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Bancada do União Brasil rejeita Moro e vê chance remota na filiação do ex-juiz

Movimento conta com a simpatia da cúpula do PSL, mas esbarra na antipatia de caciques do DEM, que acreditam que aliança com ex-ministro do governo Bolsonaro pode atrapalhar desempenho nas urnas

Joven Pan

Embora conte com a simpatia da cúpula do PSL, a possibilidade do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) se filiar ao União Brasil para disputar a eleição pela Presidência da República esbarra na rejeição de caciques do DEM, a segunda metade do partido que deve ser homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos próximos meses. Lideranças do Democratas que se opõem ao movimento afirmam que o ex-ministro do governo Bolsonaro tem altos índices de rejeição, o que afetaria, sobretudo, as campanhas de governadores que buscam a reeleição. Moro se filiou ao Podemos em novembro de 2021 e aparece em terceiro nas pesquisas na corrida pelo Palácio do Planalto, atrás do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como a Jovem Pan mostrou, as cúpulas do Podemos e do União Brasil haviam encaminhado um acordo para que o novo partido indicasse o candidato a vice-presidente na chapa de Sergio Moro. Nesta costura, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), despontava como o nome favorito. Em paralelo, entusiastas da candidatura passaram a defender que o ex-juiz da Lava Jato migrasse para uma legenda com maior capilaridade e recursos financeiros, a fim de alavancar a postulação – o partido que nascerá da fusão entre DEM e PSL terá cerca de R$ 1 bilhão em verbas dos fundos partidário e eleitoral, ante aproximadamente R$ 230 milhões da atual legenda de Moro. Em entrevista à Jovem Pan, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, disse que fará de tudo para que o ex-juiz vença a eleição, mas ressaltou que as conversas não avançaram. “Não descartamos nada para o Moro ganhar a eleição. Tem as pessoas que querem que eu seja a vice, há quem queira o Bivar [futuro presidente do União Brasil]. Temos muitas conversas, mas nada decidido, nada avançado”, afirmou. Sob reserva, um integrante da campanha de Moro disse à reportagem que o presidenciável do Podemos é alvo de “fogo amigo” e que as especulações sobre o futuro partidário do ex-juiz visam desgastar sua imagem.

No início desta semana, porém, Moro ouviu de emissários do União Brasil que dirigentes e parlamentares do DEM não estão muito empolgados com a ideia de filiação. Segundo apurou a reportagem, um dos principais entraves para este acordo é o presidente do Democratas, ACM Neto. O ex-prefeito de Salvador disputará a eleição pelo governo da Bahia, um Estado eminentemente lulista, e tem dito a interlocutores que não quer estar atrelado à figura que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), figura importante do partido, divide parte do eleitorado com o presidente Jair Bolsonaro e avalia que o ex-juiz, tido como traidor nas hostes bolsonaristas, pode atrapalhar a sua reeleição. Em São Paulo, por exemplo, o DEM integra a base de apoio do governador João Doria (PSDB), presidenciável tucano. Para além das questões regionais, lideranças democratas afirmam que a rejeição a Moro, somada ao seu desempenho nas pesquisas, são empecilhos para a aliança. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que presidirá a bancada evangélica em 2022, acredita que o União Brasil focará na eleição de deputados federais e vê como “próxima de zero” a chance de Moro se filiar à legenda.

“É precipitado falar sobre qualquer movimento do União Brasil, uma vez que ainda estamos em processo de fusão. Caso o partido seja homologado e a composição no meu Estado seja favorável para que eu fique no partido, umas das minhas condições [para permanecer] é que eu possa trabalhar pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Quando o União for homologado, não acredito que apoiaremos candidato nenhum. É foco na eleição e reeleição de deputados federais, além dos governadores que buscarão a reeleição. Temos o ACM, Caiado, o Mauro Mendes, no Mato Grosso, e não vejo essas pessoas dando palanque para Moro, principalmente com esses 8%, 9% das pesquisas. Para quem está na cadeira, se aliar a um candidato com esse rendimento baixo puxa a candidatura para baixo. Entendo que é próxima de zero a chance de filiação”, afirmou Sóstenes à Jovem Pan.

Vice-presidente nacional do PSL e um dos principais entusiastas da candidatura de Sergio Moro à Presidência, o deputado federal Júnior Bozzella (SP) vai na contramão do diagnóstico feito por futuros correligionários e afirma que a presidente Renata Abreu tem mostrado “desprendimento” em relação ao ex-juiz da Lava Jato. “O União Brasil nasce com uma pauta de país, com o objetivo de lutar e apresentar soluções para o Brasil, com o desejo de apresentar uma candidatura própria. Temos que sair do discurso para a prática. Não podemos deixar que interesses particulares estejam acima das necessidades do país. Se a agenda particular se impuser, não conseguiremos vencer esta polarização entre Lula e Bolsonaro”, disse Bozzella à reportagem.

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