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Estudos preliminares: Remédio da Astrazeneca combate variantes da covid, inclusive a Delta

Em testes com mais de 5 mil voluntários, injeção intramuscular reduz em 77% o risco de pessoas mais vulneráveis ao Sars-CoV-2 desenvolverem a forma sintomática da doença

O laboratório anglo-sueco AstraZeneca divulgou os resultados de estudo de fase 3 de um tratamento profilático para covid-19 que, segundo o grupo farmacêutico, reduz em 77% o risco de desenvolver a forma sintomática da doença em pessoas sem exposição prévia ao vírus. O medicamento AZD7442, uma combinação de anticorpos, não havia sido eficaz em pessoas que tiveram contato com o Sars-CoV-2, mas a empresa decidiu testá-lo com abordagem preventiva.

Os estudos clínicos foram realizados na Espanha, na França, na Bélgica, no Reino Unido e nos Estados Unidos, com 5.197 pessoas. Aproximadamente 43% dos participantes tinham acima de 60 anos. Além disso, mais de 75% apresentavam comorbidades e outras características associadas a um risco aumentado de covid-19 grave caso se infectassem, incluindo pacientes de doença imunossupressora ou tomando medicamentos que diminuem a imunidade; diabetes, obesidade grave, doenças cardiovasculares, pulmonares, renais ou hepáticas crônicas.

Todos os voluntários foram escolhidos pelo potencial de serem beneficiados pelo tratamento preventivo, seja porque apresentavam comorbidades, ou por serem intolerantes/responderem mal a vacinas. Também foram incluídas pessoas com risco aumentado para infecção por Sars-CoV-2, devido a condições como alta exposição ao vírus no local de trabalho ou moradia. No momento da triagem, os participantes não estavam vacinados e tiveram um exame sorológico negativo no local de atendimento.

Nos testes, os voluntários foram divididos aleatoriamente para receber uma dose única de injeção intramuscular do AZD7442 (3.460), ou placebo salino (1.737). No primeiro grupo, não houve casos de covid-19 graves ou mortes associadas à infecção. Já no braço de controle, foram registradas três ocorrências da forma severa da doença, incluindo duas mortes.

Uso emergencial

“Com esses resultados tremendos, o AZD7442 pode ser uma ferramenta importante no nosso arsenal para ajudar as pessoas que possam precisar de mais do que uma vacina para recuperar uma vida normal”, afirmou Myron Levin, professor da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, responsável pelos testes.

“Precisamos de abordagens adicionais para indivíduos que não estão adequadamente protegidos pelas vacinas para covid-19”, comentou, em nota, Mene Pangalos, vice-presidente executivo de desenvolvimentos de produtos biofarmacêuticos da AstraZeneca. “Esperamos compartilhar mais dados do programa de ensaios clínicos de fase 3 ainda neste ano”, acrescentou.

O laboratório especificou que enviará uma solicitação às autoridades sanitárias para obter a aprovação para uso emergencial, ou uma validação nas condições do tratamento, cujo desenvolvimento é financiado pelo governo dos Estados Unidos. A AstraZeneca foi, também, uma das primeiras a validar sua vacina contra a covid-19. Inicialmente, seu imunizante gerou dúvidas, devido aos raros efeitos colaterais, o que levou alguns países a limitarem seu uso.

Segundo a companhia farmacêutica, uma tecnologia de extensão da meia vida de substâncias no organismo, aplicada via intramuscular, pode garantir que o medicamento proteja contra a covid-19 por até 12 meses. Além disso, descobertas preliminares in vitro de investigadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Columbia demonstram que o AZD7442 neutraliza as variantes virais do Sars-CoV-2 emergentes recentes, incluindo a delta.

“Soberanas” de Cuba

Cuba autorizou, ontem, o uso emergencial de suas vacinas Soberana 2 e Soberana Plus, somando agora três imunizantes desenvolvidos por cientistas do país, e os primeiros da América Latina, informou a autoridade reguladora de medicamentos (Cecmed). Cuba vive, no momento, uma forte incidência de casos de covid-19. Há um mês, o Abdala, outro imunizante cubano, se tornou a primeira vacina concebida e desenvolvida na ilha.

