Mesmo com decreto publicado, ministros descartam uso da Lei de Reciprocidade
Apesar de ter publicado o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica, o governo Lula indicou que não pretende retaliar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros. A sinalização veio após reunião do vice-presidente Geraldo Alckmin com empresários da indústria nesta terça-feira (15), em meio a preocupações sobre uma possível escalada comercial com os Estados Unidos.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), José Velloso, afirmou que os representantes do governo não cogitaram nenhuma medida de retaliação durante o encontro.
“Em momento algum os ministros falaram sobre o uso da Lei de Reciprocidade. Nem mesmo aventaram essa possibilidade — o que consideramos positivo”, disse. Para o setor industrial, evitar confrontos comerciais é essencial para manter a estabilidade.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a posição ao dizer que o governo brasileiro não deseja piorar ainda mais o clima com os EUA. Já Rui Costa, ministro da Casa Civil, também mudou o discurso e avisou que a postura do Planalto será diplomática. Antes disso, em maio, o ministro afirmou que o governo criaria um grupo de estudos com a China para antecipar os projetos de infraestrutura que serão leiloados para a ditadura.
Os novos discursos dos ministros vão de encontro com a posição pública de Lula, que em pronunciamentos anteriores chegou a ameaçar uma reação formal. O decreto que regulamenta essa lei foi publicado no Diário Oficial da União justamente na segunda-feira (14), mas segue sem aplicação prática.
Enquanto isso, a pressão da opinião pública vem aumentando. A pesquisa Genial/Quaest aponta que 53% dos brasileiros defendem a retaliação contra os EUA, enquanto 39% são contrários. O levantamento ouviu 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14 de julho, com margem de erro de 2 pontos percentuais.
Blog do Cláudio Dantas
