De acordo com porta-voz da PM mineira, grupo faria um roubo a banco na cidade; foram apreendidos explosivos, coletes balísticos e armamento pesado
A Polícia Militar de Minas Gerais, a Polícia Rodoviária Federal e o Batalhão de Operações Especiais da Polícia fizeram uma operação conjunta em Varginha, no interior do Estado, que resultou na morte de 25 suspeitos. De acordo com as autoridades mineiras, a quadrilha planejava um assalto a banco no estilo novo cangaço (modalidade em que o bando sitia a cidade, arma barricadas para dificultar a ação da polícia e, muitas vezes, usam reféns como escudo humano). “Provavelmente, foi a maior operação referente ao novo cangaço aqui no país. Muitos infratores fariam um roubo a banco, provavelmente amanhã, ou hoje, mas foram surpreendidos pelo novo serviço de inteligência. Resultou na apreensão de um forte armamento, além de explosivos e coletes balísticos”, informou a capitão Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar.
Segundo a PRF, a ação ocorreu em dois momentos diferentes. Primeiro, a quadrilha atacou a força-tarefa da polícia e, após troca de tiros, 18 suspeitos morreram. Os policiais, então, foram para uma chácara, onde encontraram o restante do bando. Houve novo tiroteio, que resultou na morte de outros sete suspeitos. “Além disso, vários criminosos estão sendo socorridos”, acrescentou Brunnela. Desde o início da pandemia, quadrilhas têm investido no novo cangaço. Ações deste tipo ocorreram recentemente em Criciúma (SC), Cametá (PA), Araraquara (SP e Araçatuba (SP).
Coronel reformado da PM vê treinamento militar em ações do novo cangaço: ‘Fala-se até em mercenários’
Para José Vicente, quadrilhas especializadas em roubos a bancos cinematográficos não fazem parte do núcleo principal de facções como o PCC, apesar de se associarem a elas em algumas ocasiões
O coronel reformado José Vicente deu entrevista ao Headline News – Reprodução/Jovem Pan
Para o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo José Vicente, as quadrilhas especializadas na modalidade de crime novo cangaço não fazem parte do núcleo principal de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Em entrevista à edição deste domingo, 31, do Headline News, da Jovem Pan, Vicente disse acreditar que criminosos como os que agiriam em Varginha, no interior mineiro, preparam-se especificamente para este tipo de assalto têm treinamento militar. “Nós vimos tambores de combustíveis para incendiar prédios e veículos, dificultar a ação da polícia. Se não houvesse um competente trabalho da polícia, a cidade [de Varginha], com guarnições [de polícia] limitadas, iria ficar exposta a uma tremenda violência. Eles montaram um aparato de guerra, não estavam para brincadeira. Naturalmente, devem ter um tipo de assessoria de um pessoal vinculado às Forças Armadas. Falam-se até, com um certo exagero, que mercenários de outros países estariam por trás disso. Esses grupos não fazem parte principal das grandes facções brasileiras, que lucram muito mais com baixo risco, através do tráfico, contrabando e jogo clandestino”, disse o coronel.
“Os grupos podem até se vincular a algumas facções para obtenção de aluguéis de armas, busca de parceiros com conhecimento de armamento etc. Usa-se muito o ambiente de facções para buscar informações e recursos. Mas eles não fazem parte [do núcleo] principal das facções. As facções sabem que existem iniciativas próprias [do novo cangaço] e oferecem apoio em troca de remuneração”, acrescentou o coronel, que destaca o trabalho de inteligência da polícia. “O trabalho de inteligência tem exatamente essa função: descobrir o que vai acontecer e, a partir daí, estruturar uma reação mais potente, mais organizada, capaz de neutralizar a ação dos criminosos.”
Vicente destaca que, agora que a quadrilha foi desmantelada, a polícia precisa se concentrar na obtenção de informações para, cada vez mais, conseguir prever esse tipo de crime. “A partir de agora, entra o trabalho de investigação. Polícia Civil tem um papel extremamente importante. Delegacia não é para registrar furto de bicicleta. Ela tem que ser extremamente organizada para alcançar os criminosos mais perigosos. Casos como esse permitem obter uma série de informações, como DNA, pessoas ligadas aos criminosos. O sistema de inteligência sempre busca as relações. Foi dado um recado importante: ‘Se vocês se armarem, estarão sujeitos a um encontro com os policiais, que darão uma resposta à altura’.”
‘Foi dada a resposta necessária’, diz porta-voz da PM após operação que deixou 25 mortos em Varginha
Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal interceptaram quadrilha que planejava um assalto a bancos na cidade
Capitã Layla Brunella detalhou operação em entrevista à Jovem Pan News
A porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, Capitã Layla Brunella, detalhou a operação que terminou com a morte de 25 suspeitos em Varginha, no interior do Estado, neste sábado, 31. Em entrevista ao Headline News, da Jovem Pan, ela explicou que a quadrilha planejava um assalto a banco no estilo novo cangaço nos próximos dias. A ação teve o apoio da Polícia Rodoviária Federal e do Batalhão de Operações Especiais da Polícia. “Os nossos serviços de inteligência monitoraram essas quadrilhas de maneira conjunta e chegaram a um denominador comum da possibilidade de ocorrência desse delito”, afirmou. “Nós fomos recebidos a tiros em dois pontos diferentes aqui na cidade de Varginha e foi dada a resposta necessária para conter essa agressão. Lembrando que a gente tem essa preocupação com a vida do cidadão de bem, que seria – provavelmente durante a noite ou nos próximos dias – alvo da ação desses criminosos”, declarou a porta-voz. “Os nossos agentes agiram de pronto, com todas as informações da inteligência, e impediram que uma barbárie, como já aconteceu em outros Estados, se repetisse aqui em Minas”, completou. A capitã Layla Brunella informou que, além do armamento pesado, foi encontrado um grande número de galões de combustível e explosivos, que serão detonados no local onde os suspeitos estavam localizados. Segundo a PM, nenhum agente foi ferido na ação.
Assista a partir do minuto 4’49
Fonte: JPan