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Alcolumbre ignora o Planalto e impõe 10 de Dezembro: A sabatina de Jorge Messias vira teste de força — e de humilhação política

A novela da indicação de Jorge Messias ao STF ganhou um capítulo que o governo Lula preferia fingir que não existia. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, simplesmente decidiu que a sabatina será no dia 10 de dezembro, e ponto final. Não adiantou o Planalto pedir “mais tempo”, “mais articulação” ou qualquer outro eufemismo para “estamos com medo do Senado”.

Alcolumbre ouviu o pedido — e tratou como quem escuta uma buzina estragada. Não deu um milímetro. E fez questão de reforçar que o calendário não segue a conveniência do governo, mas a conveniência dele.

O gesto é tão simbólico quanto calculado. Alcolumbre sabe que Messias ainda não conseguiu consolidar apoios, sabe que o Planalto está correndo atrás de votos que não tem, sabe que a articulação é frágil — e mesmo assim marcou a sabatina no limite do impossível. É como se dissesse, com a elegância de um trator desgovernado:
“Se virem.”

A ironia é que, tecnicamente, o governo até tem maioria potencial na CCJ. Na prática? Parece não ter maioria nem para escolher o sabor do café servido nas reuniões. A indicação de Messias — que deveria ser a mais tranquila do mandato — virou uma corrida desesperada, atropelada e, agora, humilhante.

No Senado, o recado soou alto: Alcolumbre não trabalha sob encomenda do Planalto. Ele não troca a pauta da CCJ por afagos, não adia sabatina para agradar ministro, e muito menos ajusta o ritmo da Casa à ansiedade do governo. E ele fez tudo isso sem levantar a voz, apenas cravando a data como quem carimba um protocolo — uma demonstração de poder silenciosa, mas devastadora.

Do lado de Lula, a derrota é dupla. Primeiro, porque expõe uma articulação política que tropeça no próprio cadarço. Segundo, porque deixa evidente que a relação com o Senado, apesar das tentativas de apaziguamento, está longe de ser controlada. Ao pedir mais tempo e receber um “não” seco, o Planalto acabou revelando o que tentava esconder: não controla o jogo, não controla a base e não controla nem a própria narrativa.

Agora, o governo corre contra um relógio que não foi ele que programou. Messias terá pouquíssimos dias para fazer o que deveria ter feito ao longo de semanas: negociar cada voto, driblar resistências, implorar apoios e tentar sobreviver a uma sabatina que já nasce politicamente envenenada.

Alcolumbre, por sua vez, assiste de camarote. Mantém o semblante institucional, mas saboreia o momento: colocou o governo na defensiva, expôs fraquezas e reafirmou seu próprio peso político. Tudo isso sem precisar levantar a voz ou bater na mesa — bastou não mexer a data.

Se havia alguma dúvida sobre quem manda na CCJ, ela se dissolveu. E se havia alguma expectativa de que o Planalto conduziria a indicação de Messias com tranquilidade, ela evaporou.

Dia 10 de dezembro não será apenas uma sabatina. Será um termômetro brutal de força — ou de fragilidade — do governo perante um Senado que, definitivamente, não está disposto a brincar de obedecer.

Da redação por Jorge Poliglota…

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