Em uma série de pelo menos 11 ocasiões ao longo deste ano, ministros do governo Lula e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), têm sido alvo de questionamentos por terem levado suas esposas em voos da FAB (Força Aérea Brasileira).
As informações divulgadas pela Folha de São Paulo trouxeram à tona a controvérsia sobre o uso dos aviões da FAB por autoridades, especialmente após o decreto que regulamentou esse uso ser atualizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em março de 2020.
De acordo com as novas regras, a utilização dos aviões da FAB é restrita a motivos de trabalho, e compete à autoridade solicitante analisar a real necessidade de substituir voos comerciais por voos da Força Aérea.
No entanto, as listas de passageiros das aeronaves revelaram que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), acompanhou sua esposa, Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, em pelo menos nove voos, todos eles do trecho São Paulo-Brasília.
As viagens do ministro Haddad, muitas vezes ocorrendo durante fins de semana, têm gerado questionamentos sobre a pertinência do uso dos aviões da FAB para fins pessoais, uma vez que ele costuma passar seus dias de folga em São Paulo, sua cidade de residência antes de assumir o cargo de ministro da Fazenda.
A assessoria de imprensa da Fazenda se manifestou sobre o assunto, explicando que a professora da USP, Ana Estela Haddad, ocupa o cargo de secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde ‘a convite’ da ministra Nísia Trindade. Afirmaram que nas ocasiões em que ela viajou, o fez como carona, regulada pelo decreto nº 10.267.
Outros ministros também foram envolvidos na polêmica. Luiz Marinho (PT), ministro do Trabalho, compartilhou dois voos com Haddad, levando sua esposa, Nilza Aparecida de Oliveira, secretária-adjunta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, nas ocasiões.
Inclusive, o decreto que regulamenta o uso de aeronaves da FAB determina que somente o presidente do STF pode solicitar aviões da Aeronáutica para deslocamentos a trabalho ou por motivo de segurança.
Porém, o ministro Alexandre de Moraes foi incluído na comitiva de algum dos ministros em um dos voos da FAB, suscitando dúvidas e buscando esclarecimentos junto à assessoria do STF, que não ofereceu resposta sobre o ocorrido.
Mesmo após sua aposentadoria no Supremo, o ministro Ricardo Lewandowski também fez uso de voos da FAB a convite da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, gerando mais questionamentos e reacendendo a discussão sobre a utilização adequada desses recursos.
Além dos ministros, o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, também foi mencionado, tendo levado sua esposa, Rosaly Olsen, em três ocasiões distintas em voos da FAB. E veja também: MP pede arquivamento de ação por injúria de Bolsonaro a Maria do Rosário. Clique AQUI para ver.
