O jornalismo brasileiro perdeu nesta semana uma de suas vozes mais marcantes. Faleceu, aos 82 anos, o jornalista José Roberto Dias Guzzo, mais conhecido como JR Guzzo. Com uma trajetória de mais de cinco décadas na imprensa nacional, Guzzo foi um dos nomes mais influentes na construção do jornalismo de opinião no país, com passagens emblemáticas por veículos como Veja, O Estado de S. Paulo, Exame e, mais recentemente, Gazeta do Povo.
Guzzo se notabilizou pelo estilo direto, crítico e contundente. Sua escrita combinava rigor intelectual, sarcasmo afiado e um olhar implacável sobre os bastidores do poder e os rumos da política brasileira. Embora tenha ganhado destaque como colunista conservador nos últimos anos, sua carreira foi marcada por uma constante independência editorial, que lhe garantiu tanto admiradores fiéis quanto críticos ferozes.
Durante sua passagem pela Veja, ocupou o cargo de diretor de redação e ajudou a consolidar a revista como um dos principais veículos de informação do país nos anos 1980 e 1990. Também foi um dos responsáveis pela criação da revista Exame, voltada ao jornalismo econômico.
Nos últimos anos, Guzzo se destacou por suas críticas contundentes ao Judiciário, à esquerda política e ao que considerava um excesso de intervencionismo estatal, especialmente em temas ligados à liberdade de expressão e à atuação da imprensa.
Apesar das controvérsias — que nunca evitou —, Guzzo deixa um legado importante para o jornalismo brasileiro: o de que a opinião, quando sustentada por argumentos sólidos e coragem editorial, tem lugar essencial no debate público.
JR Guzzo parte, mas sua voz seguirá ecoando entre as páginas que escreveu — e nas discussões que ajudou a provocar.
**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília
