Procedimento realizado no fim de semana reuniu religiosos contrários ao aborto em frente ao hospital, que tentaram impedir a intervenção médica
Após a Justiça do Espírito Santo autorizar o aborto, a gravidez da menina de 10 anos, vítima de estupro cometido pelo próprio tio, foi interrompida em um hospital de Recife, na capital pernambucana, neste domingo (16). De acordo com o juiz Antônio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus, município onde a criança vive, a decisão visa preservar a vida da vítima. Assista a reportagem:
Na última semana, o caso se tornou público e ganhou repercussão nacional após a Polícia Civil do estado tomar conhecimento do ocorrido. No início do mês, a menina compareceu acompanhada de um familiar em um hospital da região queixando-se de dores abdominais e de um estufamento anormal na barriga. A equipe médica, suspeitando dos sintomas relatados, realizou um exame de sangue na criança, cujo resultado confirmou a gestação.
Autoridades locais foram acionadas e conversaram com a menina, que relatou aos agentes que era abusada sexualmente pelo tio desde os seis anos de idade, mas nunca denunciou o crime com medo das ameaças. O homem, que não teve a identidade revelada, permanece foragido. Neste fim de semana, a Justiça autorizou a interrupção da gestação da vítima, que precisou ser levada até Recife, após um hospital do Espírito Santo recusar a realização do procedimento.
Ao longo do dia, grupos religiosos contrários ao aborto fizeram uma espécie de barreira humana na porta da unidade médica, chamando a vítima e os profissionais responsáveis pela interrupção de “assassinos”. Segundo a Constituição Brasileira, o procedimento é assegurado por lei quando não há como salvar a vida da mulher, em casos de estupro e em diagnósticos de anencefalia.
O influenciador digital Felipe Neto, de 32 anos, usou as redes sociais na madrugada desta segunda-feira (17) para manifestar seu apoio à família da menina e afirmou que vai custear os estudos da criança até a conclusão do ensino superior, pois a educação é a “melhor arma” que ele pode oferecer. Já o humorista Whindersson Nunes, 25, afirmou que vai pagar o tratamento psicológico da vítima até que ela complete 18 anos. De acordo com Nunes, o excesso de “atrocidades que ela vai ouvir no decorrer da vida” o preocupa e reforça a necessidade da assistência.
Fonte: SBT