O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), durante o anúncio do pacote de ações federais para enfrentamento da crise no estado, enfatizou a superação de ‘divergências ideológicas’ e afirmou que as necessidades urgentes da população gaúcha serão atendidas com “o maior esforço de seu presidente, de seu governador e de prefeitos”.
De acordo com reportagem da Folha de SP, a ausência de um agradecimento direto a Lula foi interpretada como demonstração de contrariedade do tucano com a nomeação de Paulo Pimenta (PT) para a ‘Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul’.
De acordo com o jornal paulista, aliados do governador admitem que Leite ficou muito incomodado com a designação de um político com pretensões eleitorais no estado. O governador soube pela imprensa da nomeação de Pimenta.
O temor do tucano é que Lula queira criar um governo paralelo no estado, em que os ministros passem a discutir medidas diretamente com Pimenta, desviando do Palácio do Piratini.
De acordo com Folha, o Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad, já havia apresentado uma proposta segundo a qual caberia ao governo petista a definição do destino dos recursos oriundos da suspensão do pagamento da dívida do estado com a União.
A Fazenda chegou a elaborar o texto em que o governo Leite se comprometeria a submeter à União a aplicação do dinheiro mantido nos cofres do estado graças à suspensão do pagamento da parcela da dívida. Mas Leite não concordou e convenceu Lula de que essa fórmula seria inviável diante da urgência de medidas para reconstrução do RS.
O medo agora é que a secretaria represente nova tentativa de controle dos recursos no estado. O mal-estar poderá se acentuar caso Pimenta indique o ex-prefeito gaúcho do PT Emanuel Hassen De Jesus, conhecido como Maneco Hassen, para a secretaria-executiva da autoridade federal.
O presidente do PSDB, ex-governador de Goiás Marconi Perillo, foi um dos porta-vozes dessa insatisfação. “Causou muita estranheza o fato de o presidente ter anunciado a autoridade federal sem ter sequer falado disso com o governador, que é a principal autoridade constitucional no estado”, afirmou.
Já o ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que questionará, na Câmara dos Deputados, os fundamentos legais para a constituição desse ministério. Na opinião de Aécio, abre-se um precedente perigoso. “É uma intervenção no estado não prevista na Constituição”, disse ele.
Aécio pergunta se o PT consideraria razoável se o governo Jair Bolsonaro (PL) criasse secretarias extraordinárias nos estados brasileiros para combater a pandemia da Covid-19.
Com informações Direita Online