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Apagão nacional: o que se sabe e o que falta saber

Falha afetou todas as 26 Unidades da Federação, exceto Roraima. Causa do incidente ainda não foi revelada

Um apagão afetou todas as unidades da federação na manhã desta terça-feira (15), com exceção de Roraima.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME), uma falha aconteceu no Sistema Interligado Nacional às 08h31 desta manhã. A causa do incidente, contudo, ainda não foi divulgada pelos órgãos. (veja mais abaixo)

Até a última atualização desta reportagem, o MME afirmava que o fornecimento de energia elétrica foi restabelecido por completo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Agora, as equipes atuam para retomar as cargas das regiões Norte e Nordeste.

Veja abaixo o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o apagão nacional desta terça-feira.

O que aconteceu?

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou uma ocorrência às 8h31 desta quarta-feira, que levou a uma “separação elétrica” no sistema interligado. Na prática, as regiões Norte e Nordeste do país foram desconectadas do Sul e Sudeste.

Com o incidente, o órgão realizou uma “ação controlada” — ou seja, proposital — para evitar que o problema na rede se espalhasse.

“Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência”, diz o ONS.

Segundo apurado pela reportagem do g1, apenas o estado de Roraima não registrou falta de energia nesta manhã. Trata-se, inclusive, do único estado que não é ligado ao Sistema Interligado Nacional.

Qual foi a causa do incidente?

O Ministério de Minas e Energia (MME) e o ONS não informaram os motivos do incidente até a última atualização desta reportagem.

O MME informou em nota que o ministro da pasta, Alexandre Silveira, “já determinou a criação de uma sala de situação” para apurar o incidente e lidera todo o processo de retomada do fornecimento de energia elétrica no país, além de ter determinado a “rigorosa apuração das causas”.

“A equipe do MME está trabalhando para que a carga seja plenamente restaurada o mais breve possível”, informou a pasta.

Em entrevista concedida nesta terça-feira (15), o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou que apesar da “ação rápida” do governo em resposta ao apagão de energia, há um problema ainda não resolvido sobre o tema no Maranhão.

“Conversei com o [ministro] substituto Efraim [Pereira da Cruz], que é secretário-executivo, e está indo bem. Estão com um problema em Imperatriz, no Maranhão, mas já estão debruçados lá sobre o problema”, afirmou .

Alckmin ainda afirmou que, “se tudo correr bem”, em poucas horas tudo deve estar normalizado. “E aí, vai se investigar a causa dessa perda de carga”, completou.

Quais foram os impactos do apagão?

Com a interrupção no fornecimento de energia, uma série de problemas foram registrados ao redor do país, tais como:

Problemas em linhas de metrô;

Interrupção no fornecimento de água de algumas cidades;

Semáforos apagados, que geraram caos no trânsito;

Escolas precisaram dispensar alunos mais cedo em algumas localizações;

Comércios tiveram prejuízos;

Hospital suspende consultas

Relatos registrados em Belo Horizonte, São Paulo e Salvador apontam para impactos nas linhas de metrô. Na capital baiana, por exemplo, os passageiros precisaram deixar os vagões em que estavam e caminharem pelos trilhos.

Já em São Paulo, relatos apontaram que as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 4-Amarela e 15-Prata tiveram impactos.

Com o problema, as plataformas ficaram lotadas e ônibus do sistema Paese foram acionados. Os passageiros foram orientados por avisos sonoros e pelo Agente de Atendimento e Segurança nos trens e estações.

Em nota, a ViaQuatro, concessionária responsável pela Linha 4-Amarela, informou que os trens operavam com velocidade reduzida e maior tempo de parada por conta da falha elétrica.

Já a CPTM informou que a oscilação de fornecimento de energia não afetou a circulação de trens e não houve registro de ocorrências, mas reiterou que algumas estações ficaram sem energia e precisaram funcionar por gerador. A normalização foi completa às 11h.

O Metrô de São Paulo informou que todas as linhas já estão operando normalmente.

Interrupção no fornecimento de água de algumas cidades

O apagão também afetou os sistemas de fornecimento de água que atendem a maioria das cidades de Alagoas, segundo informou a Companhia de Saneamento. Pelo menos 77 dos 102 municípios do estado ficaram com o serviço deficitário.

No Pará e no Amapá, pessoas também relataram que o abastecimento de água estava acabando.

