Ex-governador diz receber “muitos convites” para filiação partidária e tenta reverter inelegibilidade
O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda confirmou ao Diário do Poder que tem recebido “vários convites” de partidos diferentes, após deixar o PL esta semana, partido ao qual foi filiado por 12 anos, mas negou que tenha se reunido com o ex-ministro José Dirceu (PT), como chegou a ser noticiado. “Fico muito honrado com isso. Fico feliz de ser lembrado depois de tudo que sofri”, afirmou o político.
Arruda foi preso em 2010, no exercício do mandato, alvo da Operação Caixa de Pandora, que investigou o pagamento de propina a agentes políticos no DF. Ano passado, foi novamente condenado por improbidade administrativa, mas ainda estaria tentando viabilizar sua elegibilidade, apostando na Lei Complementar 219/25, que afrouxou os parâmetros da Lei da Ficha Limpa.
Se a reunião com José Dirceu não ocorreu, o ex-governador posou sorridente ao lado do ativista de esquerda Ricardo Capelli, ex-PCdoB e hoje filiado ao PSB. Capelli também tenta viabilizar sua candidatura para 2026 e o encontro entre os dois estimulou a ideia de que Arruda poderia formar uma aliança inédita com a esquerda no DF. O ex-governador faz mistério: “quem tem tempo não tem pressa”, disse.
Inelegibilidade no caminho
Apesar da negativa, há políticos no DF que até explicam as motivações da suposta conversa de Arruda com José Dirceu, começando pela discussão sobre opções para reverter no STF sua inelegibilidade. Há precedentes: em 2009, Dirceu declarou ao Jornal da Comunidade , semanário que circulava no Distrito Federal, demonstrando preferência por Arruda em detrimento de Joaquim Roriz, sinalizando afinidade política.
Ele acha que poderá ser candidato em 2026, ao contrário do que afirmam juristas e ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como Marco Aurélio e Carlos Horbach. Arruda acha que a lei retroagirá para o beneficiar, mas os magistrados lembram que entendimento recente do Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que esse princípio não se aplica em condenados por improbilidade administrartiva. Arruda tem cinco condenações sendo as mais recentes em 2018 e 2024. Com isso, ele estará inelegível até 2032. O ex-governador afirma estar otimista quanto às chances de ser candidato em 2026.
Arruda garante que o suposto encontro com José Dirceu nunca aconteceu. O ex-ministro teria sido beneficiado pela alteração que torno a Lei Ficha Limpa flexível, mas há dúvidas quanto a isso.
As especulações sobre o suposto encontro com Dirceu cresceram com sua desfiliação ao PL, cujo presidente, Valdemar Costa Neto, confirmou a vontade do político de disputar o governo do DF. O partido de Jair Bolsonaro apoia a candidatura da atual vice-governadora, Celina Leão (PP), companheira de chapa e também apoiada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), pré-candidato ao Senado. No PL-DF, não há espaço para uma candidatura de Arruda.
Com informações Diário do Poder