Na última quinta-feira, 2, apostei no Papo Antagonista que Juscelino Filho (foto), o ministro dos cavalos, não seria demitido por Lula. Se a aposta fosse a dinheiro, eu teria levado uma bolada. Lula decidiu manter na pasta das Comunicações o político da União Brasil que usou um avião da FAB e diárias oficiais para visitar uma feira equestre em São Paulo.
Se o presidente estivesse assim tão preocupado com credenciais – morais ou de qualquer outro tipo – nem teria aceitado em seu gabinete figuras como Juscelino e Daniela do Waguinho, também da União, para começo de conversa. Convidou-os no esforço de compor uma base parlamentar.
Com dois meses de governo, Lula sabe que não tem cacife para brigar com um partido médio como o União Brasil, que conta com 59 deputados federais. Se deixasse a legenda irritada e perdesse seus votos em bloco, teria ainda mais dificuldades para aprovar projetos no Congresso do que aquelas que já se anunciam. Lembremos que il gran capo Arthur Lira, presidente da Câmara, fez questão de lembrar hoje mesmo que “o governo não tem base consistente” na Casa que ele comanda.
A perda dos votos não seria a única consequência da demissão de Juscelino. Um aperitivo do discurso que provavelmente seria adotado pela União Brasil foi dado quando Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou que o maranhense deveria se afastar do ministério enquanto a história da viagem era averiguada.
Carlos Graieb – O Antagonista