A ex-presidente da República Dilma Rousseff, que sofreu um impeachment em 2016, foi oficialmente eleita e nomeada nesta sexta-feira (24/3), por unanimidade, como presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada em 2014 pelo Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O anúncio foi divulgado em nota publicada no site da instituição.
A escolha foi feita pelo conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores, mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai). De acordo com o comunicado da instituição, a escolha tem vigência imediata. A petista foi sabatinada por autoridades estrangeiras ao longo deste mês.
Dilma deve ganhar cerca de 500 mil dólares (R$ 2,6 milhões) por ano à frente do NDB, cerca de 217 mil reais por mês, equivalente ao valor pago pelo Banco Mundial. O banco ainda oferece benefícios como assistência médica, auxílio-viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, além de transporte aéreo.
A petista substitui o então gestor da instituição, Marcos Troyjo, que tinha sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ficaria na chefia do NDB até 2025. A saída de Troyjo, no entanto, passou a se tornar iminente em razão de críticas feitas por ele a Lula no passado. Enquanto comentarista da Jovem Pan, o ex-chefe do banco chegou a chamar o petista de “presidiário”.
Entenda
O processo de impeachment de Dilma Rousseff teve início em 2 de dezembro de 2015, quando o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha deu prosseguimento ao pedido dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Com uma duração de 273 dias, o caso se encerrou em 31 de agosto de 2016, tendo como resultado a cassação do mandato, mas sem a perda dos direitos políticos de Dilma.
Na justificação para o pedido de impeachment, os juristas alegaram que a então presidente havia cometido crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais” e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso.
A acusação argumentou que os decretos autorizaram suplementação do orçamento em mais de R$ 95 bilhões e contribuíram para o descumprimento da meta fiscal de 2015. Disseram que o governo sabia da irregularidade porque já havia pedido revisão da meta quando editou os decretos e que o Legislativo não tinha sido consultado, como deveria ter sido feito antes da nova meta ser aprovada.
Em relação às pedaladas, a acusação disse que não foram apenas atrasos operacionais porque o débito do Tesouro com os bancos públicos se acumulou por longo tempo e chegou a valores muito altos. Segundo os juristas, o acúmulo dos débitos serviu para fabricar superavit fiscal que não existia e para criar uma situação positiva das contas públicas que não era verdadeira. O objetivo das “pedaladas”, como afirmaram, teria sido, portanto, esconder a real situação fiscal do país. (Fonte: Agência Senado).
Com um salário desses não há o que se reclamar para uma ex-presidente impeachmada em 2016.