Em bateria perfeita, surfista brasileiro faz história ao conquistar o lugar mais alto do pódio na primeira disputa da modalidade em um programa olímpico. Japonês ficou com a medalha de prata. Bronze foi para australiano que venceu Medina
A história está escrita e o primeiro ouro brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 veio das águas do Japão. Na primeira disputa do surfe no programa olímpico, Ítalo Ferreira colocou a medalha no peito ao confirmar o favoritismo do Brasil e ficar com o lugar mais alto no pódio. A conquista veio com uma bateria perfeita diante do japonês Kanoa Igarashi, com direito à troca de prancha quebrada. Ao fim, vitória verde e amarela por 15.14 a 6.60.
Apesar da boa bateria, Ítalo viveu um problema logo nos segundos iniciais. Na primeira manobra, o brasileiro bateu na onda e viu sua prancha partir ao meio. Ele precisou ir à beira da praia pegar um novo equipamento. Enquanto isso, Igarashi permaneceu no mar em busca de boas ondas. Em velocidade, o japonês conseguiu encaixar uma manobra e pulou na frente do placar com um 3.83.
De prancha nova, Ítalo mostrou o mesmo domínio nas águas japonesas. Firme, o brasileiro entrou de frontside, encaixou uma excelente sequência de manobras e recebeu um 7.0 pelo feito, somando 8.70 no geral e pulando na frente. Poucos minutos depois, o surfista tupiniquim achou outra boa onda e trocou a pior nota que tinha. No somatório, chegou a 12.50 e jogou toda a pressão para o japonês.
Kanoa mudou o posicionamento no mar atrás de ondas, mas tinha dificuldade de pegá-las. Remando, o brasileiro levou alguns minutos, mas voltou a dropar em uma boa manobra. Porém, não conseguiu trocar a nota mais baixa. Em missão ingrata pela soma geral, o japonês não manobrava a ponto de incomodar. Inspirado, Ítalo entrou de backside e levou 7.7 para encaminhar a medalha dourada.
Nos dez minutos finais, o japonês seguiu sem objetividade e caía nas tentativas de manobra. Assim, a cada segundo, a conquista verde e amarela se aproximava mais. Dono do mar de Tsurigasaki na decisão, Ítalo Ferreira percorreu a área de prova em busca de ondas favoráveis. Ela veio e fez a vantagem subir ainda mais. Nos minutos finais, o brasileiro apenas aguardou para vibrar pela conquista ainda na água.
O histórico pódio da primeira disputa do surfe em uma disputa de Olimpíadas terminou com três bandeiras diferentes em destaque entre os primeiros colocados. Além do ouro brasileiro conquistado por Ítalo Ferreira e a prata alcançada pelo japonês Kanoa Igarashi, o australiano Owen Wright ficou com o bronze após vencer Gabriel Medina, minutos antes da disputa final.
Campanha de Ítalo
Ítalo Ferreira fez uma disputa praticamente impecável rumo à medalha de ouro no mar da praia de Tsurigasaki, a cerca de 100 quilômetros de Tóquio, sede dos Jogos. No dia inaugural das disputas, no último sábado (24/7), o brasileiro venceu a primeira bateria da histórica olímpica da modalidade contra o italiano Leonardo Fioravanti, o japonês Hiroto Ohhara e o argentino Leandro Usuna.
Durante as baterias disputadas em terras japonesas, o surfista brasileiro apresentou diversas manobras com alto grau de dificuldade. Em uma delas, nas quartas de final, chegou a estabelecer a maior nota olímpica com 9.73 em uma manobra. Na mesma disputa, Ítalo havia estabelecido o maior índice geral. Na sequência, ele acabou superado por Igarashi, que fez 17.00 na disputa semifinal contra Gabriel Medina.
Nas oitavas de final, Ítalo tirou Billy Stairmand, da Nova Zelândia. Nas quartas, a vítima do integrante da Brazilian Storm foi o francês Michel Bourez. Na semifinal, o brasileiro despachou o australiano Owen Wright. Na primeira final da modalidade na história dos Jogos Olímpicos, o surfista tupiniquim garantiu a grande conquista depois de superar o japonês Kanoa Igarashi.
Fonte: CB