- PUBLICIDADE -

Comandante da PM afasta policial após ele apreender carro de vereadora

Um policial militar de Marília foi transferido da Companhia de Trânsito, onde atuava, para outras funções de policiamento, após apreender um carro de propriedade da vereadora professora Daniela (PL). O veículo foi guinchando no início da madrugada do último domingo (16).

Conforme apurou a reportagem do Marília Notícia, o Ford Fusion preto, ano 2008, estava supostamente circulando com dois pneus “carecas” e com licenciamento vencido.

O veículo, que era conduzido pela filha da vereadora, foi abordado por volta da 0h30 do dia 16 de agosto, durante uma blitz de trânsito na rua Carlos Botelho, no bairro Maria Izabel.

O policial teria orientado a motorista de que é possível efetuar o pagamento do licenciamento por aplicativo, para evitar a apreensão. Para tentar resolver o problema, a jovem teria ligado para familiares e provocado a intervenção da mãe vereadora.

A reclamação contra o procedimento do policial foi parar – ainda durante a madrugada – no alto escalão do 9º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I).

A tenente-coronel Márcia Cristina Cristal Gomes teria ligado para a equipe responsável pela apreensão, para tentar intervir. Ao saber que o carro já havido sido recolhido, repreendeu o policial militar responsável pela patrulha de trânsito.

Apesar de agir em conformidade com o Código de Trânsito – que prevê a remoção, quando há “impossibilidade da irregularidade ser sanada no local”, o policial acabou sendo afastado do patrulhamento de trânsito por supostamente não ter “jogo de cintura” e “bom senso”.

“Ela é vereadora, quem você pensa que é?”, teria dito Cristal ao policial.

Tenente-coronel Márcia Cristal comanda o 9º Batalhão da PM em Marília (Foto: Arquivo/Marília Notícia)

Resgate do carro

Mesmo dentro do prazo de isenção de cinco dias – concedido pelo pátio de apreensões em função da pandemia – o veículo da vereadora permanece apreendido. A liberação depende do pagamento do licenciamento atrasado e da taxa de guincho, que é de R$ 303.

O MN apurou que a apreensão de veículos em condições semelhantes continua a ser feita em Marília, independente da pandemia do novo coronavírus. No caso dos pneus “carecas”, há ainda outro agravante, já que liberação do carro poderia favorecer acidente e colocar em risco outros usuários do trânsito.

A pandemia acelerou facilidades digitais para ficar em dia com o Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran-SP). O órgão implantou sistema 100% digital para o licenciamento e cumpre resoluções federais, como por exemplo, a que isentou motoristas de penalidade por dirigir com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida.

Outro lado

A reportagem procurou a vereadora professora Daniela, que admitiu ter ligado para a comandante do batalhão após o ocorrido. “O pedido foi como munícipe normal, que pediria qualquer outra coisa, não foi utilizando nada… normal”, disse a parlamentar.

Ela negou de forma veemente que tenha influenciado para que o policial sofresse qualquer tipo de punição.

Questionada se pediu para a comandante intervir, para o carro não ser guinchado, Daniela disse que perguntou à chefe militar se havia a possibilidade do recolhimento, apenas, do documento. “No trânsito a gente entende que existe essa possibilidade”, afirmou ao site.

Em um segundo contato com a reportagem – por sua iniciativa – a vereadora acrescentou que teria sido feita uma perícia no veículo, por um militar, com constatação de que os pneus não estavam sem condições de uso.

Daniela disse ainda que o licenciamento estava vencido há 15 dias e teve negado o direito de tolerância de 30 dias, devido a pandemia.

Polícia Militar

Em nota enviada ao Marília Notícia, a Polícia Militar afirmou “que o comando do 9º Batalhão de Polícia Militar do Interior instaurou procedimento apuratório para averiguar a regularidade da apreensão do veículo, considerando que há indícios de inconformidades administrativas”.

“O policial militar foi afastado do policiamento de trânsito durante a apuração”, finaliza o breve comunicado.

Fonte: MN Notícias

Sair da versão mobile