda onda” do COVID-19 muitos alunos pré-inscritos temem por suas saúdes. A luta agora será pela realização de Cursos à Distância (EAD) que já é uma realidade em várias polícias do país, pelo menos enquanto durar a pandemia.
O que nãos e entende é como o comando da corporação não se sensibiliza com os fatos reais que tem acontecido. Segundo informações, “Várias comissões foram pedir aos gestores que os cursos sejam totalmente EaD (à distância), porém o comando da corporação insiste em não permitir tal regra.
Durante os cursos o contato pessoal é inevitável. Aulas de defesa pessoal e Ordem Unida (onde todos marcham juntos) é uma exigência da grade curricular. Além disso o turno de 12 horas confinado numa sala onde todos respiram o emsmo ar pode complicar e ser um vetor de contaminação.
Segundo o Metropoles, um depoimento de um policial resume a situação: “Às vezes, a pessoa pega Covid e pensa que, se der o atestado, vai ser desligada do curso. Então, é difícil”, afirma. “A fase presencial está prevista para fevereiro, mas são matérias que podem ser feitas posteriormente. Por que o Comando-Geral daqui não quer que seja EaD, se outros estados estão adotando esse modelo sem problemas?”, questiona.
Segundo informações, o assunto já chegou ao conhecimento do Governador Ibaneis Rocjha (MDB) e ao Secretário de Segurança Pública Anderson Torres. A esperança é que na próxima semana haja um consenso sobre a realização futura de novos cursos e outros que estão prestes a se iniciair na forma de EaD.
Nota da PMDF
Por meio de nota resumida, publicada no site da Polícia Militar do DF, a corporação confirmou a morte do sargento, lotado no 2º BPM. Porém, diante do debate nas redes sociais de policiais militares, o comando da PMDF não havia comentado sobre a avaliação sobre a presença física no curso acima citado. O espaço está aberto para as considerações que acharem necessárias
Leia a nota divulgada na página da PM na internet:
É com pesar que a Polícia Militar do Distrito Federal informa o falecimento do 3º Sgt Renato Pereira dos Santos, de 48 anos, matrícula 73.308/3, lotado no 2º BPM. O policial estava internado há 17 dias, mas faleceu na manhã desta sexta-feira (20), no Hospital Maria Auxiliadora e deixou uma filha.
Da redação com informações Metropoles.com