Tubo de ensaio /Fatos científicos da semana

crédito: Revista Plos One/Divulgação

Segunda-feira, 16

Recorde no cálculo do número Pi

A Escola Superior de Ciências Aplicadas (HES) do cantão dos Grisões, no leste da Suíça, anunciou ter batido um recorde no cálculo do número Pi, com 62,8 trilhões de casas decimais. Em nota, a instituição destacou ter alcançado o resultado graças a um computador de alto desempenho que trabalhou durante 108 dias e 9 horas. “É, portanto, quase duas vezes mais rápido do que o recorde estabelecido pelo Google em 2019 e cerca de 3,5 vezes mais rápido que o último recorde mundial, em 2020”, assinalou o comunicado. As últimas 10 cifras do Pi são “7817924264”, informou o HES, frisando que não revelará o número completo até que seja aprovado pelo Livro dos Recordes do Guinness. Pi é o número pelo qual o diâmetro de um círculo deve ser multiplicado para obter sua circunferência, e é impossível saber seu valor exato, pois o número de dígitos após a vírgula é infinito. Para o público em geral, é geralmente equivalente a 3,1415927.

Terça-feira, 17

Fóssil de 72 milhões de anos

Paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa encontraram, em Angola, um dos mais completos plesiossauros já localizados na África. O artigo sobre a descoberta, publicado na revista PlosOne, apresenta o crânio do animal (foto), achado durante escavações na província do Namibe, em 2017, mas só agora revelado. O estudo do réptil marinho, com 72 milhões de anos, foi o resultado do trabalho de mestrado em paleontologia, feito em associação com a Universidade de Évora. “Além de ser o mais completo plesiossauro de África sub-sahariana, o achado é importante porque tem um crânio bem preservado e articulado”, destaca nota divulgada pela Universidade Nova. Semelhante ao mítico monstro do Lago Ness, na Escócia, o plesiossauro elasmosaurídeo podia atingir 20m de comprimento, com cabeças pequenas e pescoços muito longos.

Quarta-feira, 18

Protocolo de Montreal evitou maior aquecimento do planeta
Estudo publicado na revista Nature destacou que o Protocolo de Montreal, que permitiu lutar contra o buraco na camada de ozônio, também evitou um aquecimento adicional do planeta de 2,5ºC aproximadamente até 2100 ao proibir determinados aerossóis. Atualmente situado em 1,1ºC em relação à era pré-industrial, o aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa já provoca catástrofes como ondas de calor, inundações, incêndios, furacões, etc. O acordo foi assinado em 1987 para suprimir progressivamente os gases CFC (usados na refrigeração e nos aerossóis), responsáveis pelo “buraco” na camada gasosa que protege a Terra dos raios que causam câncer de pele, danos oculares e imunológicos. Sem ele, o aquecimento global atingiria os 4ºC, mesmo se os países conseguirem limitar a alta nos termômetros causada por outros gases abaixo de 1,5ºC, um dos objetivos do Acordo de Paris, segundo a pesquisa chefiada por Paul Young, da Universidade de Lancaster.

Quinta-feira, 19

Israel levanta restrições à doação de sangue por homossexuais
Seguindo os passos de vários países ocidentais, Israel anunciou que vai levantar as restrições de doação de sangue impostas especificamente aos homens homossexuais a partir de 1º de outubro. Pela decisão, a proibição vai valer para as pessoas que “tiverem relações sexuais de alto risco com um novo ou vários companheiros” nos três meses anteriores, sem distinção de orientação sexual. Até agora, os homens homossexuais só podiam doar sangue após um ano de abstinência sexual. “A proibição que pesava sobre os homens gays de doar sangue era um vestígio de um estereótipo pertencente ao passado”, opinou o ministro da Saúde, Nitzan Horowitz, que é assumidamente homossexual. A associação para a igualdade de pessoas LGBTQIA+ em Israel elogiou a decisão como “histórica para a comunidade do orgulho e para a sociedade israelense no caminho da igualdade”.

Sexta-feira, 20

Greta na COP-26

Depois de anunciar que não participaria da COP26, a conferência sobre mudança climática, pela falta de vacinação anticovid para todos os participantes, a ativista sueca do clima Greta Thunberg (foto) mudou de ideia. “Ouvi dizer que todos os delegados poderão se vacinar”, disse Greta, acrescentando: “Se isso muda as condições de segurança, então, espero participar.” Previsto para acontecer na primeira quinzena de novembro, em Glasgow, o encontro já está um ano atrasado em relação aos planos iniciais, por conta da pandemia. Atualmente com 18 anos, Greta Thunberg ficou conhecida mundialmente em 2018, por sua greve escolar em protesto contra a mudança climática. A manifestação começou de forma solitária e acabou mobilizando milhares de jovens no mundo todo.

Fonte: CB

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