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“ALERJ se ajoelha: revogação da prisão de Bacellar expõe a decadência do legislativo carioca”

A decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) de revogar a prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar expôs, mais uma vez, a profunda crise moral que corrói o Legislativo fluminense. Acusado de vazar informações sigilosas sobre a operação que mirava o deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva — o TH Joias — Bacellar tornou-se símbolo de um sistema político que, em vez de defender a sociedade, parece atuar como escudo protetor de seus próprios integrantes.

Em qualquer democracia madura, suspeitas envolvendo interferência em operações policiais e vazamento de dados sigilosos acionariam alertas institucionais e demandariam reforço à transparência e à investigação. No Rio de Janeiro, contudo, a resposta foi outra: deputados mobilizaram suas bancadas para salvar um colega antes mesmo de permitir o avanço pleno das apurações. O recado, ainda que não verbalizado, é claro: a autopreservação da classe política vale mais que a confiança pública, mais que a integridade das instituições, mais que o combate ao crime.

A Alerj, que há anos coleciona episódios de escândalos, afastamentos e prisões — muitos deles envolvendo presidentes da própria Casa — voltou a protagonizar um espetáculo que reforça sua imagem desgastada. A mensagem para a população fluminense, farta de corrupção e de insegurança, é devastadora: quando a lei bate às portas do Parlamento, são os parlamentares que se movimentam para blindar-se, não para responder às acusações com a transparência necessária.

Ao ignorar o caráter sensível das suspeitas contra Bacellar, a Casa demonstra desprezo pelo esforço das instituições que tentam, a duras penas, reprimir a intersecção entre crime, política e influência. Além disso, a revogação da prisão cria um precedente perigoso: o de que a Alerj não atua como poder fiscalizador e representante da sociedade, mas como instância de proteção corporativa.

O Legislativo carioca, mais uma vez, perdeu a oportunidade de reafirmar seu compromisso com a ética pública. Em vez disso, preferiu reforçar a velha lógica que tanto desacredita a política no estado: a lógica de que, no Rio, quando um deputado cai, não é a Justiça que o resgata — é a própria Alerj que o puxa de volta pela mão.

A sociedade fluminense, já exausta das conexões entre política e esquemas ilícitos, merecia mais. Merecia um Parlamento que estivesse à altura de suas crises — e não um que insiste em ser parte central delas.

Da redação por Jorge Poliglota…

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