**Por Jorge Poliglota
Há 4 dias das eleições de 2 de outubro a política dentro da PM anda embolada e as práticas de outrora voltam à tona na maior naturalidade. Cada postulante a representar a corporação e seus integrantes quer mostrar que tem mais potencial e capacidade do que outro representante. O resultado pode ser catastrófico
A briga pelo governo do Distrito Federal, que dessa vez, com exclusividade, os integrantes da corporação resolveram optar em colocar um militar na linha de frente (governo do DF), acabou indo para o espaço ontem (27) no debate promovido pela Rede Globo de Televisão.
O nome de ponta optado pela corporação ao governo do DF, o coronel da PMDF conhecido por Moreno, perdeu uma grande oportunidade de mostrar o poder que tem essa corporação e o tanto que ela pode influenciar no cenário político da capital.
Extremamente nervoso, sem argumentos e sem apresentar projetos plausíveis às corporações e à sociedade, além daqueles conhecidos pelo soldado mais moderno da corporação ao coronel da reserva remunerada, foi engolido no debate de ontem à noite dos candidatos ao governo do Distrito Federal.
Quando podia explorar os temas voltados para sua área, a segurança pública, a qual, em tese, deveria ter conhecimento pleno e suficiente para “emboçar” os candidatos concorrentes, “colou as placas”, como se diz no jargão militar e deu espaço para os adversários. Perdeu-se completamente e desperdiçou a grande oportunidade.
Nas questões federais, candidatos que não tem a mínima possibilidade de chegar a vencer o pleito estão sumidos. Nas poucas vezes que vão às redes sociais não conseguem convencer o eleitorado militar e seus dependentes. Não vemos propagandas, aparições contínuas nas redes sociais e, ofuscados por “paisanos” experientes, vão perdendo espaços.
Já quando o assunto são os distritais a coisa piora. Chegou o momento do tudo ou nada e os ataques em redes sociais já estão em pleno vapor. Cada um puxando a sardinha para seu lado e tentando convencer o eleitorado militar de que ele é o melhor nome para representa-los.
Infelizmente, entra eleição e sai eleição, a prática se repete e, mais uma vez, não será diferente, ao que tudo indica. Como outrora, nunca houve um consenso mínimo dentro da corporação para que no frigir dos ovos todos fossem beneficiados. A divisão interna continua e o ditado “farinha pouco meu pirão primeiro” prevalece. A pulverização de votos tem uma taxa altíssima. O risco é que, mais uma vez, a corporação não consiga agregar forças suficiente para ter o maior número de representação possível na Câmara Legislativa. Péssimo isso para uma corporação poderosa e grande agregadora de votos, ao contrário da co-irmã PCDF, que sempre consegue colocar representantes, mesmo com um efetivo duas a três vezes menor.
Hoje as corporações militares dispõem de dois representantes na Câmara Legislativa, Roosevelt Vilela (PSB) e João Hermeto (MDB). Ambos não conseguiram satisfazer os interesses das corporações, na opinião daqueles que sempre fizeram oposição a ambos, mas são reais postulantes à reeleição com grandes possibilidades de se reelegerem. Um deles, Hermeto, é Líder do Governo e aliado de confiança do governador atual. Conquistas, por menores que fossem, foram atingidas com a intervenção dele. Os militares fazem parte de uma classe imediatista, despolitizada e egoísta e isso será sempre uma barreira nas pretensões políticas da corporação e seus futuros representantes.
Segundo especialistas consultados pelo portal Opinião Brasília, um nome parece ser consenso a ser somado aos dois já existentes na Câmara Legislativa, Roosevelt e Hermeto, que devem se reeleger: Lusimar Arruda, o Sgt Jabá. Um cara conhecido pelas lutas em prol da corporação e que traz consigo o apoio de seu partido, sendo, inclusive, o cabeça de chapa. Resta saber se seu partido conseguirá atingir o quociente eleitoral de mais de 64 mil votos e leva-lo à vitória.
Conseguindo a vitória nas urnas, Jabá sabe que precisará “conversar” com o provável governador eleito, ou reeleito, caso também saia vitorioso no embate eleitoral. O discurso de oposição deverá ser substituído pelo discurso do consenso e diálogo permanente. Por mais quatro anos, provavelmente e segundo as pesquisas, Ibaneis Rocha poderá continuar governador o qual tanto a corporação reclamou e reclama da discriminação entre as forças de segurança. Ibaneis dará continuidade ao seu governo e uma oposição irresponsável não levará a nada em benefícios futuros pretendidos pela corporação, seus integrantes e dependentes.
Domingo está logo ali e nesse dia, após as 17 horas, todos já terão um cenário do que pode ou deva acontecer nos próximos 4 anos. O bem maior nessa caminhada se chama Polícia Militar e seus integrantes e é exatamente nisso que os hoje pretensos candidatos devem focar. Ao mesmo tempo que 4 anos passam rápido, podem da mesma forma se tornar uma eternidade.
Que venha dia 2 de outubro…
Da redação,
Por Jorge Poliglota…
**Poliglota é Oficial da Reserva da PMDF, jornalista e editor-chefe do portal Opinião Brasília e Presidente do Conselho de Ética da Associação Brasileira de Portais de Notícias (ABBP)