Ainda não há um levantamento de quantas pessoas foram afetadas pela falta de água porque o desabastecimento é parcial em algumas cidades e não afeta toda a população de cada uma delas, já que alguns imóveis têm sistema próprio como cisternas ou poços.

Semáforos apagados geraram caos no trânsito

Com o apagão, semáforos ficaram apagados em diversas regiões do país e causaram confusão e caos no trânsito. Entre os estados que registraram relatos estão: Alagoas, Amapá, Piauí, Ceará, Pará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Escolas em algumas localizações precisaram dispensar alunos mais cedo

Devido à falta de energia, diversas escolas e universidades ao redor do país liberaram os alunos mais cedo.

Comércios tiveram prejuízos

O apagão também afetou vários comércios brasileiros. Em Manaus, por exemplo, o proprietário de uma panificadora precisou improvisar com velas para conseguir atender os clientes.

Já em Teresina, o proprietário de um quiosque relatou que suas vendas foram afetadas. “Dependemos de internet, de liquidificador para fazer suco, e principalmente de maquininhas de cartão e PIX”, afirmou.

Hospital suspende consultas

Em São Luiz, no Maranhão, o Hospital do Câncer parou de atender nas áreas de consultas e exames após o apagão, por não ter um gerador de energia. Pessoas que esperavam atendimento precisaram ir embora.

Desde quando não havia um apagão nacional?

O último apagão que afetou a maior parte das regiões do Brasil aconteceu em 2014, quando um curto-circuito em uma linha de transmissão deixou Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste sem energia. À época, ao menos 11 estados foram impactados.

Naquele ano, o ONS havia informado que a “perturbação no Sistema Interligado Nacional” ocorreu entre o município de Colinas (TO) e a região de Serra da Mesa (GO), provocando a interrupção do fornecimento de cerca de 5 mil MW (megawatts).

Esse, no entanto, não foi a maior interrupção de energia registrada no país. Em 2009, um apagão afetou 18 estados e algumas cidades do Paraguai, deixando quase 60 milhões de pessoas sem energia elétrica por seis horas.

Nesse caso, o motivo foi um curto-circuito que, provocado possivelmente por um raio, desligou três linhas de alta tensão que distribuíam a energia produzida na usina de Itaipu para as principais regiões do país. Como consequência, a hidrelétrica binacional foi desligada.

O que diz o Ministério de Minas e Energia?

Em nota, o MME informou que já houve retomada das cargas afetadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Veja a última atualização divulgada na íntegra:

“O Ministério de Minas e Energia (MME), em atualização à situação de atendimento elétrico brasileiro, informa que já houve retomada das cargas afetadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Todas as capitais do Nordeste também tiveram o suprimento de energia normalizado.

No momento, as equipes atuam para restabelecer as cargas ainda afetadas nas regiões Norte e em outras localidades do Nordeste.

Até às 12h30, estão recompostos 41% da carga da região Norte e 85% da região Nordeste”.

A Pasta ainda informou que o ministro Alexandre Silveira já determinou a criação de uma “sala de situação” e lidera todo processo de retomada, bem como determinou a rigorosa apuração das causas do incidente.

O que diz o Operador Nacional do Sistema Elétrico?

Já o ONS informou, em nota, que até às 10h09 já tinham sido recompostos 7 mil MW de carga.

Veja a última atualização divulgada na íntegra:

“O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirma que hoje, dia 15 de agosto, às 8h31m, houve uma ocorrência no sistema que provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas regiões. Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência.

O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões. As causas da ocorrência ainda estão sendo apuradas.

A recomposição já foi iniciada em todas as regiões e estão concluídas nas regiões Sul e Sudeste. Até às 10h09, 7 mil MW já haviam sido recompostos.”

O que diz a Aneel?

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, afirmou nesta terça-feira (15) que o foco do governo no momento é restaurar o fornecimento, e que “eventuais repercussões” serão definidas depois.

“Primeira preocupação que temos em um evento desse é restaurar o serviço e é exatamente isso que, nesse momento, o ministério está envolvido, o ONS, as empresas e a Aneel. Eventuais repercussões, depois que o problema está resolvido, é que nós vamos passar para essa etapa”, declarou.

Os diretores da Aneel se reúnem às 14h, no Ministério de Minas e Energia, com representantes do ONS, do ministério, da Empresa de Pesquisa Energética e agentes do setor para tratar do apagão.

“Um evento dessas proporções precisa ser avaliado com critérios para que possamos depois atribuir alguma causa específica. Nesse momento, não temos nenhuma causa a repassar”, afirmou.

G1

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