Frustrada a negociação com o PP, o PSL caminha para formalizar a fusão com o DEM ainda neste mês. Com quase 90 deputados, a nova legenda será titular da maior fatia dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022 e estreia com três pré-candidatos à Presidência da República: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e oapresentador de televisão José Luiz Datena, que trocou o MDB pelo PSL.
Frustrada a negociação com o PP, o PSL caminha para formalizar a fusão com o DEM ainda neste mês. Com quase 90 deputados, a nova legenda será titular da maior fatia dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022 e estreia com três pré-candidatos à Presidência da República: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o apresentador de televisão José Luiz Datena, que trocou o MDB pelo PSL.
Se ninguém recuar da articulação, o anúncio da nova legenda está programado para 21 de setembro. Os caciques do novo partido entram em campo para disputar com o PSD de Gilberto Kassab os passes de Rodrigo Pacheco e do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que deixará o PSDB.
A nova sigla terá perfil conservador, de direita, será liberal na economia, mas com um olhar atento às questões sociais, e caminhará com o postulante da terceira via à sucessão presidencial.
Nascerá com uma bancada de pelo menos 88 deputados – o PSL tem 55, e o DEM tem 33. A fusão não abre janela para o ingresso de novos deputados, mas, em contrapartida, autoriza a saída dos parlamentares sem a perda do mandato. Há o receio de que alguns bolsonaristas-raiz, como o ministro Onyx Lorenzoni (RS), que é
deputado licenciado pelo DEM, deixem o partido.
Somados, os fundos partidários das duas legendas totalizaram cerca de R$ 158 milhões no ano passado, sendo R$ 111,6 milhões (recursos orçamentários e multas eleitorais) da cota do PSL. A esse valor, seria acrescentado o montante do fundo eleitoral, que também é distribuído conforme o tamanho das bancadas.
Uma das premissas do novo partido é o veto à eventual filiação do presidente Jair Bolsonaro. O nome ainda está em discussão – não se descarta a manutenção do Partido Social Liberal (PSL), mas o 17 será substituído, porque o número é associado ao bolsonarismo. Uma possibilidade é manter o número do DEM: 25.
Pelo desenho esboçado até agora, o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, presidirá o novo partido. E ACM Neto, que comanda o DEM, seria o secretário-geral da legenda.
O nome cotado para liderar a nova bancada na Câmara é Elmar Nascimento, exlíder do DEM, e um dos principais aliados de ACM Neto. Nascimento vai assegurar um palanque de fôlego para Neto enfrentar o PT de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo governo baiano.
O presidente do DEM e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, age nos bastidores para barrar novas dissidências na sigla. Perdeu recentemente o vice-governador de São Paulo Rodrigo Garcia, que migrou para o PSDB.
Agora Neto tenta impedir que Pacheco se filie ao PSD, ao mesmo tempo em que tenta atrair Alckmin para a nova sigla. A fundação do PSD em 2011 deixou cicatrizes na relação com o DEM, porque Kassab levou boa parte da bancada para sua nova sigla.
O namoro de PSL e DEM começou na ruptura com Bolsonaro, quando o deputado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), era presidente da Câmara e não havia se desentendido com ACM Neto.
O sinal evidente do avanço da fusão foi dado no dia 7 de setembro, quando as duas siglas assinaram juntas uma nota de repúdio às declarações em tom golpista de Bolsonaro. DEM e PSL cobraram um “basta nas tensões políticas”, respeito à democracia e exortaram: “Coloquemos as mãos à obra”.
O vice-presidente do PSL, deputado Júnior Bozella (SP),diz que as conversas entre as duas siglas estão avançadas. Ele explica que no caso do PSL, o objetivo da fusão é viabilizar o projeto de país que o partido buscou ao abrigar Bolsonaro, mas que depois fracassou.
“Essa fusão dá a possibilidade de ampliarmos a capilaridade da sigla e permite uma discussão mais prudente, mais serena, para colocarmos em execução esse projeto de país que o PSL achou que seria possível concretizar em 2018”, diz o dirigente do PSL.
Até meados de agosto, o PSL também negociava a possível fusão com o PP, do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. O PP tinha entusiasmo com a articulação: o partido nasceria com 100 deputados e seria o carro-chefe do Centrão.
No entanto, os dois partidos não se entenderam na disputa por espaços na eventual fusão. Segundo aliados de Nogueira, que acompanharam de perto as discussões da fusão, o PSL recuou porque teria “ficado com medo de ser engolido pelo Progressistas”.
O novo partido resultante da fusão do DEM com o PSL estreia com quatro governadores: Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás; Mauro Mendes (DEM), de Mato Grosso; Coronel Marcos Rocha (PSL), de Rondônia, muito alinhado a Bolsonaro, e Mauro Carlesse (PSL), do Tocantins.
Ambas as siglas articulam palanques de fôlego para as sucessões estaduais, que podem recepcionar um eventual presidenciável da terceira via. Caiado e Mauro Mendes são fortes candidatos à reeleição.
Em Alagoas, está em curso uma articulação de ACM Neto com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para formar uma chapa de oposição competitiva para enfrentar o grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Na Bahia, ACM Neto enfrentará o ex-governador Jaques Wagner, do PT, tendo o PDT de Ciro Gomes como aliado. No Amazonas, o candidato do DEM é o ex-governador Amazonino Mendes. Em Santa Catarina, o postulante ao governo é o bem avaliado prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, também do DEM.
Em Rondônia, as siglas terão que chegar a um acordo, porque o governador é do PSL. E o DEM quer lançar o nome do senador Marcos Rogério, expoente da tropa de choque governista na CPI da Covid, que lidera as pesquisas locais.
Fonte: Valor Econômico