Após compartilharem equipamentos, 16 PMs do DF são infectados pela Covid-19

RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

A corporação registrou 12 mortes. Segundo a Secretaria de Saúde, no total, 1.876 servidores da Segurança foram diagnosticados e 18 faleceram

Entre os profissionais da Segurança Pública do Distrito Federal, os policiais militares são os mais contaminados pelo novo coronavírus. Segundo dados atualizados nessa sexta-feira (27/11), 1.468 militares já testaram positivo para a doença, o que representa 78% dos casos entre todos os servidores das forças distritais de segurança. A corporação também registrou 12 mortes.

Segundo a Secretaria de Saúde, no total, 1.876 profissionais da Segurança Pública foram diagnosticados e 18 faleceram.

Sob condição de anonimato, militares denunciaram ao Metrópoles que algumas viaturas não estão sendo higienizadas. “A sensação que passa é a de que o coronavírus acabou na Polícia Militar. Entre um serviço e outro, troca de plantões, não há higienização das viaturas”, relatou um PM.

“Passamos boa parte do expediente nos veículos, fazendo ronda, em contato com muitas pessoas. Já houve plantão em que faltou luvas e álcool em gel. O material de desinfecção das viaturas também não está sendo distribuído”, completou outro policial.

Equipamentos compartilhados

Uma denúncia sobre o compartilhamento de equipamentos de proteção durante ações policiais chegou à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Policiais afirmaram à Comissão de Direitos Humanos que estavam dividindo exoesqueletos e capacetes.

Os agentes alegaram que colegas da corporação escalados para trabalhar na manifestação de 21 de junho (veja galeria abaixo), na Esplanada dos Ministérios, testaram positivo para a doença uma semana depois do evento. Um deles morreu. A Comissão de Direitos Humanos da CLDF enviou um ofício ao comandante-geral da PMDF pedindo providências. A resposta chegou até a comissão nesta semana.

No documento, a PMDF reconheceu que militares em serviço na manifestação foram infectados, mas alegou que não é possível afirmar que o contágio tenha ocorrido durante o trabalho. Apesar de a CLDF questionar sobre a higienização dos equipamentos, a corporação não respondeu essa questão.

“Dezesseis desses policiais militares testaram positivo para a Covid-19, os quais receberam atendimento e acompanhamento médico adequado por parte da PMDF. Nesse sentido, considerando o lapso temporal acima citado e as demais atividades realizadas pelos militares, não há como inferir que a contaminação ocorreu durante o referido serviço”, diz o ofício assinar pelo comandante-geral da PM, Julian Rocha Pontes.

Morte

O Metrópoles revelou em 20 de novembro deste ano que alunos do 1º Curso de Aperfeiçoamento de Praças (CAP I) da Polícia Militar do Distrito Federal denunciaram casos de infecção por Covid-19 durante as aulas presenciais. De acordo com os relatos, no início do mês, em apenas um pelotão, seis policiais testaram positivo. Um deles, o terceiro-sargento Renato Pereira dos Santos, do 2º BPM, faleceu no dia 20 de novembro, com suspeita da doença.

Segundo um dos alunos do CAP I (veja galeria abaixo), que pediu para não ser identificado, em um pelotão que contava com 26 policiais, 24 relataram estar com sintomas do novo coronavírus. No entanto, apenas seis apresentaram atestado com diagnóstico da doença.

“Infelizmente, o dito ‘resgate das tradições militares’ custou a vida do nosso amigo Renato Santos. Aos matriculados no CAP II, corram atrás para que seja somente virtual. Nossas famílias e nós mesmos corremos muitos riscos”, lamentou o aluno.

O curso começou em 16 de março e estava previsto para terminar em 2 de julho. Porém, devido à pandemia, as aulas foram adiadas e seguiram em novembro.

Uma aluna do CAP II, curso no qual as aulas presenciais ainda vão começar, relatou que as turmas agora lutam para que todas as disciplinas possam ser ministradas a distância enquanto durar a pandemia.

Matéria completa Metropoles.com

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