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A guerra fajuta do Guarujá: É por vidas ou por política?

Nesse final de tarde aqui em Orlando, nos Estados Unidos, com o sol parecendo aquele ouro avermelhado e me encontrando relaxado, me veio a mente o seguinte: eu nunca imaginei que fosse presenciar no meu país o que vi em áreas colapsadas pela guerra. Mas o que podemos esperar disso? Vamos a alguns fatos?

Bom, posso garantir a vocês que há diversas áreas dentro do Brasil que estão se tornando piores do que os espaços de conflito em que trabalhei no mundo.

E estou falando de períodos pós-guerra, hein! Tanto como operador da ONU, como consultor e especialista internacional, ou apenas como um mero observador/pesquisador de segurança. Querem exemplos? Então vamos lá…

Vamos falar inicialmente de Angola, onde trabalhei em 1997 e 1998, em dois períodos distintos de missão de paz representando o Brasil.

Eu não passava de um pretinho magricela, 1º. colocado em um concurso interno da PM, policial mais jovem da história a representar o Brasil em uma Missão de Paz.

Lá, vi guerrilheiros vindos da comunidade, abandonados por seus exércitos perdedores, e se tornando os piores criminosos daquele território.

No segundo semestre de 2012, já mudando de ares, me vejo no México, para dar aulas a autoridades policiais e militares mexicanas, semanas depois de três policiais serem mortos por quem dominava o comércio de drogas, logo após traficantes serem presos naquele mesmo centro de viagens aéreas.

Depois desse fato, diferentemente do anterior, o mundo viu o México de uma outra forma.

Em ambos os casos, resumindo, eu estava vendo armas clandestinas nas mãos de tropas contrárias a um regime econômico ou político.

Vi pessoas amedrontadas pelos bandos errantes da guerra ou por narcotraficantes surpreendentemente ricos com seu comércio da morte. Mas também presenciei truques midiáticos e malabarismos jornalísticos com palavras.

Esses vindo de quem desejava ser reconhecido por falar do que não sabia, ou aplaudido por expor a realidade de comunidades, sem sequer estar próximo da desolação dos afligidos pela guerra. Alguma semelhança com o que está ocorrendo em São Paulo?

Hoje, no Brasil, temos que conviver com a MENTIRA DO GUARUJÁ. Um local que se tornou importantíssimo para a economia do narcotráfico. Como diversos outros, onde se finge não haver um mini México ou uma micro Angola.

Pseudo especialistas juram que o crime tem razões sociais que devem ser altamente relevantes, tudo para tentar justificar a morte e os ataques contra profissionais de segurança dedicados a defender famílias. Por que? Porque é politicamente correto, oras.

Ao mesmo tempo, as razões de defesa continuam esquecendo que o primeiro a ser ouvido deve ser o cidadão assolado pelo crime; e depois ingressariam quais quer outras razões, caso existam.

E você? O que acha? O que prefere: o politicamente correto ou sua vida e de seus familiares devidamente protegidos por quem realmente tem a obrigação de fazê-lo?

*Leonardo Sant’Anna é especialista em Segurança Pública e ex-consultor ONU/Pearson Center Europa, África e Ásia.

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